Economia

aumento de 3,6%

Novas projeções apontam maior queda para o volume de receitas em serviços

Segundo confederação, volume de receitas passará de 3% para 3,6%

Istoé

13/07/2017 - 16h29
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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou hoje (13) a previsão de queda para o volume de receitas do setor de serviços de 3% para 3,6%.

A reavaliação ocorreu após a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou uma perda de 4,4% na receita entre janeiro e maio de 2017, na comparação com os mesmos meses de 2016. 

A confederação justificou a decisão pontuando que há uma natural demora de recuperação do mercado de trabalho e um ritmo intenso nas perdas do setor terciário nos últimos meses.

Na visão dos analistas da instituição, esses fatores pesam para a piora na projeção de 2017, mesmo diante de uma previsão de comportamento favorável para a inflação e para o custo do crédito na segunda metade de 2017.

O economista da CNC Fábio Bentes explicou que o setor de serviços é menos afetado pelo câmbio e pelo crédito que os outros setores da economia, tem menos possibilidades de exportação e responde principalmente ao mercado de trabalho e à renda da população. O setor tem ainda a peculiaridade de registrar uma inflação mais resistente, segundo Bentes.

Enquanto a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho de 2016 a junho de 2017 foi de 3%, para o setor de serviços, a inflação foi de 5,72%.

“Em outros setores, a atividade acaba sendo resgatada [pela queda da inflação]. Como ela está muito resiliente no setor de serviços, a reação do setor por conta dos preços é muito menos significativa”, disse o economista. “O que poderia alavancar o setor de serviços seria uma recuperação do mercado de trabalho”.

Fábio Bentes espera um segundo semestre melhor que o primeiro e acredita que isso se reflete na própria previsão, que é de uma queda anual de 3,6%, enquanto de janeiro a maio as perdas somam 4,4%.

“A gente está esperando uma queda menor. A situação tende a ser um pouco menos pior”, disse, destacando que o setor de serviços é responsável por 44% dos empregos celetistas do país. “Ele é o maior empregador da economia. Se vai mal, isso retarda a recuperação do mercado de trabalho”.

Economia

França classifica acordo UE-Mercosul como 'inaceitável

Após a assinatura do acordo, o primeiro comentário negativo sobre o tratado veio do Palácio do Eliseu, sede do governo francês

06/12/2024 23h00

Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva

Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Ricardo Stuckert/PR

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"Inaceitável." O primeiro comentário vindo do Palácio do Eliseu, sede do governo francês, parecia esperado por Ursula von der Leyen. Em Montevidéu, nesta sexta-feira (6), a presidente da Comissão Europeia dedicou parte do seu discurso para se dirigir ao seu lado do Atlântico. Após listar uma série de benefícios que o acordo UE-Mercosul pode trazer para os negócios do continente, ela declarou que "esta é a realidade". "Quatro bilhões a menos em tarifas para as companhias europeias, abertura de mercado, oportunidades e empregos."

A resposta francesa foi imediata. "A Comissão conclui a negociação com o Mercosul, que é sua responsabilidade, mas o acordo não está assinado nem ratificado. Não é assim que a história acaba", declarou Sophie Primas, ministra de Comércio Exterior demissionária. "O acordo não entrou em vigor."

De fato não entrou. Segundo a Comissão, o processo continua agora com a tradução do tratado assinado para as 24 línguas oficiais do bloco e a análise dos aspectos legais. Se a parte comercial for separada dos demais tópicos do documento, ela não precisará de aprovação nos Parlamentos dos países-membros, algo que de fato nunca aconteceria.

Vários países do bloco, em maior ou menor grau, se opõem ao tratado. França, Polônia, que também repetiu suas críticas nesta sexta-feira, Áustria e Holanda ganharam nas últimas horas adesão parcial da Itália. Consolidado, o grupo teria forças para barrar o processo também no caminho simplificado: com no mínimo quatro países e representando ao menos 35% da população, uma dissidência pode vetar o assunto no Conselho Europeu, também chamado de Conselho de Ministros.

Na outra instância necessária à aprovação, o Parlamento Europeu, em tese o acordo seria aprovado com mais facilidade.

Se o acordo é um "blockbuster", como descreveu o Financial Times, ele também "compromete apenas a Comissão Europeia", ponderou o Le Monde, reproduzindo outra declaração do combalido governo Emmanuel Macron. Esses e outros argumentos farão parte de intensa disputa nos próximos meses.

A pressa de Von der Leyen para fechar o documento possível com os sul-americanos vinha sendo criticada por alguns setores econômicos e países. Para a França, maior produtor agrícola da Europa e mais suscetível às manifestações de fazendeiros, a Comissão extrapolou seu papel.

Em entrevista coletiva, Olof Gill, porta-voz da entidade para Agricultura e Comércio, afirmou, horas antes do anúncio do acordo, que Von der Leyen tinha mandato para fazê-lo. "Todos os tratados carregam um drama político. Isso é comum nesse tipo de negociação. Mas posso garantir que a Comissão cumpriu plenamente seu papel e no prazo."
Gill afirmou que a decisão de dividir o acordo, se ocorresse, também caberia à Comissão e que isso é uma praxe antiga. "Os países-membros decidiram que esse tipo de negociação seria feito coletivamente através da Comissão. Não há novidade aqui."

Von der Leyen dedicou parte de seu discurso também aos fazendeiros europeus, afirmando que "seu modo de vida será respeitado". "Estamos trabalhando nisso", completou, dando a entender que pode aumentar as salvaguardas à atividade na Europa. O setor já é o que consome a maior parte dos subsídios do continente.

Presidente do principal sindicato ruralista da Itália, Massimiliano Giansanti afirmou que a Comissão "envia uma mensagem muito preocupante a milhões de agricultores e pecuaristas em toda a Europa".

"Há anos manifestamos nossa oposição categórica a este acordo comercial ultrapassado e problemático, que só agravará a pressão econômica suportada por quem lida constantemente com preços elevados dos insumos e condições meteorológicas difíceis."

Agricultores franceses, que já haviam marcado para segunda-feira (9) uma nova rodada de protestos, declararam que os atos ficarão "mais duros". As manifestações devem ocorrer também em outros países. O movimento encontra eco também nos partidos de direita e extrema direita em ascensão no continente, que usam as regulações ambientais como plataforma eleitoral.

Seriam excessivas, punindo em geral quem tem menos recursos, como os fazendeiros.

A questão agrícola seria também o motivo de a Itália sinalizar que pode compor a dissidência com a França. A premiê, Giorgia Meloni, encara porém um momento de crise econômica em seu país, que não lhe permitirá ignorar argumentos como bilhões a mais em investimentos.

Maior exportadora do continente, a Alemanha festeja o acordo e é a grande aliada de Von der Leyen na disputa. A "maior zona de livre comércio do mundo", como descreveu em título o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, significa mais empregos _o comércio com o Mercosul já sustenta 855 mil postos de trabalho na Europa.

De acordo com a federação de indústrias alemãs, o tratado tem potencial de fazer o PIB do país crescer 0,15%, algo como 6 bilhões de euros, ganho considerável para uma economia estagnada há dois anos, em disputa comercial com a China e sob a ameaça do protecionismo da segunda gestão Donald Trump.

O acordo preocupa também ambientalistas. Depois que a União Europeia adiou por um ano sua lei antidesmatamento, o tratado como os países do Mercosul e sua agricultura intensiva seria um novo indicativo de que o bloco estaria trocando sua liderança global no setor por ganhos comerciais.
 

*Informações da Folhapress 

Economia

"Não toleraremos difamação de nossos produtos", declara Lula no Mercosul

Presidente afirma que acordo com União Europeia tem 'texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais' do bloco sul-americano

06/12/2024 22h00

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Foto: Reprodução

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 Em aceno aos europeus, o presidente Lula (PT) fez um discurso permeado de defesa ambiental na reunião de líderes do Mercosul nesta sexta (6) em Montevidéu. "Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos."

Foi um recado às alegadas preocupações europeias com a agenda climática sul-americana e ao recente caso do Carrefour, quando a rede francesa disse que não mais venderia a carne oriunda do bloco sul-americano e depois de forte oposição teve de recuar.

"Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com o Acordo de Paris", seguiu o petista.

Ele celebrava a enfim conclusão das negociações do acordo de livre-comércio com a União Europeia. "O acordo que finalizamos hoje é bem diferente do de 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis."

O presidente afirmou que o Brasil deve propor uma ideia de "Mercosul Verde", que em suas poucas palavras se resumiria a um programa de cooperação para a agricultura de baixo carbono e a promoção de exportações agrícolas sustentáveis. Não há detalhes.

Pediu, ainda, que seus pares no Mercosul e os parceiros da União Europeia apresentem metas climáticas robustas para a COP 30, que será realizada em Belém. Disse: "Nosso bloco tem uma oportunidade histórica de liderar a transição energética e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas."

Lula havia sido elogiado mais cedo por sua agenda climática pela líder da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. Da maioria de seus atuais pares no Mercosul, ele vê preocupações semelhantes com a emergência climática, menos de um deles, a Argentina.

O governo de Javier Milei secundariza a agenda, e o próprio presidente ultraliberal já disse que não há relação entre a ação humana e o aquecimento global, contrariando a ciência. A Casa Rosada esvaziou a última cúpula climática da ONU, em Bakú, retirando sua equipe.

Mas, mesmo pela relevância desse tema para o acordo comercial com a União Europeia, Milei afirma taxativamente que não sairá do Acordo de Paris. Cogitou-se isso após seu aliado Donald Trump vencer as eleições nos EUA e sinalizar que abandonará o acordo novamente.

De Brasília, coube ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) marcar oposição à manifestada resistência de algumas partes da UE.

Ele disse esperar que essa questão "esteja resolvida": "O acordo é sempre um ganha-ganha, mas onde você abre mão de alguma coisa, ganha de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, tem uma dificuldade ali, mas acho que vamos superar".

Pouco antes, a ministra de Comércio Exterior da França, Sophie Primas, havia dito que seu país "lutará em cada passo ao lado dos Estados-membros que compartilham sua visão [crítica ao acordo]".

Segundo Alckmin, que também é ministro do Mdic (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), as exportações da agricultura podem crescer 6,7%; serviços, em 14,8%; e as vendas da indústria de transformação, devem aumentar em 26%.

"É o maior acordo entre blocos de todo o mundo. Nós estamos falando de mais de 700 milhões de pessoas", seguiu o vice de Lula.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se manifestou sobre o assunto. Afirmou que o acordo de livre-comércio inaugura a possibilidade de "engrandecimento singular das relações comerciais entre os países integrantes dos blocos".
 

*Informações da Folhapress

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