Mato Grosso do Sul foi aprovado para receber e acessar pagamentos através de recursos federais por resultados da redução da emissão de carbono no Cerrado.
A aprovação da elegibilidade do Estado foi publicada nesta segunda-feira (17) no Diário Oficial da União e foi oficializada pelo Ministério do Meio Ambiente.
Isso significa, na prática, que Mato Grosso do Sul poderá acessar recursos internacionais destinados à conservação florestal e ao combate às emissões.
A partir da publicação, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) passa a ser a responsável pela captação e condução dos processos de certificação e comercialização dos créditos no território sul-mato-grossense.
A aprovação mostra que Mato Grosso do Sul atende os critérios técnicos, jurídicos e de governança que são exigidos pelo mecanismo internacional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REED+), que são vinculados à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
“Essa é a confirmação de que Mato Grosso do Sul consolidou um modelo de governança ambiental robusto, transparente e alinhado às melhores práticas internacionais. Essa elegibilidade mostra que o Estado está preparado para acessar mecanismos financeiros globais e transformar a conservação das nossas florestas em oportunidade real de desenvolvimento sustentável. É um passo histórico que fortalece nossa estratégia de descarbonização”, afirma o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
O mercado de crédito de carbono autoriza empresas a compensar suas emissões de gases de efeito estufa gerando créditos através de projetos de redução dessas emissões ou da captura de carbono.
Para o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a expectativa do governo é de que, apenas em créditos de REDD+, atinja a casa de R$1 bilhão.
“Estamos falando de um estoque relevante que agora poderá passar pelos processos de verificação, certificação e posterior comercialização. O próximo passo é justamente estruturar esse pipeline junto ao mercado, sempre com transparência e repartição de benefícios”, avaliou.
Edital
Durante a passagem pela COP30, em Belém, na última semana, o governador de MS, Eduardo Riedel, anunciou que, em janeiro de 2026, será lançado um edital de Chamamento Público para que sejam apresentadas propostas de negócios voltados à estruturação, desenvolvimento, monitoramento, verificação e comercialização dos créditos de carbono pelo REDD+ no Cerrado do Estado.
Mato Grosso do Sul é composto em 62,2% de Cerrado, 27,3% de Pantanal e 10,5% de Mata Atlântica, com mais de 110 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa remanescente e já demonstrou redução consistente das emissões por desmatamento, além da existência de políticas pública, sistemas de monitoramento e salvaguardas socioambientais consolidados.
“Agora, com a elegibilidade reconhecida e o edital anunciado, Mato Grosso do Sul consolida sua transição para um modelo de desenvolvimento baseado em conservação, tecnologia e geração de valor ambiental, aproximando-se da meta de se tornar território carbono neutro até 2030”, finalizou Verruck.


