O auxílio emergencial trouxe a falsa sensação de tranquilidade econômica para milhares de brasileiros, e a partir de janeiro, quando o dinheiro parar de cair nas contas da Caixa TEM, os níveis de endividamento devem aumentar.
A boa notícia é que com planejamento e moderação nos gastos é possível evitar o retrocesso e começar 2021 com pelo menos parte das contas em dia.
Para se ter ideia da dimensão do problema, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que houve queda de 31,56% nos índices de pobreza em Mato Grosso do Sul entre 2019 e julho deste ano, terceira maior redução registrada no país.
O Estado ficou atrás apenas do Tocantins (-36,08%) e Pernambuco (-32,45%).
Entraram nessa conta todas as pessoas que tinham rendimentos menores que um salário mínimo, mas que graças aos repasses federais cruzaram a linha que as separava da classe média.
“Alterações na renda foram bastante significativas. É claro que com a velocidade do desemprego reduzindo, assim como a velocidade das reduções salariais, essas outras fontes de renda ajudaram muito a população a garantir pelo menos a subsistência e pagamento de dívidas prioritárias”, afirma.
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Contudo, essa melhora é temporária e quem não conseguir atingir certo nível de equilíbrio nas contas domésticas sofrerá as consequências.
A pedido do Correio do Estado, Daniela dá algumas dicas que podem ajudar as famílias a evitar o sufoco quando pararem de receber a verba.
A primeira delas, é fazer um planejamento a longo prazo e quanto antes, melhor.
“É importante que as pessoas considerem sempre os meses subsequentes, coloquem tudo no papel para não acontecer de ter dívidas futuras para pagar, mas sem recursos suficientes para conseguir honrar os compromissos”, pontua.
Além disso, é importante buscar fontes de renda extra antes do fim do auxílio emergencial.
Isso vale especialmente para quem está desempregado.
A dependência dos repasses federais é extremamente nociva para o futuro.
“Não façam novas dívidas. Agora, as pessoas precisam se preocupar apenas com o essencial. Dentro dessa ideia estão as questões voltadas à sobrevivência e renegociação das dívidas que estão em atraso, sempre dentro do orçamento”, afirma a economista.
Para Daniela, é fundamental colocar tudo na ponta do lápis e medir o rombo antes que ele aconteça para não ser pego de surpresa com ele.
Essas medidas podem não resolver totalmente o problema, já que estamos diante de uma receita a menos, mas reduzem o impacto que o fim das parcelas trará à população mais vulnerável.
SOBE E DESCE
Como a ajuda do Governo Federal não abrangeu pessoas com altos ganhos, as classes mais altas perderam 4,8 milhões de pessoas em plena pandemia.
Com mais pobres cruzando a linha da miséria e mais ricos descendo a escala social, a classe média, que contou com 21,5 milhões de cidadãos em razão do novo coronavírus.
Em Mato Grosso do Sul, houve redução de 19,14% entre a população que recebe mais de quatro salários mínimos e de 14,15% no grupo que recebe de dois até quatro salários mínimos.
Em contrapartida, a parcela que ganha de um a dois salários mínimos elevou em 16,45%.
Conforme o estudo da FGV, a ajuda do Governo Federal beneficiou 67 milhões de brasileiros e custou R$ 322 bilhões aos cofres públicos durante nove meses.
O valor supera praticamente nove anos de Bolsa Família, como afirmou a peça orçamentária de 2021.
No último ano, calcula-se que o montante de pessoas que ganham menos de um salário mínimo tenha despencado 15 milhões em todo o país, o que corresponde à redução de 23,7%.
Esse porcentual chega a ser maior em comparação com períodos de boom social, como os meses após o Plano Real, graças principalmente às cinco parcelas de R$ 600 e outras quatro de R$ 300.
De todas as ações do poder público, esta foi que trouxe melhores resultados.