Economia

MEDIDA PROVISÓRIA

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Fim da obrigatoriedade de frentistas deve comprometer 5 mil empregos no Mato Grosso do Sul

Proposta prevê autoatendimento nos postos sob a justificativa de custos menores; especialistas não acreditam que combustíveis tenham redução

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Proposta de emenda à Medida Provisória 1.063, que permite a venda direta de etanol entre usinas e postos e dá fidelidade à bandeira de postos de combustíveis, acaba com a obrigatoriedade dos frentistas. 

O texto, de autoria do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) prevê que os postos se adaptem para o autoatendimento. Se a proposta avançar, 5 mil empregos podem ser extintos em Mato Grosso do Sul.

O presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Mato Grosso do Sul (Sinpospetro-MS), José Hélio da Silva, não concorda com a proposição.

“Nós somos contra porque gera um grande desemprego na categoria, em torno de 4,5 mil e 5 mil. Nós achamos também que não é o salário do trabalhador que eleva o preço da gasolina. Nós acreditamos que não vai passar e nossa categoria está trabalhando contra, que é para não desempregar o pai de família”, ressalta.

No Brasil, segundo a Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Fenepospetro), mais de 500 mil trabalhadores ficariam desempregados.  

“Não é verdade, como afirma erroneamente a emenda, que a manutenção dos trabalhadores frentistas eleva o preço dos combustíveis. A Petrobras e o governo são os órgãos que determinam esse valor. O salário dos trabalhadores no preço final é insignificante em relação ao preço dos combustíveis”, afirmou a entidade em nota.

A Lei nº 9.956/2000 obriga os postos a terem frentistas e proíbe os equipamentos de autosserviço no Brasil.  

Ainda de acordo com o presidente do Sinpospetro, o País não tem a cultura de operar o próprio atendimento e que o produto é de elevado risco. “É um produto periculoso, precisa de um treinamento para o manuseio desse produto, e deixar de alguma forma a sociedade sem um preparo para isso, nós somos contra”, acrescenta Silva.

O mestre em economia Eugênio Pavão diz que o tema volta de forma recorrente ao Congresso de tempos em tempos. “Na conjuntura atual, de grande desemprego. É bastante inadequado, pois vai aumentar a porcentagem da população sem emprego, sem uma proposta de trabalho em curto e médio prazo”.

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REDUÇÃO DE CUSTOS

O modelo de autosserviço existe nos Estados Unidos desde a década de 1950 e permite que a venda de combustíveis seja por um preço mais barato. Segundo o deputado, autor da emenda, o objetivo da proposta é justamente reduzir os custos dos postos e, consequentemente, do preço dos combustíveis nas bombas.  

No entanto, conforme o economista Marcio Coutinho, a queda de preços aos consumidores vai depender muito de quanto é a folha de pagamento dos trabalhadores que estão sendo substituídos e quanto a empresa terá de investir para adotar o sistema.  

“Cabe destacar uma situação, os bancos praticamente têm um autoatendimento, as pessoas fazem tudo de casa ou indo ao banco fazem no caixa automático, resolvem toda sua vida e nem por isso as tarifas caíram. Então, tem de pensar em uma série de fatores”, avalia.

Para Pavão, a questão da redução do preço dos combustíveis é bastante delicada. 

“Toda vez que os preços sobem, os empresários buscam repassar para o consumidor. Entretanto, quando existe uma redução no custo, a redução nunca é proporcional. Ou seja, existe o risco desse ‘ganho’ [ao eliminar parte do processo de atendimento] fique em sua maior parte em forma de lucros”.

O economista ainda acredita que a cultura do País é voltada ao atendimento pessoal. “Caso fosse uma máquina, a aceitação seria bem maior, mas o abastecimento envolve grande risco para as pessoas que vão abastecer seu veículo”, destaca Pavão.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) aponta outros pontos como a funcionalidade da bomba de autosserviço.

Uma das questões apontada pela federação é a diferença de tempo de abastecimento entre o posto full service (sistema com frentistas) e o self service (autosserviço).  

“O frentista demora, em média, 2 minutos e 40 segundos para encher um tanque, enquanto que um cliente gasta em torno de 10 minutos, no mínimo 9 minutos, de acordo com uma pesquisa. No contexto no fluxo de vendas do posto, considerando tempo maior de abastecimento, para não cair as vendas seria necessário triplicar o número de bicos de bombas de abastecimento”, ressaltou o presidente da entidade, Paulo Miranda Soares, ao jornal Extra.

NO ESTADO

O economista ainda ressalta que a emenda proposta pelo deputado de São Paulo poderia funcionar na região urbana de Mato Grosso do Sul. 

“A região urbana tem grande número de veículos e demanda pelo serviço de frentistas. Já nas estradas a questão a ser levada em conta é que os caminhoneiros aproveitam o abastecimento para obter outros serviços, como alimentação, higiene, banhos, sendo esse tempo de abastecimento importante para a eficiência do serviço de entrega", analisa Pavão.

"Dessa forma, a proposta em questão se torna bastante polêmica, com vantagens e desvantagens para a sociedade, e o resultado econômico não tão abrangente”, completa.

Ainda conforme o economista, o autosserviço deve afetar apenas o custo fixo das empresas, que engloba salários, seguros contratados, aluguel etc.  

Já para Marcio Coutinho, após um tempo de adaptação, o serviço poderia funcionar no Estado. 

“Agora, em função se isso vai funcionar, se vai dar certo aqui em Mato Grosso do Sul, eu acredito que, sim. Obviamente, existe um tempo, um aprendizado, mas as pessoas querem praticidade. Se for um sistema prático, não vejo motivo para as pessoas não usufruírem desse serviço”, pondera Coutinho.

Mudanças

A Medida Provisória nº 1.063/2021 alterou a Lei nº 9.478/1997 e a Lei nº 9.718/1998, para dispor sobre as operações de compra e venda de álcool, a comercialização de combustíveis por revendedor varejista e a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nas referidas operações. 

PREÇOS

Conforme a última pesquisa realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre 19 e 25 de setembro, o litro da gasolina comum foi vendido em Mato Grosso do Sul a R$ 6, o maior valor já praticado no Estado.

Em Campo Grande, a média está em R$ 5,93, com o menor preço a R$ 5,84 e o maior a R$ 6,08.

Já a gasolina aditivada apresentou média de R$ 6,13 no Estado. Na Capital, é vendida entre R$ 5,93 e R$ 6,18, com média de R$ 6,09.

O litro do etanol hidratado é vendido pelo preço médio de R$ 4,76 no Estado. Em Campo Grande, o combustível fóssil varia de R$ 4,54 a R$ 4,83, com média de R$ 4,64.

O óleo diesel comum obteve média de R$ 4,64 em Mato Grosso do Sul. Na Capital, a média é de R$ 4,55, ficando entre R$ 4,39 e R$ 4,79.

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

Economia

Em meio à crise, presidente da Petrobras descarta aumento de preços dos combustíveis

Na última semana, o presidente Jean Paul Prates confirmou que as etapas para conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, devem ser retomadas no fim deste ano.

18/04/2024 17h23

Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates Thomaz Silva/ Agência Brasil

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Durante um evento no Rio de Janeiro, com foco em "O Fortalecimento da Indústria Naval Nacional e o Setor Energético Offshore", o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, descartou um aumento nos preços dos combustíveis no Brasil a curto prazo.

"Estamos avaliando as condições de mercado. Não há razão nenhuma para aumento agora. Não está sendo avaliado (aumento para as próximas semanas). Estamos monitorando o cenário internacional. Por enquanto não há nada que faça mover. E o preço do petróleo indica isso", relatou ao jornal O Globo, na manhã de hoje (18).

Conforme divulgado pelo Correio do Estado, no início desta semana, a Petrobras anunciou que as etapas para a conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, devem ser retomadas até o final deste ano. A estatal informou que o processo licitatório para o reinício das obras será aberto em dezembro de 2024.

A expectativa inicial é que a unidade comece a operar até o fim de 2023.

Na semana passada, o governador Eduardo Riedel (PSDB) pediu ao presidente Lula que "olhasse com carinho" para a fábrica, que está com as obras paradas desde 2014. O pedido foi feito durante visita do presidente a Campo Grande.

Nesta segunda-feira (15), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou as falas do presidente, em entrevista à CNN, que as obras serão retomadas em breve.  
   

A UFN3, em Três Lagoas, está com as obras paralisadas - ReproduçãoA UFN3, em Três Lagoas, está com as obras paralisadas - Reprodução

Investimentos

De acordo com o presidente da Petrobras, rebateu um dossiê feito na semana passada, contra a permanência dele no comando da estatal e que apontava que Prates resistia em concluir a UFN3, que precisa de investimento de R$ 5 bilhões.

Durante a conversa, Jean Paul afirmou que sempre defendeu a importância da inclusão do projeto da fábrica no Planejamento Estratégico da Petrobras, o que foi feito em novembro do ano passado, após demonstração técnica de viabilidade financeira e decisão da estatal de voltar ao setor de fertilizantes.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, reafirmou que o dossiê sobre a não retomada da UFN3 não correspondia à realidade

"Estamos acompanhando o assunto junto com a ministra Simone Tebet e temos inclusive a previsão que a licitação ocorra no final de ano", disse.

Quando concluída, a UFN3 deve reduzir em 15% a dependência brasileira dos nitrogenados, contribuindo para a autonomia nacional no setor de fertilizantes.

A obra da UNF3 foi paralisada no fim de 2014, com 81% da construção realizada.

A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
 

Valor do petróleo 

Na tarde desta quinta-feira (18), o preço do petróleo Brent, usado como referência internacional, está em queda de 0,22%, a US$ 87,10. Na semana passada, chegou a passar os US$90. Segundo dados da Abicom, que reúne os importadores, o preço da gasolina cobrado pela estatal está 20% menor em relação ao cenário internacional. No caso do diesel, a diferença hoje é de 10%

Declarações 

Conforme informações do governo brasileiro, os preços feitos pela  Petrobras ocorreram em outubro do ano passado, quando a estatal reduziu o valor da gasolina nas refinarias, quando passou de R$2,93 para R$2,81. No caso do diesel, a queda foi em dezembro (caindo de R$3,78 para R$3,48).

Durante o evento nesta quinta-feira, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o impacto do conflito no Oriente Médio não deve intervir sobre os valores dos combustíveis no Brasil.

As declarações de Prates ocorrem em momento de crise na estatal, que se estendeu  ao Conselho de Administração da estatal, após falas de Silveira. 

A crise chegou até o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), com sede em São Paulo, que derrubou a decisão em primeira instância e reconduziu à presidência do Conselho de Administração da Petrobras, Pietro Mendes, um dos representantes da União no colegiado. Ele foi afastado na última semana. Logo em seguida, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu.

Questionado como estava no clima dentro da Petrobrás, Prates disse estar tranquilo.

"Eu estou tranquilo. O presidente Lula está na Colômbia. Eu não fui a Brasília para isso. Temos agendas em Brasília constantemente. Por exemplo, eu passei o dia inteiro no TCU (Tribunal de Contas da União). Fui ver as lideranças no Senado. São meus amigos afirmou Prates".

 

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