Em Mato Grosso do Sul, a produção do milho vem deixando de ser tão atraente para o agricultor – é o que aponta o relatório do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga-MS). Na segunda safra 2024/2025, com previsão de 2,103 milhões de hectares – praticamente a mesma do ciclo anterior –, a área ocupa 47% daquela área destinada à soja no Estado, uma redução de 75% em relação à da oleaginosa, que ocupou anteriormente.
De acordo com o levantamento da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), que considerou todas as despesas diretas e indiretas da atividade, incluindo custos fixos e variáveis, para produzir um hectare de milho em sistema de cultivo solteiro, o agricultor desembolsou R$ 4.474,70, o que corresponde a 89,49 sacas por hectare (sc/ha).
Os cálculos foram realizados com base na produtividade média estimada de 81 sc/ha e no preço médio de R$ 50 por saca de 60 kg.
Segundo a entidade, nas áreas com rotação de cultura, em que o milho é utilizado para amortizar os custos da safra de soja, o custo por hectare cai para R$ 3.278,83 ou 65,58 sc/ha. Contudo, os fertilizantes e as sementes seguem como as principais despesas do custeio, representando juntos 70% do total, o equivalente a 40 sc/ha.
Segundo o economista da Aprosoja-MS Mateus Fernandes, a cada safra, as margens de lucro ficam cada vez mais apertadas, e isso exige do produtor rural uma capacidade de planejamento, gestão e tomada de decisões muito eficientes.
“Com o nosso estudo, comprovamos o que é de conhecimento da maioria dos agricultores: a produção do milho em rotação com soja é mais vantajosa economicamente. Nesse modelo, o lucro é de 15,42 sc/ha,
enquanto no sistema solteiro o custo em saca por hectare ultrapassa a estimativa média de produtividade”, explica.
O estudo da associação aponta que os itens de maior peso no custeio da lavoura foram os fertilizantes (os quais correspondem a 41,8% do total, o equivalente a 24,20 sc/ha), seguidos pelas sementes (responsáveis por 27,3% ou 15,80 sc/ha) e pelos inseticidas (que representam 9,8%, equivalente a 5,7 sc/ha), contribuindo significativamente para a composição final do custo.
SAFRA ATUAL
Na atual safra, 70,5% do milho foi plantado entre a segunda semana de fevereiro e terceira semana de março. A área alcançou 100% plantada no dia 25 de abril, sendo concluída com duas semanas de antecedência em relação à safra do ano passado.
De acordo com o Boletim Casa Rural, divulgado no dia 6, as condições das lavouras de MS são majoritariamente boas. Isso se deve ao bom volume de chuvas ocorrido no mês passado. No entanto, afirma o boletim, ainda existe o risco de estiagem e geadas até o fim do ciclo da cultura.
“Cerca de 76% das lavouras de milho do Estado estão em boas condições, com destaque para as regiões norte, nordeste e oeste de Mato Grosso do Sul, onde esse porcentual passa dos 90%”, destaca o engenheiro agrônomo da Aprosoja-MS Flávio Faedo Aguena.
O técnico ainda salienta que, para uma lavoura ser classificada como ruim, ela deve apresentar diversos critérios negativos, tais como alta infestação de pragas (plantas daninhas, pragas e doenças) ou falhas no estande de plantas, desfolhamento excessivo, enrolamento de folhas, amarelamento precoce das plantas, entre outros defeitos que causem perdas significativas de produtividade.
“Uma classificação regular é atribuída a lavouras que apresentam poucos problemas relacionados a pragas, estande de plantas razoável e pequeno amarelamento das plantas em desenvolvimento. Já uma classificação boa é dada a lavouras que não contam com nenhuma das características anteriores, com plantas saudáveis e que garantem uma boa produtividade”, detalha.
A estimativa aponta que a produção total chegue a 10,2 milhões de toneladas, o que representa um crescimento significativo de 20,6% em relação ao ciclo anterior.
“A segunda safra de milho apresenta um ótimo potencial produtivo. Isso se deve ao bom volume de chuvas em abril, que beneficiou principalmente as lavouras de milho que estavam nos estádios fenológicos entre V10 e R2. Estima-se que 50% das lavouras estavam nesse período fenológico no mês passado. No entanto, ainda existe o risco de estiagem e geadas até o fim do ciclo da cultura”, finaliza Aguena.
A colheita deve se iniciar no fim deste mês e se estender até a última semana de agosto. Porém, o pico da colheita deve ocorrer em julho.

*Colaborou Súzan Benites