Economia

CAMINHO NA CRISE

A+ A-

Juros baixos amenizam impactos da crise no setor imobiliário

Para quem tem FGTS ou dinheiro guardado, período é excelente para comprar imóvel

Continue lendo...

O mercado imobiliário pode ajudar a dar um fôlego extra à economia seriamente afetada pela pandemia da Covid-19. Com índices de desemprego e falências indo às alturas, chega a soar estranho dizer que agora é o momento perfeito para investir em um imóvel, mas com juros baixíssimos e condições facilitadas de pagamento, quem tem condições deve aproveitá-las.

Esse recado vale para quem tem algum dinheiro guardado ou até mesmo saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo.. 

Segundo informações da Gazeta do Povo, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse durante uma reunião com congressistas na semana passada que ainda restam cerca de R$ 100 milhões disponíveis para créditos imobiliários no banco. 

A maior instituição financiadora de imóveis no país também aumentou para quatro meses o período de pausa emergencial nos boletos da casa própria, criando uma espécie de carência para quem comprar seu imóvel agora, e uma grande ajuda para quem já está pagando pela casa, terreno ou apartamento.

Soma-se a isso a redução na taxa básica de juros, a Selic. O Banco Central fez um corte em abril e o porcentual chegou a 3% ao ano, mas pode cair ainda mais 0,25% em pouco tempo, informou o jornal paranaense. Essa correnteza deságua nas cobranças das prestações, já que a Selic afeta a Taxa Referencial (TR) e o Índice de Preços ao Consumidor, que são somados nas mensalidades.

Até as entradas estão mais baratas e o porcentual sobre o valor total do bem pode chegar a 5%, enquanto antes da pandemia girava em torno de 20% e 30%. Alguns bancos aplicam índices menores para algumas categorias, como funcionários públicos, por exemplo.

Parte dos recursos que a Caixa usa para emprestar a pessoas interessadas em financiamentos habitacionais vem das captações da poupança. Em abril, o resultado da conta entre os montantes que entraram na caderneta menos os que foram resgatados fechou em R$ 30 bilhões, melhor desempenho dos últimos 25 anos. Em todo o ano de 2019, por exemplo, a captação líquida, como é chamada essa equação, ficou em torno de R$ 13 bilhões.

Resta saber se o público vai corresponder com todas essas facilidades, já que os números do cenário econômico mostram que a situação não está fácil para a maioria. O economista Márcio Coutinho disse ao Correio do Estado que os resultados dessas  medidas não dependem apenas de haver pessoas com dinheiro disponível para gastar, mas da expectativa que elas têm com relação ao futuro.

“Normalmente quem acha que as coisas vão ficar melhores assumirá esse tipo de compromisso neste momento”, explicou.

Coutinho afirma que disponibilizar linhas de crédito é uma solução interessante para a crise, pois isso favorece o retorno ao consumo. “A taxa de juros hoje nunca esteve tão baixa e atrativa. Em termos financeiros é interessante, desde que haja condições de arcar com esses compromissos”, afirma o economista.

A dica que ele dá para quem vai investir em imóveis é comprar desde que o preço realmente esteja mais em conta do que há cinco meses, antes da pandemia cair como uma bomba no mercado financeiro.

PROMISSOR

Na avaliação do presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção Civil em Mato grosso do Sul (Sinduscon), Amarildo Miranda Melo, as facilidades na aquisição da casa própria certamente irão dar fôlego ao setor, que atualmente já tem conseguido manter a empregabilidade apesar da crise.

“Para gerar empregos, nada mais efetivo e rápido como a construção civil. Estamos trabalhando nos bastidores para que, quando sairmos dessa situação, deixemos o caminho pavimentado para gerarmos mais empregos o mais rápido possível”, pontua.

Atualmente, segundo ele, uma ação conjunta com incorporadoras fornece descontos no preço de casas e apartamentos, enquanto a Caixa está oferecendo carência de seis meses para começar a pagar a primeira parcela do financiamento.

SEGMENTO

Queda de 42% em empregos formais expõe apagão de mão obra na construção

Cenário de escassez de trabalhadores pode refletir em aumento no custo de obras, afirmam representantes do setor

20/04/2024 09h00

Grandes obras do Estado demandam profissionais qualificados Gerson Oliveira/Correio do Estado

Continue Lendo...

O saldo de carteiras assinadas nos primeiros dois meses do ano em Mato Grosso do Sul divulgados pelo pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) evidencia o agravamento da carência de mão de obra na construção civil. 

Até fevereiro deste ano o setor acumulou 1,9 mil empregos formais, enquanto no ano passado o saldo foi praticamente o dobro, com 3,3 mil (-42,59%) contratados.

Ainda de acordo com os últimos dados do Caged, no 1º bimestre de 2024 foram criados 10.709 vagas de trabalho no Estado, onde 1.903 correspondem a setor da construção, ou seja, o correspondeu à apenas 17,77%. Na mesma proporção, no ano anterior, ao total 11.296 pessoas foram formalmente admitidas, com uma participação de 29,34% da construção civil do Estado, queda de 11,57 pontos porcentuais entre um ano e outro.

Em janeiro foram 1.214 novas carteiras registradas no segmento da construção. Enquanto no mês seguinte, o segmento contratou 689 novos trabalhadores formais, redução de 43,25%. O resultado foi obtido a partir de 7.047 admitidos contra 5.144 contratos de trabalho encerrados em dois meses, gerando estoque de 35.517. Já no cenário geral do mercado de trabalho foram contabilizados 39.054 pessoas contratadas e outras 33.056 desligadas. O estoque atual de trabalhadores com carteira registrada chega a 668.674 pessoas em Mato Grosso do Sul no acumulado do ano.

Segundo economistas consultados pelo Correio do Estado, mesmo diante da forte redução nas contratações, o setor tem alta demanda por trabalhadores devido à presença de grandes empreendimentos que estão se instalando no Estado.

A cidade de Ribas do Rio Pardo é um exemplo que se destaca, com saldo de 366 vagas na construção no mês de janeiro, como consequência da fase de edificação de fábricas. “Esse é efeito da vinda das grandes empresas como a Suzano e também grandes redes da construção civil”, avalia o doutor em Economia Michel Constantino.

O mestre em Economia Lucas Mikael também destaca outra grande obra que impacta amplamente o segmento. “Os investimentos na Rota Bioceânica e nas indústrias de celulose impulsionam a economia local, tornando o Estado uma opção atrativa tanto para investimentos industriais quanto para residência de trabalhadores futuros”, exemplifica.

 

Saldo de empregos na construção civil Saldo de empregos na construção civil 

SETOR

Diante do cenário, o risco de um apagão por falta de mão de obra se torna cada vez mais evidente. Conforme os representantes do setor, a falta de mão de obra começou em 2018, mas ganhou força durante pandemia, quando muitos profissionais decidiram se aposentar ou trocar o serviço pesado da construção por trabalhos informais, como o de motorista por aplicativo.

Os empresários do setor demonstram-se preocupados com o cenário atual. “A falta de pessoas para atender a demanda por mão de obra no setor da construção, atinge não somente as funções que exigem maior qualificação, mas também nas de menor exigência em qualificação, como as funções mais básicas de entrada no setor como servente e ajudante”, detalha o presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS), Kleber Luis Recalde.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campo Grande (Sintracom), José Abelha Neto, atribui a carência de profissionais ao momento de crescimento que o Estado vivencia. 

“Hoje o problema de mão de obra está acontecendo devido a esse “boom” de novas construções, tanto na Capital quanto no interior”, afirma.

Abelha aponta ainda que diversas construtoras trabalham para realizar o lançamento de imóveis. “Incorporadoras estão contratando e encontram dificuldades de encontrar trabalhadores qualificados, pois a procura é muito grande”, explica. 

O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Diego Canzi Dalastra, afirma que a falta de qualificação no segmento é um problema recorrente que vem se agravando nos últimos anos. 

“Trabalhadores de serviços específicos da construção civil como por exemplo, azulejista, eletricista, pintor, calheiro, marmoreiro, essas profissões que exigem um treinamento mais técnico sempre estão em falta”, lista.

Para Dalastra o principal impacto é o aumento do custo da mão de obra. “Lei da oferta e demanda e principalmente o tempo que acaba atrasando os cronogramas por falta de mão de obra”, conclu.

INTERIOR

Para o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS) a ausência de mão de obra também se agrava na Capital pelas obras no interior, e ainda construções de alto padrão em cidades do agronegócio. “A mão de obra de Campo Grande costuma ser mais qualificada e como estas cidades [do interior] estão a todo vapor acabam levando temporariamente a mão de obra da Capital”, salienta.

O presidente do Sinduscon acrescenta que as grandes plantas industriais implantadas no Estado contratam um número impressionante de operários durante a fase de construção. “De modo inexorável desequilibra ainda mais a relação entre a oferta e a demanda de mão de obra no setor”, reforça.

Para Neto, a expansão da construção ocorre em massa por todo Estado, porém, cidades do interior como Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia e Paraíso das águas se destacam. “Hoje a gente sabe que a fábrica da Suzanno emprega 12 mil trabalhadores. Muitos desses vêm de outros estados para completar o quadro aqui, justamente pela ausência de mão de obra”, relata.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destaca que o mercado da construção civil em Mato Grosso do Sul está extremamente ativo não só por causa das indústrias, mas o mercado residencial também com a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida.

“O problema não é oferta e sim o profissional estar disposto, pois o que acontece é que a pessoa que é servente não quer continuar nessa posição, ele quer melhorar. E outro grande problema é que não estamos conseguindo inserir o jovem nessa profissão”, analisa.

Verruk ainda afirma que o Estado continuará criando novas vagas para a área e por consequência gerará o encarecimento da mão de obra, exigindo uma melhor realização, devido à inexistência dessa mão de obra.
No âmbito da qualificação o secretário destaca que governo seguirá com as ações. “A gente vai continuar oferecendo esses cursos no ramo da construção, que é eletricista, azulejista entre outros”, finaliza.

 

ASSINE O CORREIO DO ESTADO 

IBGE-Pesquisa

Rendimento médio per capita de MS é o maior da série histórica

Em 2023, ocorreu um crescimento de (6,5%), estimado em R$ 1.990,00

19/04/2024 16h20

Conforme a pesquisa (64%) da população tinha algum rendimento, colocando o Estado como 8º maior no ranking entre as Unidades da Federação Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou nesta sexta-feira (19) os valores dos rendimentos domiciliares per capita, referentes ao ano de 2023, com base nas informações referentes a Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios Contínua - PNAD Contínua.

O rendimento médio per capita domiciliar em Mato Grosso do Sul é o maior da série histórica (6,5%), estimado em R$ 1.990.

Durante a pandemia de Covid-19, o rendimento per capita diminuiu para (5,6%), em 2020 e (8,3%) em 2021, estimado em R$ 1.639, o 2º menor valor da série. Em 2022, o rendimento médio domiciliar apresentou crescimento (12,3%) sendo estimado em R$ 1.868.

Conforme a pesquisa (64%) da população tinha algum rendimento, colocando o Estado como 8º maior no ranking entre as Unidades da Federação. Com relação à renda em 2023, o indicativo apontou 2,8 milhões de pessoas residentes em Mato Grosso do Sul desempenham alguma atividade, enquanto em 2022 o quantitativo era de 2,5 milhões. 

Rio Grande do Sul lidera com (70,3%) e em nove oportunidades apresentou a maior estimativa da série histórica iniciada em 2012, enquanto Acre e Amazonas, as menores (51,5% e 53,0%, respectivamente). 

Rendimento

O levantamento aponta que em 2023, o número de pessoas que possuíam rendimento, levando em consideração todas as modalidades de trabalho, em Mato Grosso do Sul correspondia a  50,4% da população residente (1,4 milhão de pessoas).

"Rendimento relacionado a outras fontes foram de  22,3% (631 mil) dos residentes possuíam, em 2023, alguma fonte de rendimento diferente de trabalho, enquanto, em 2022, essa estimativa era de 21,3% (595 mil)". 

 

Assine o Correio do Estado


 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).