Economia

DEPÓSITOS JUDICIAIS

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Lei que autorizou saque de R$ 1,4 bilhão é inconstitucional

Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional lei de Mato Grosso do Sul que autorizou governo estadual sacar mais de 80% da conta única.

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O conjunto de leis complementares estaduais que tem autorizado o saque de mais de R$ 1,4 bilhão da conta única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul pelo Poder Executivo, desde 2015, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (8), por 8 votos a 1.

Em setembro de 2015, a Lei Complementar 201 autorizou o Poder Executivo a sacar 70% do total de recursos que havia na conta única do Tribunal de Justiça. Na época, havia um saldo de R$ 2,02 bilhões na conta, e foram retirados R$ 1,419 bilhões.  

A lei condicionava que os recursos sacados da conta - que reúne todos os depósitos feitos para garantir os valores demandados no litígios que tramitam no tribunal - fossem utilizados exclusivamente para recompor o regime próprio de previdência dos servidores públicos, pagar a dívida pública ou pagar os precatórios. Não há um balanço sobre a destinação destes recursos.  

Tal lei levou na época, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a ingressar com ação direta de inconstitucionalidade contra a lei complementar. Na ocasião, ele alegou competência privativa da União para legislar sobre o assunto (disciplinar o funcionamento do sistema financeiro nacional) , e ainda classificou a iniciativa como uma tentativa de realizar um “empréstimo compulsório” em detrimento das partes judiciais, com direito a levantamento imediato dos valores judiciais.  

Em 2018, uma outra lei complementar, a 247, ampliou o limite de saque na conta única do Tribunal de Justiça, que passou a ser de  80%. Na época, havia aproximadamente R$ 800 milhões na conta única, e a lei complementar permitiu a liberação de R$ 583 milhões que a Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) havia depositado em juízo, em processos ambientais. Na ocasião, aproximadamente metade dos recursos foram para o caixa do governo, e o restante, para os municípios que sofreram danos ambientais na construção da usina de Porto Primavera.  

Em 2019, uma nova flexibilização no uso dos depósitos, levou o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil a ingressar com uma nova ação direta de inconstitucionalidade no STF. Na ocasiao, os limites do saque foram novamente expandidos, e a obrigação do Tribunal de Justiça foi a de manter 20% do saldo devedor do governo do estado na conta única. O saldo da conta única, sempre que solicitado depois do primeiro saque, nunca foi informado oficialmente.  

Votaram com o ministro relator do julgamento das duas ações diretas de inconstitucionalidade, Alexandre de Moraes, os ministros Ricardo Lewandowski, Carmem Lúcia, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux e Celso de Mello. O único voto divergente foi o do ministro Marco Aurélio.  

CRISE

O julgamento ocorre em um momento difícil para os cofres de Mato Grosso do Sul. Neste mês, a expectativa é que a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja R$ 250 milhões menor por causa da crise causada pela desaceleração da economia, por causa da pandemia do coronavírus. O governo do Estado espera receber, ainda neste mês, ajuda federal de aproximadamente R$ 700 milhões. Para que ela chegue, porém, ainda é necessário que o presidente Jair Bolsonaro sancione projeto de lei aprovado nesta semana pelo Congresso Nacional.

Em setembro de 2015, o uso de parte dos depósitos judiciais também foi liberado para ajudar estados e municípios. A lei federal da época, porém, liberava que os saques de até 70% do valor depositado, ocorresse nas ações em que o poder público (estado ou prefeituras) eram partes dos processos. Até ontem à noite, ainda não havia posição oficial do governo sobre o julgamento.

COMEMORAÇÃO

As entidades representativas dos advogados, no Estado, comemoraram a decisão. “Garante ao jurisdicionado a certeza de que eventuais discussões feitas no judiciário terão garantidos os recursos ali depositados. Não haverá risco algum, daqui para frente, da utilização desses valores a quem quer que seja, ficando reservados somente a uma das partes vencedoras do feito”, afirmou Mansour Karmouche, presidente da OAB-MS.  

“A decisão que declarou a inconstitucionalidade da lei que permitia a transferência de depósitos judiciais para o Estado foi uma grande vitória não só da democracia, mas da sociedade como um todo. Isso porque não cabe ao Estado utilizar dos depósitos judiciais como se fossem receitas públicas”, disse José Antônio Argirin, presidente Associação dos Novos Advogados de Mato Grosso do Sul.

FOLHA DE PAGAMENTO

Estado gasta mais com funcionários inativos e pensionistas que com ativo

Conforme relatório, aposentados e pensionistas custam R$ 317,2 milhões mensais a MS e servidores R$ 286,8 milhões

23/04/2024 09h00

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O governo do Estado de Mato Grosso do Sul tem empenhado cerca de 10% a mais com a folha salarial de aposentados e pensionistas no comparativo com funcionários ativos. Os dados constam no relatório de avaliação atuarial 2024 do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). 

Conforme o documento, elaborado pela Brasilis Consultoria Atuarial, são 32.030 servidores ativos em Mato Grosso do Sul, outros 24.685 aposentados e 4.336 pensionistas civis. Constam ainda os militares, que são 6.082 ativos, 4.456 inativos e 1.058 pensionistas.  

Somados, aposentados e pensionistas recebem R$ 317,232 milhões, enquanto os  funcionários atuantes  (ativos) despendem despesa de R$ 286,838 milhões mensais ao ente federado. 

Ainda segundo o relatório, o salário médio de aposentados e pensionistas é maior que dos funcionários que trabalham atualmente. Sendo a média de inativos, R$ 11,196 mil; dos pensionistas, R$ 9,419 mil; e dos servidores da ativa de R$ 8,955 mil. 

No total, são R$ 604,070 milhões destinados à folha de pagamento de 61.051 funcionários públicos, entre ativos e inativos. 

Com a folha salarial dos militares é possível identificar o mesmo cenário. Apesar de o número de servidores da ativa ser maior, como a remuneração média de aposentados e pensionistas é maior, o valor mensal pago ao grupo de inativos é maior. 

Os militares da ativa recebem, em média, R$ 9,259 mil mensais, enquanto aposentados recebem R$ 11,594 mil e pensionistas, R$ 8,340 mil. Somados, os rendimentos de aposentados e pensionistas resultam em despesa de R$ 60,490 milhões mensais, ante os  R$ 56,315 milhões aos militares ativos. 

 

Fonte: Brasilis Consultoria Atuarial 

Ao todo, a folha de pagamento dos militares chega a R$ 116,805 milhões mensais. 

Em entrevista concedida ao Correio do Estado no mês passado, o secretário de Estado de Administração (SAD), Frederico Felini, explicou que a previdência é uma questão problemática de toda administração pública. 

“Hoje, nós temos, entre ativos e inativos, aproximadamente 80 mil servidores e pensionistas. No orçamento deste ano, há uma previsão de gasto de mais de R$ 4 bilhões com a Previdência estadual. Estamos trabalhando em contenções nesses primeiros meses do ano, buscando maneiras de reduzir esses valores.

Atualmente, o déficit previdenciário de Mato Grosso do Sul está em torno de R$ 12 bilhões”, afirmou Felini em entrevista publicada dia 23 de março.

O secretário ainda pontuou que atualmente o Estado aporta recursos além da sua cota para tentar conter o déficit.

“O Estado vem aportando aproximadamente R$ 3 bilhões por ano a mais do que seria a obrigação legal, para conter o aumento desse déficit. E essa é uma discussão que já está sendo feita com o parlamento estadual, até porque é necessário que isso seja posto de forma legal, com o intuito principal de não comprometer os servidores”.

ALÍQUOTA

A contribuição para a previdência estadual é de 14% para todos os servidores desde 2021. Os aposentados e pensionistas protestam, desde então, por uma redução da contribuição. 

O titular da SAD disse que a redução dessa alíquota comprometeria a saúde fiscal, a responsabilidade legal do Estado, e poderia levar a um rombo futuro ainda maior. “Por isso, o governo aumentou sua contribuição, como mais um esforço para equacionar essa conta, zerar o deficit e, então, discutir reduzir alíquota”, concluiu Felini.

Para minimizar o impacto aos inativos, o governador Eduardo Riedel (PSDB) sancionou a lei que cria um auxílio médico social para aposentados e pensionistas do Estado, no valor de R$ 300 por mês. 

O benefício será para aposentados e pensionistas dos órgãos da Administração Direta, das autarquias e das fundações do Poder Executivo Estadual, que recebam proventos ou pensão da Previdência do Mato Grosso do Sul (MSPREV), até o valor do teto do INSS, hoje em R$ 7.786.01. Ao todo 11.150 servidores (inativos) serão contemplados.

“O governador Eduardo Riedel nos orientou para pensarmos nas pessoas com menores salários. Dessa forma, criamos este auxílio médico social que é uma forma de atender o pleito”, destacou o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Rodrigo Perez.

O benefício tem caráter indenizatório e não se incorpora aos proventos ou pensão para nenhum fim e não é computado para efeito de cálculos de gratificação, adicionais ou outros acréscimos.

A lei estabelece que na hipótese de pensão por morte seja concedida a mais de um dependente, o benefício será dividido de forma proporcional às cotas concedidas. 

 

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Economia

Não houve invasão externa em sistema do Tesouro, diz Haddad

Segundo ele, alguém com acesso à ferramenta tentou desviar recursos

22/04/2024 19h00

Reprodução: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Não houve ataque externo na invasão ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), do Tesouro Nacional, disse nesta segunda-feira (22) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, alguém usou o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a senha do Portal Gov.br de gestores de despesas para entrar no sistema e supostamente desviar recursos federais.

“Não foi um hacker que quebrou a segurança [do Siafi], não foi isso. Foi um problema de autenticação. É isso que a Polícia Federal está apurando e está rastreando para chegar aos responsáveis”, declarou o ministro antes de sair para reunião no Palácio do Planalto. “O sistema está preservado. Foi uma questão de autenticação. É alguém que tinha acesso.”

O ministro disse não saber sobre valores supostamente desviados e disse ter recebido a informação assim que a imprensa começou a divulgar o caso. “Não tenho informação sobre valores. Isso estava sendo mantido em sigilo inclusive dos ministros. Estava entre o Tesouro [Nacional] e acho que a Polícia Federal. Eu soube no mesmo momento em que vocês”, disse, reiterando que não houve ataque externo de hackers ao sistema.

Divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo, a invasão do Siafi ocorreu neste mês. Os criminosos supostamente conseguiram emitir ordens bancárias e desviar dinheiro público usando o login de terceiros no Portal Gov.br.

O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. No fim desta tarde, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informou ter entrado na investigação e estar acompanhando o caso “em colaboração com as autoridades competentes”.

Tesouro

Em nota emitida no início desta noite, o Tesouro Nacional confirmou a afirmação de Haddad de que o Siafi não foi invadido, mas que ocorreu uma utilização indevida de credenciais obtidas de modo irregular. Segundo o órgão, as tentativas de realizar operações na plataforma foram identificadas e não causaram prejuízos à integridade do sistema.

O órgão acrescentou que está tomando todas as medidas necessárias em resposta ao caso, incluindo ações adicionais para reforçar a segurança do sistema. “O Tesouro Nacional trabalha em colaboração com as autoridades competentes para a condução das investigações; e reitera seu compromisso com a transparência, a segurança dos sistemas governamentais e a preservação do adequado zelo das informações, até o término das apurações”, concluiu o comunicado.

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