Desenvolvidas, entre outras funções, para facilitar a vida dos executivos, as tecnologias de comunicação (celulares, smartphones e iPads) parecem provocar efeitos bem distintos entre homens e mulheres.
Uma pesquisa da Universidade de Toronto (Canadá) pediu aos participantes para que informassem quantas vezes foram contatados fora do trabalho por telefone, e-mail ou mensagem sobre assuntos corporativos. Os pesquisadores descobriram que as mulheres que foram contatadas frequentemente por supervisores, colegas ou clientes relataram níveis mais elevados de estresse psicológico. Em contraste, os homens que receberam contato de trabalho fora do expediente foram menos afetados.
"Inicialmente, avaliamos que as mulheres foram mais atingidas pelo contato profissional por conta da interferência em suas responsabilidades familiares", afirma o autor do estudo, Paul Glavin.
Os resultados mostram que muitas mulheres se sentem culpadas por lidar com questões de trabalho em casa, mesmo quando o contato profissional não interfere na vida familiar. Os homens, por outro lado, são menos propensos a sentir culpa ao responder questões relacionadas com o trabalho, em casa. O estudo analisou dados de 1.042 homens e mulheres na faixa dos 40 anos, casados e com filhos. Os entrevistados tinham renda anual média de 60.000 dólares (mulheres) e 75.000 dólares (homens).
Opinião
Para o diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Marshal Raffa, a mesma tendência acomete as executivas brasileiras das diversas áreas profissionais.
"Por mais que a mulher esteja presente nas empresas e no alto escalão, ainda existe um senso diferenciado quanto ao âmbito familiar", aponta o especialista. "Não significa, entretanto, que mulher tem mais ou menos senso de responsabilidade do que o homem na empresa, mas que ela preza pela família e pela qualidade de vida de forma mais intensa", completa.
De acordo com o especialista, essa exposição feminina vem de gerações passadas, que eram completamente ligadas ao interior da família.
"A mulher preserva o próprio espaço, quer se cuidar e poder viver a vida social. Os homens, em contrapartida, sentem-se mais importantes em resolver questões profissionais na hora do lazer", conclui Raffa.