Os obstáculos que o papel e a burocracia geram estariam a frente de problemas causados por trechos sinuosos e necessidade de obras de infraestrutura para viabilização da rota bioceânica, que liga Mato Grosso do Sul a portos no Chile. O trecho tem cerca de 3 mil quilômetros, ligando as cidades de Campo Grande a Antofagasta (Chile).
A avaliação de que a burocracia entre os países e suas aduanas atualmente causa mais entraves do que obras foi feita pelo secretário de Estado de Obras e Infraestrutura de Mato Grosso do Sul, Marcelo Miglioli. Ele integrou grupo que fez a viagem pelo percurso da rota bioceânica para avaliar a viabilidade do projeto.
Empresários e integrantes de governos de Campo Grande e do Estado realizaram a caravana, que partiu da Capital em 25 de agosto.
“A questão das fronteiras tem que avançar muito e rápido, não podem funcionar da maneira como se encontram hoje”, alertou. “Não podemos pensar em turismo e produção da forma como funcionam a aduana, desde a nossa fronteira com o Paraguai, e para isso o nosso governo vai pedir o apoio da bancada federal para que a burocracia não seja um empecilho para o sucesso da rota da integração, que hoje é uma realidade concreta”, opinou o secretário.
Segundo o secretário, os empresários que fizeram a viagem observaram diversas oportunidades de negócios com a integração de Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Ele assumiu que o Estado vai empenhar-se em apoiar propostas de trabalho antes mesmo de a rota ser concluída, proposta que pode ser atingida somente depois de 2020.
A relação entre as aduanas já foi exposta como um tema que precisa ser desembaraçado pelo governo brasileiro. O coordenador-geral de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, acompanhou a expedição e identificou a situação. Agora vai analisar propostas de solução em Brasília tanto na área de burocracia fiscal como na questão migratória.
Durante a viagem, organizada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística (Setlog), o grupo também encontrou dificuldades com o abastecimento. Na Argentina, por exemplo, muitos postos de combustíveis não aceitavam o uso de cartões de crédito.
OBSTÁCULO NATURAL
No trajeto da viagem, umas das preocupações era verificar se caminhões de três eixos conseguiriam percorrer a estrada no trecho que passa pelo Cordilheira dos Andes.
"A nossa grande dúvida deixou de ser uma preocupação porque os empresários do setor de transportes que viajaram conosco nesta caravana até os portos do Chile asseguram que os caminhões de três eixos sobem aquela rodovia ingrime sem problemas”, explicou Miglioli.
A estrada que integra a rota biocênica passa por Campo Grande e vai Porto Murtinho, ainda em território brasileiro. Do lado paraguaio, ainda será preciso realização de obras como licitação para construção de ponte, o que deve acontece ano que vem.
Outro trecho de estrada no Paraguai já foi licitado e início do canteiro de obras está previsto para começo de 2018. Na Argentina, há pavimentação dos últimos 24 quilômetros da rota.