Em meio ao agravamento da pandemia, o número de famílias inadimplentes em Campo Grande aumentou pelo terceiro mês consecutivo. A Capital possui um total de 65,7% de pessoas endividadas, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
O Correio do Estado conversou com economistas para avaliar o que pode ser feito para organizar as finanças e sair do vermelho.
Em número absolutos, são 207.227 famílias endividadas em abril, um aumento de 10 mil em relação ao mês de março, quando o levantamento indicou 197.619 famílias endividadas, um total de 62,7%.
O economista Marcos Almeida, alerta que a pandemia afetou diretamente a renda de milhares de famílias, devido às medidas de restrição e isolamento social, sendo necessário repensar antes de iniciar uma nova conta, para assim não ter grandes problemas.
“Hoje em dia é necessário repensar antes de iniciar qualquer conta grande, sempre analisando o que é necessário quitar e resolver primeiro, isso é importante para não entrar no vermelho, estamos atravessando momentos de muitas incertezas, mas com esperança de atravessarmos essa crise”, pontuou o economista.
O especialista também ressalta a utilização da matemática básica, ou seja, gastar menos do que se ganha. “O fundamental é ter equilíbrio, se você gosta de uma coisa, invista, mas pense no que é necessário resolver financeiramente, é necessário termos esperança em dias melhores, mas com consciência do que é realmente necessário”, alegou.
Do total registrado em abril, 34,5% têm contas em atraso e 14,2% não terão condições de pagar as dívidas. As famílias brasileiras estão devendo mais em abril deste ano do que no início da pandemia, conforme aponta a pesquisa.
A economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, pontua que muitas famílias não terão condições de saldar as dívidas do último mês devido ao agravamento da pandemia.
"Ainda estamos vivendo os reflexos da economia durante esse longo período de pandemia. Tudo oscila muito rápido e as consequências de perda ou diminuição de renda percebemos no aumento do endividamento e da inadimplência", destacou a economista.
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No topo do ranking de endividamentos de Campo Grande, o grande vilão continua sendo o cartão de crédito, que corresponde a um total de 56,8% entre as fontes de dívidas dos campo-grandenses, logo depois aparece o carnê com 27,6%. Financiamento de casa vem logo em seguida com 15% e depois financiamento de carro com 13,3%.
“Existe uma necessidade de se controlar a utilização do cartão de crédito, porque é muito fácil virar uma bola de neve e diante de uma dívida, comparar as taxas de juros, pensar nas possibilidades de entradas para amenizar o máximo possível os impactos nas contas no final do mês”, pontuou a economista.
Desde novembro do ano passado esse percentual registrava queda que começou com 62,8% em outubro, caindo para 61,6% no mês seguinte, até chegar aos 57,8% em janeiro deste ano. Após esse período o percentual voltou a subir, foram 59,3% em fevereiro, 62,7% em março e 65,7% no último mês.
O professor e economista, Eugênio Pavão, avalia que a população precisa repensar alguns gastos e ter organização e planejamento com as contas.
“A dica para sair do vermelho são um conjunto de atitudes que devem se guiar pela redução dos gastos supérfluos, gastos de lazer e diversão, viagens. É um esforço grande, pois significa uma mudança de hábitos, mas no atual momento é necessário termos planejamento para enfrentar os desafios da economia pós vacinação”, pontuou.