A Petrobras anunciou que o preço do gás liquefeito de cozinha (GLP) cairia 5% na refinaria a partir da segunda quinzena de março. No entanto, a queda no preço do botijão não chegou aos revendedores, tampouco aos consumidores. Conforme o sindicato das revendedoras, além de a redução não chegar aos empresários, as vendas caíram 50%. O preço médio praticado nesta semana ficou entre R$ 65 e R$ 75, conforme pesquisa realizada pelo Correio do Estado com as revendedoras de Campo Grande.
O presidente do Sindicato das Micro, Pequenas Empresas e Revendedores Autônomos de GLP, Gás Canalizado e Similares do Estado (Simpergasc-MS), Vilson de Lima, disse que para o revendedor não houve redução no preço do gás de cozinha, por isso o repasse ao consumidor não chegou.
Segundo o proprietário de uma revenda de gás em Campo Grande, que não quis se identificar, a diferença repassada aos revendedores chegou a R$ 1,20 no máximo. “Quando a Petrobras repassa um aumento, a gente vê bem rápido, mas, quando é uma redução, nunca chega para as revendedoras, e menos ainda ao consumidor”, disse.
VENDAS
A comercialização do GLP teve um pico nas primeiras semanas de isolamento e hoje amarga uma redução drástica. Segundo o representante das revendedoras, Vilson Lima, as vendas aumentaram na primeira semana de isolamento social, mas depois despencaram e muitas empresas já precisaram demitir funcionários.
“Na primeira semana, foi igual com os supermercados, todo mundo saiu às compras e pediu gás. No sentido de ter estoque mesmo. Agora, a gente já tem uma redução de 50% nas vendas nesse período, que é começo do mês e geralmente vendemos mais”, informou o presidente do Simpergasc-MS.
Lima ainda disse que muitos revendedores já tiveram de demitir funcionários por conta da queda nas vendas.
“As empresas geralmente são familiares, trabalham os membros da família, mais um ou dois funcionários. Já ouvi relatos de alguns que ficaram só com a família e tiveram de dispensar os funcionários. É uma situação sem precedentes”, contextualizou o presidente do sindicato.
Proprietário de uma revenda na Capital, Deivison da Silva chegou a dobrar a comercialização de gás de cozinha. “Eu cheguei a vender o dobro nas duas semanas. Muita gente fez estoque mesmo, comprou completo com o botijão mesmo para ter um gás reserva. Agora, voltamos à normalidade e está tudo bem tranquilo. Mas me preocupo como vai ser o próximo mês, já que tem gente que fez estoque”, informou.
O último levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que o preço médio do gás de cozinha em Mato Grosso do Sul, registrado entre os dias 29 de março e 4 de abril, foi de R$ 72,17. Ainda de acordo com o levantamento, o preço médio se mantém nas últimas quatro semanas. A média registrada entre os dias 8 e 14 de março foi de R$ 72,02, caiu para R$ 70,31 (entre 15 e 21 de março) e foi a R$ 71,63, de 22 a 28 do mês passado.
Entre os municípios, Corumbá tem o GLP mais caro do Estado, o preço médio para o produto entre 29 de março e 4 de abril foi de R$ 91, conforme levantamento da ANP. O botijão de 13 kg variou de R$ 89,99 a R$ 95 na Cidade Branca.