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Materiais para construção sobem até 150% no Estado e setor teme estagnação

Segmento projeta crescer 4% em 2021, mas falta de insumos pode inibir expansão, aponta Cbic

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O metro quadrado da construção civil em Mato Grosso do Sul custa R$ 1.192,43, segundo o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi). 

Em 2020, o custo ficou 6,68 % maior no Estado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Representantes do setor apontam que o que mais tem pesado no orçamento, tanto dos construtores quanto do consumidor de uma forma geral, são os materiais para construir.

Segundo a Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), os insumos sofreram reajustes que vão de 40% no cimento a 150% nos fios de cobre. 

A reclamação nos custos vem se arrastando desde o início da pandemia, e a situação passou de preocupante para gravíssima na avaliação da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

O presidente da Acomasul, Adão Castilho, explica que houve desabastecimento na cadeia da construção, o que gerou falta de alguns itens e aumento nos valores de outros.  

“O material continua alto e reajustando, não houve estabilidade nos preços porque a demanda continua em alta e a oferta em baixa. Há uma reclamação das indústrias de que esse aumento é por causa da paralisação [da produção] durante a pandemia. Que tiveram que reativar setores e também pela alta do dólar e aumento das exportações. O mercado interno está com a demanda bem aquecida, mas a oferta está baixa”, detalha.  

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Ainda de acordo com o representante da associação, apesar das justificativas da indústria, alguns fornecedores aproveitam do momento. 

“Nada justifica esse aumento absurdo que está tendo. Eu vejo como um aumento abusivo. Os fios de cobre subiram 150%, o cimento e aço em torno de 40%; houve mais de 100% de reajuste nos tijolos para a venda nos depósitos e nas indústrias de cerâmicas em mais de 50%.

A parte de hidráulica, como tubos e conexões, mais de 70% e as telhas tiveram reajuste de 120%. Então, de uma forma geral, o material básico está muito alto”, afirma Castilho.

Crescimento

As projeções para 2021 na construção civil trazem o maior crescimento para o setor em oito anos. 

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento deve avançar 4% no próximo ano, depois de recuar 2,8% em 2020.

Os dados foram apresentados na semana passada, quando a Cbic apresentou um balanço do segmento em coletiva virtual. 

Na ocasião, o presidente da entidade, José Carlos Martins, afirmou já ter alertado o ministro da Economia, Paulo Guedes, que o problema do aumento de preços dos insumos se tornou “gravíssimo”.  

“Falei para o ministro Paulo Guedes que o problema anteriormente era grave, agora, transformou-se em gravíssimo esse aumento de preço”, contou Martins.  

De acordo com o representante da entidade, que representa as associações e sindicatos de todo o País, o desafio da inflação dos insumos é o único potencial “inibidor” da expectativa do setor de avançar 4% em 2021.  

A projeção de crescimento se dá pela posição do segmento, que vendeu mais imóveis em 2020, mas apresentou queda no volume de lançamentos. 

“Nós temos de entregar [obras], estamos ‘vendidos’. Por isso consideramos que a grande ameaça para 2021 é o desabastecimento e o custo dos materiais. Como vamos ter de entregar, um acréscimo de custos pode ter um fardo muito grande nas empresas e nos contratos, com risco de judicialização”, afirmou o presidente da Cbic.

Retração

Em Mato Grosso do Sul, o ritmo das obras já sente a desaceleração. Segundo o presidente da Acomasul, há uma redução de 50% no número de obras em andamento.  

“Estamos reduzindo as construções, porque não queremos repassar isso para quem vai comprar seu imóvel. O pequeno empresário compra aqui diretamente do depósito, do distribuidor local, enquanto o grande empresário compra diretamente da indústria. Estamos amargando esse valor absurdo dos materiais”, justifica Castilho e ainda completa.

“A mão de obra não teve aumento, porque se os preços estivessem em baixa teríamos condições de termos muitas obras em andamento, o que não está ocorrendo. Por conta da falta de materiais, os pequenos empresários reduziram em 50% as construções. Estamos executando imóveis que estavam em andamento e eles estão até 20% mais caros, mas não temos como repassar isso. Não conseguimos enxergar ainda o momento que esses preços vão cair. Porque eles só reduzirão quando a oferta for maior que a demanda. 

E a demanda está alta, porque tivemos uma reação do mercado há alguns meses, quando as vendas cresceram e todos os construtores desengavetaram seus projetos”, concluiu o presidente da Acomasul.

Ao Correio do Estado, o presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção (Sinduscon-MS), Amarildo Miranda Melo, disse em outubro, que a partir da falta de materiais e o aumento de preços das obras, tanto públicas quanto privadas, sofrem com a paralisação.

“Com a falta de materiais, temos um atraso na entrega dessa obra. No caso de obras públicas, por exemplo, isso pode acarretar em uma repactuação de contrato, já que o acertado visava um preço menor ou ainda no abandono dessa construção, que acaba em obra parada e em relicitação”, explica Melo. 

Reformas também ficaram mais caras

Não são só os empresários que perceberam e sentiram o impacto no custo dos insumos da construção civil. Quem decidiu reformar ou começar alguma obra também percebeu a mudança no orçamento.

É o caso da professora aposentada Odete de Jesus Gomes Matheus, 65 anos. Ela conta que em janeiro iniciou uma grande reforma em sua residência e que inicialmente tudo ia bem.  

“Quando iniciei a obra no dia 2 de janeiro de 2020 foi empolgante, pois material e mão de obra estavam com preços bons. Isso permitiu chegar a metade da obra. Mas logo apareceu a pandemia e tudo se transformou em aumentos abusivos tanto de materiais quanto de mão de obra. E também começou a faltar tijolos, ferro e até cimento e quando encontrava era o dobro do preço” relata.  

Odete ainda explica que ferro e outros materiais subiram de 30% a 50%. 

“A mão de obra subiu no mesmo nível [50%]. Os fios de cobre para iluminação quando comprei tinha subido 100% e ainda está na mesma situação de reajuste. Ficou tudo sem controle e cada um aumenta o tanto que quer. 

Eu tinha uma previsão de gastos e simplesmente triplicou e não há nenhuma perspectiva de melhora, pois a insegurança é muito grande em todos aspectos e setores”, complementa a professora.

Economia

Câmara prorroga benefício a setor de eventos ao custo de R$ 15 bi até 2026

Na reta final das negociações, o Ministério da Fazenda conseguiu incluir no texto uma cláusula de segurança que garante o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) caso o custo do programa supere o limite de R$ 15 bilhões

23/04/2024 20h00

Projeto foi aprovado na noite desta terça-feira Divulgação

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O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (23) o projeto de lei que trata de benefícios para o setor de eventos com 30 atividades beneficiadas e teto de R$ 15 bilhões de renúncia fiscal, após negociação do Ministério da Fazenda e líderes partidários da Casa.

A votação foi simbólica, ou seja, quando não há contabilização dos votos. Agora, o texto seguirá para o Senado.

Na reta final das negociações, o Ministério da Fazenda conseguiu incluir no texto uma cláusula de segurança que garante o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) caso o custo do programa supere o limite de R$ 15 bilhões.

O valor não será corrigido pela inflação —mudança que foi feita a pedido do governo pouco antes de o projeto ser votado no plenário. Por outro lado, o Executivo teve que ceder na tentativa de reduzir ao máximo o alcance dos segmentos que poderão ter acesso ao benefício fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, queria limitar o programa a apenas 12 atividades.

Na primeira versão do parecer, havia a possibilidade de o governo enviar um projeto de lei acabando com o programa assim que o teto fosse alcançado e comprovado pelo Executivo. Mas o texto não previa nenhuma segurança de que a proposta seria aprovada pelo Congresso, tornando, na prática, inócuo o limite.

Contrária desde o início à extensão do Perse, a equipe econômica adotou a estratégia de reduzir danos diante da resistência dos deputados em acabar com o incentivo fiscal –um embate travado desde o início do ano e que gerou trocas de farpas entre parlamentares e Haddad. O ministro vocalizou que o programa era uma janela para fraudes e lavagem de dinheiro, o que irritou deputados.

A saída para fechar brechas foi garantir dispositivo que determina que todas as empresas beneficiárias do Perse deverão ser habilitadas pela Receita Federal. Passado o prazo de 30 dias após o pedido de habilitação sem que tenha havido a manifestação do Fisco, a empresa será considerada habilitada. A exigência da habilitação sofreu muitas críticas dos deputados da oposição.

O projeto estabelece que as empresas que estão no regime de lucro real (com faturamento superior a R$ 78 milhões por ano) não terão mais a desoneração do IRPJ e da CSLL a partir de 2025. Esse grupo das maiores empresas do país continuará, no entanto, se beneficiando da alíquota zero do PIS e Cofins.

A proposta do governo previa inicialmente uma reoneração gradual dos impostos federais para as empresas do setor, o que foi excluído pela relatora da matéria. Criado na pandemia e originalmente temporário, o Perse garante alíquota zero dos tributos federais (IRPJ, CSLL e PIS/Cofins) a empresas do setor.

A votação do projeto em plenário nesta terça ocorreu após acordo firmado em reunião mais cedo nesta terça com o ministro Haddad e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças. Os detalhes do acordo foram fechados com o secretário-executivo, Dario Durigan.

De acordo com a matéria aprovada, serão beneficiadas 30 atividades da lista de CNAES (Classificação Nacional das Atividades Econômicas). Pela lei aprovada no Congresso no ano passado, eram beneficiados 44 CNAES. A Fazenda, no entanto, tentou restringir o Perse, reduzindo para 12, em proposta apresentada em março. A relatora, Renata Abreu (Podemos-SP), por sua vez, retomou o número inicial em seu primeiro relatório, divulgado no sábado (20).

“O Perse não é um benefício, é um ressarcimento de um setor que foi impedido de funcionar na pandemia”, disse a relatora durante a sessão.

Após a reunião de líderes, ficou acordado que seriam 29 CNAES. Em plenário, no entanto, Renata anunciou que foi acrescentado na matéria o setor de apart-hotéis.

Após a reunião, mais cedo, Haddad havia indicado que garantido o teto, a quantidade de CNAES era “menos importante”. “Agora, quanto mais foco o projeto tiver, melhor, porque você vai beneficiar quem realmente precisa. Não faz muito sentido abrir demais o espectro de beneficiários”, afirmou.

Na Câmara nesta quarta, o Novo, a minoria e a oposição orientaram contra a medida. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) afirmou em plenário que votaria contrário ao texto apresentado porque defendia o projeto original.

“Nosso voto será não, porque nós preferimos a lei original do Perse com todos os benefícios, com tudo o que foi combinado e assegurado até 2026, sem nenhuma retirada, sem nenhuma exceção, sem nova habilitação em órgão público, mantendo-se a segurança jurídica daquilo que foi combinado para, pelo menos, auxiliar minimamente o que sofreu o setor de eventos na época da pandemia”, disse Marques.

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Economia

Bolsa fecha em queda pressionada por minério; dólar cai após dados dos EUA

Investidores aguardam novos números de inflação e atividade americanos

23/04/2024 19h00

Arquivo/Agência Brasil

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Apesar de ter ensaiado recuperação durante a tarde, a Bolsa brasileira registrou leve queda nesta terça-feira (23), pressionada pelo declínio do minério de ferro no exterior, que derrubou as ações da Vale, a empresa de maior peso do Ibovespa.

As perdas foram limitadas, por outro lado, pelo desempenho do petróleo, que começou o dia em queda, mas avançou ao longo do dia. O barril do Brent engatou forte alta no início da tarde e deu fôlego às ações da Petrobras, outra grande empresa do índice.

Nesse cenário, o Ibovespa recuou 0,33%, fechando aos 125.148 pontos. Na mínima do dia, o índice bateu os 124.310 pontos.

Já o dólar fez o caminho contrário: começou o dia subindo, mas passou a registrar queda ante o real no fim da manhã, seguindo o movimento no exterior. Dados sobre atividade empresarial mais fracos que o esperado nos EUA mostraram queda na demanda e desencadearam uma queda global da divisa.

Nesta terça, a S&P Global informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto de produção dos EUA, que acompanha os setores de manufatura e de serviços, caiu de 52,1 em março para 50,9 neste mês.

"Os dados acabaram vindo piores do que o esperado e trouxeram ânimo para o mercado americano, alívio nos treasuries [títulos do Tesouro americano]. Esses dados de PMI mais fracos mostrando talvez um recuo parcial da atividade econômica nos Estados Unidos, então o mercado americano está reagindo bem forte no dia de hoje", Pedro Moreira, sócio da One Investimentos.

O desempenho do real também é favorecido pela subida do petróleo, que auxilia moedas de países exportadores, como é o caso do Brasil.

Com isso, o dólar registrou baixa de 0,77% ante a moeda brasileira, cotado a R$ 5,129, enquanto o índice DXY, que mede a força do dólar ante outras divisas fortes, recuava 0,38% no fim da tarde.

Nesta semana, investidores aguardam novos números sobre inflação e atividade econômica americanos para alinhar apostas sobre o futuro da política de juros do país.
"O mercado global já havia precificado a economia norte-americana aquecida, esticando muito a piora do cenário, comprando dólar. Como esticou muito, para [a cotação] continuar subindo têm que surgir surpresas de forma recorrente", comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

"Mas hoje os PMIs vieram mais fracos que o esperado", acrescentou Borsoi, ao justificar a continuidade do movimento de correção de baixa do dólar em relação ao real. "Como os preços de mercado esticaram demais, vemos um alívio."

Na quinta-feira (25), também serão divulgados os dados do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA referentes ao primeiro trimestre.

No Brasil, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver menos afrouxamento monetário este ano e no próximo, mostrou a pesquisa semanal Focus, com as estimativas para a Selic ao final de 2024 e 2025 subindo a 9,50% e 9,0%, respectivamente.

Os economistas mantiveram perspectiva de novo corte de 0,5 ponto percentual nos juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), mas probabilidades implícitas em contratos futuros de juros mostram mais de 90% de chance de haver redução menos intensa, de apenas 0,25 ponto.

"A edição mais recente do Focus confirma o que vinha circulando há dias entre os investidores: uma Selic de um dígito no fim deste ano está muito menos garantida do que há cerca de duas semanas", disse a Levante Investimentos em relatório a clientes, citando, para além de incertezas externas, a percepção de risco fiscal doméstico elevado.

"Nas últimas semanas, a interlocução entre Executivo e Legislativo piorou bastante, o que aumenta o risco tanto de aprovação de pautas-bomba pelo Congresso quanto reduz a probabilidade de o governo emplacar medidas que elevem a arrecadação", completou a Levante.

Um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil, em teoria, seria positivo para o real, uma vez que isso preservaria melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros.

Por outro lado, esse impulso poderia não ter efetividade caso fosse motivado por deterioração do risco fiscal, já que esse também é um fator levado em consideração por agentes financeiros na hora de escolher destinos de investimento.

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