Exportações saltaram de US$ 37,7 milhões em abril do ano passado para US$ 82,2 milhões no mesmo mês de 2025
Em meio ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as exportações de Mato Grosso do Sul para o país norte-americano em abril deste ano mais que dobraram. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) apontam que as vendas somaram US$ 82,2 milhões (R$ 466 milhões) em abril deste ano, ante US$ 37,7 milhões no mesmo mês do ano passado (R$ 213,7 milhões) – alta de 121,6%.
No comparativo entre março e abril, o volume financeiro das compras dos produtos sul-mato-grossenses pelos EUA aumentou 90%, e no terceiro mês do ano o volume chegou a US$ 43,2 milhões
(R$ 245 milhões).
Especialistas ouvidos pelo Correio do Estado apontaram que em março houve uma corrida dos importadores norte-americanos, uma vez que a taxação a partir de abril era praticamente certa.
De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos impõem novos desafios de relação comercial.
“Para que eu continue vendendo pelo mesmo preço, vou ter de comprimir minha margem ou ser mais competitivo”, explicou ao Correio do Estado.
Ainda conforme os dados do Mdic, somando os quatro primeiros meses do ano, a alta nas exportações de MS para os EUA foi de 31%. De janeiro a abril de 2024, foram comercializados US$ 150,2 milhões (R$ 852 milhões), enquanto nos quatro primeiros meses deste ano foram US$ 196,7 milhões (R$ 1,115 bilhão).
Enquanto as exportações aumentaram, as importações caíram 37,2% nos primeiros quatro meses do ano, saindo de US$ 55,6 milhões, no ano passado, para US$ 33 milhões, no mesmo período deste ano.
O diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão, corroborou, em entrevista à Folha de São Paulo, que a alta nas vendas para os EUA possivelmente está relacionada com uma antecipação das importações pelos americanos por receio dos impactos do tarifaço.
“Há um cenário de incerteza para os importadores americanos, que temem retaliações ou aumentos tarifários de outros países”, apontou.
As exportações do Brasil para os Estados Unidos somaram US$ 3,57 bilhões (R$ 20,52 bilhões), uma alta significativa de 21,9%, na comparação com o mesmo período do ano passado. As importações totalizaram US$ 3,79 bilhões (R$ 21,79 bilhões), subindo 14% na mesma comparação.
RELAÇÃO COMERCIAL
Conforme adiantou o Correio do Estado no mês passado, o tarifaço de 10% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, impacta um mercado avaliado em US$ 669,5 milhões anuais (R$ 3,7 bilhões). Este é o volume que o setor produtivo de Mato Grosso do Sul vendeu para os EUA durante todo o ano de 2024.
O volume financeiro das vendas para o país norte-americano aumentou 28,3% neste período, em comparação à movimentação de 2023, quando os EUA compraram US$ 522 milhões em produtos sul-mato-grossenses.
Pouco mais da metade das compras norte-americanas de produtos de Mato Grosso do Sul é de proteína animal: aproximadamente 60% do total. Também tem uma participação significativa no comércio com os Estados Unidos a celulose, além de óleos e gorduras, tanto animais quanto vegetais.
O Correio do Estado divulgou também um estudo que aponta que Mato Grosso do Sul pode ser beneficiado em R$ 871 milhões nas exportações com a guerra tributária entre os Estados Unidos e a China. O levantamento computacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que o incremento é motivado, principalmente, pelo comércio externo de oleaginosas e da agropecuária.
De acordo com os pesquisadores Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães, o impacto global da guerra tarifária representaria uma queda de 0,25% no PIB global, equivalente a uma perda de US$ 205 bilhões. Além da perda de atividade, o comércio mundial também seria prejudicado, reduzido em 2,38%, o equivalente a perdas da ordem de US$ 500 bilhões.
No Brasil, quanto ao impacto agregado na produção setorial brasileira, os pesquisadores afirmam que, “embora ocorram ganhos de exportações na agropecuária, outros setores sofreriam perdas significativas. O setor industrial seria o mais afetado, demonstrando um impacto adverso considerável na economia brasileira”.
Escreva a legenda aquiTRÉGUA
Estados Unidos e China anunciaram ontem um acordo para reduzir temporariamente tarifas comerciais, em um movimento que sinaliza trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
As tarifas impostas por Washington a produtos chineses cairão de 145% para 30%, enquanto Pequim reduzirá suas taxas sobre importações americanas de 125% para 10%.
O entendimento, fechado após negociações no fim de semana em Genebra, prevê a suspensão da escalada tarifária por 90 dias, contados a partir de amanhã. A China, no entanto, continuará sujeita a uma tarifa extra de 20% sobre produtos relacionados ao fentanil.
“Concluímos que temos um interesse em comum”, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, durante coletiva em Genebra. Em comunicado conjunto, os países destacaram a importância da relação bilateral para a estabilidade da economia global e anunciaram a criação de um mecanismo permanente de diálogo comercial.
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