Uma hora ou outra será preciso parar e pensar em uma resposta adequada à pergunta: o que você vai ser quando crescer? Para alguns jovens, decidir qual carreira seguir é um processo fácil e indolor. Para outros, nem tanto. Qual é o momento certo para pensar nisso e como tomar uma decisão assertiva, reduzindo as chances de frustrações futuras?
A psicóloga, orientadora profissional e de carreira Giuliana Elisa dos Santos disse ao Correio do Estado que não existe um momento certo para o processo de escolha profissional, mas depende do amadurecimento natural de cada indivíduo.
“Quando falo de amadurecimento, eu destaco a importância do autoconhecimento, de ter independência na escolha profissional (fazer a escolha de forma independente sem influência de outras pessoas ou da mídia), autorresponsabilização (ação efetiva pela decisão), a determinação (quando se está seguro e definido em relação a escolha profissional) e ter um conhecimento da realidade profissional (contexto de mercado e realidade escolar)”, explica.
Na opinião da orientadora profissional, o adolescente muitas vezes acaba “convidado” a tomar essa decisão cedo demais, em momentos de transformações biopsicossociais e de identidade.
Além disso, o próprio ambiente escolar colabora nessa pressão por conta dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
É por isso que costuma se verificar que entre o segundo e terceiro ano eles começam a se informar mais a respeito de profissões, discutindo esse tema nas escolas.
O PAPEL DA FAMÍLIA
Pais têm uma função importantíssima nesse processo, diz Giuliana. Porém, é preciso tomar cuidado para não cometer dois erros que podem levar todo o processo a perder.
O primeiro é dar muita liberdade sem se envolver. “Isso gera nos filhos a sensação de dúvidas, confusão para tomada de decisão”, explica a psicóloga.
A segunda falha mais comum é justamente o oposto: obrigar o filho a seguir determinada profissão.
“Muitos filhos acabam evadindo o ensino superior, média de 30% nos primeiros períodos da faculdade. Diante disso, creio que a pressão mais adequada é dialogar com os filhos”, explicou Giuliana ao Correio do Estado.
O ideal é que os familiares sejam atenciosos sem serem invasivos, estejam presentes em todos os momentos para dar suporte e permaneçam atentos nas aptidões, aspirações, interesses e sentimentos.
Uma dica preciosa é compartilhar com os filhos como foi o próprio processo de escolha profissional.
“Converse e troque ideias com seus filhos também sobre informações acerca do mercado de trabalho. Há muita coisa nova surgindo”, afirma a psicóloga.
QUAL O CONSELHO PARA OS JOVENS
Giuliana afirma que o melhor caminho é o do autoconhecimento. É preciso saber quais são as aptidões, habilidades, interesses, valores, personalidades, custos e preferências pessoais e profissionais.
“A infância também está cheia de experiências valiosas que nos dão pistas sobre as nossas aptidões. Mesma coisa quando falamos do período escolar, como facilidade com as matérias, interesses, principais motivações de aulas, comportamento social e tantos outros”, afirma.
Se o adolescente ainda está em dúvidas, vale prestar atenção nos elogios que recebe dos pais, professores e amigos sobre o que tem facilidade para fazer.
Por fim, é necessário conhecer muito bem a profissão. Ela envolve muita pressão? Quanto recebe um profissional? O que faz exatamente? O mercado de trabalho está saturado?
“Existem várias formas de fazer isso, tais como jornais, revistas, depoimentos de profissionais, feiras de profissões, leituras de manuais e guias específicos de informação profissional, entre outros”, afirma Giuliana.
Ou seja, embora não exista um momento certo para pensar em carreiras, existem muitos passos valiosos que precisam ser dados.
Às vezes, uma rápida observação ao redor pode dar pistas sobre o que a pessoa saber fazer de melhor.
Diálogo também é fundamental. Se o jovem está pressionado a escolher uma carreira que não sabe se é a ideal, conversar com os pais a respeito pode ser uma boa opção.