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Quais são os impactos do novo marco ferroviário para Mato Grosso do Sul?

Malha poderá ser entregue à iniciativa privada via autorização e não mais concessão

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Com boa parte da malha inoperante, Mato Grosso do Sul é um dos estados que tem mais a ganhar com a aprovação do marco ferroviário. O Congresso espera votar até o fim do ano a lei que simplifica o processo de privatização do setor, mas diante da incerteza de quando as medidas entrarão de fato em vigor, corre em paralelo um processo de relicitação. Ou seja, a solução será aquela que vier primeiro. 

A Rumo detinha o comando do serviço, mas como operava em prejuízo, acabou devolvendo a concessão. Ela tem que manter os trilhos em condições mínimas de operação até que uma nova companhia os assuma.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, explicou ao Correio do Estado que o processo está em fase de estudos que devem embasar o edital, que pode demorar até dois anos para ficarem prontos.

Até lá, o marco ferroviário é visto como um atalho. Isso porque o texto permite que o serviço seja entregue via autorização, bem menos burocrática e demorada. Dessa forma, o Executivo já acionou a bancada estadual no Congresso para tentar dar mais agilidade ao andamento do projeto.

“Nós apoiamos. Seria de extrema importância para a logística sul-mato-grossense , já que hoje a malha acaba trazendo imensos prejuízos pela sua inoperância e falta de capacidade de operação. São necessários investimentos para que isso aconteça”, afirmou o secretário.

CONDIÇÔES ATUAIS

Verruck comenta que existem apenas três trechos em condições de funcionar no Estado. O primeiro liga as minas de Corumbá ao Porto Esperança, onde os minérios seriam colocados nas barcaças para transporte fluvial. O problema é que como as embarcações também estão inoperantes, caminhões transportam os produtos pelas rodovias.

“Inclusive esse fluxo de caminhões compromete a pavimentação das rodovias, que não estão preparadas para receber em torno de milhares de caminhões com cargas pesadas”, afirmou o titular da Semagro.

O segundo trecho leva celulose de Três Lagoas para São Paulo e o terceiro também sai da Cidade Branca, atualmente utilizado por trens levando vergalhões de ferro. O ramal Campo Grande-Ponta Porã, por outro lado, está completamente inoperante, bem como o que liga a Capital a São Paulo. 

“Por exemplo o combustível. O produto poderia ser todo transportado pela ferrovia, mas isso não é possível hoje pelo risco de acidentes e uma série de problemas. É importante que caminhem paralelamente o processo de relicitação. Se caso antes tenhamos um novo marco regulatório permitindo a autorização com certeza conseguimos antecipar a operação”, completa Verruck.

MARCO

Basicamente, o texto muda a forma como a malha é entregue ao setor privado. O trunfo do Governo Federal é fazer com que o transporte ferroviário seja mais atrativo e chame mais investidores.

A União ficará responsável por fiscalizar e regular as atividades das administrações ferroviárias quanto a aspectos técnicos, ambientais, econômicos e de segurança.

Conforme o texto original, o planejamento, a coordenação, a construção, a operação, a exploração, a autorização, a regulação e a fiscalização das ferrovias privadas devem respeitar a livre iniciativa e direito dos usuários, reduzir os custos logísticos e aumentar a oferta de mobilidade.

As empresas que forem autorizadas a explorar a malha poderão expandir a rede, modernizar os sistemas e otimizar a infraestrutura já existente por um prazo de no mínimo 25 anos e, no máximo, 99 anos. 

O processo para que uma companhia assuma o serviço começará com a abertura de edital. Não haverá leilões. Os interessados deverão fazer um requerimento aos órgãos competentes. Eles poderão construir novos ramais e fazê-los funcionar por conta e risco. Os bens não vão ser mais reversíveis.

Hoje, o processo é demorado e complexo. São necessários vários estudos de construção e operação que devem passar inclusive pelo crivo das cortes fiscais, o que muitas vezes acaba espantando interessados em entrar no negócio. 

As companhias também poderão propor preços a serem cobrados pelo transporte. A ideia é que o próprio setor de autorregule e a concorrência beneficie os consumidores no oferecimento de valores mais em conta, porém, haverá órgãos reguladores para garantir que não haja cobranças excessivas. Além disso, o poder público também terá a missão de evitar a prática de concorrências desleais. 

Se houver algum tipo de negligência, imperícia ou se as linhas forem abandonadas, o contrato pode ser rescindido. 

As empresas que operarem a malha ferroviária também poderão explorar imóveis em torno das linhas e estações ferroviárias. Dessa forma, elas poderão levantar fundos que ajudem as financiar os serviços necessários à manutenção da rede em pleno funcionamento. 

Nos locais em que as linhas já são operadas pelo modelo antigo, a lei também cria algumas flexibilizações para otimizar o setor. Além disso, elas também poderão utilizar alguns benefícios das normas novas, como a exploração imobiliária. Contudo, elas não vão poder migrar os contratos de concessão para os de autorização.

Crédito rural

Prazo para renegociação de dívida de investimento vai até 31 de maio

A renegociação autorizada abrange operações de investimento cujas parcelas com vencimento em 2024 podem alcançar o valor de R$ 20,8 bilhões

19/04/2024 15h00

Em MS, podem renegociar os produtores de soja, milho e bovinocultura de leite e de carne. Arquivo/Correio do Estado

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Os produtores rurais que foram prejudicados por intempéries climáticas ou queda de preços agrícolas têm prazo até 31 de maio para renegociar dívidas do crédito rural para investimentos. A informação é do Ministério da Agricultura e Pecuária, com base em medida aprovada, com apoio do Ministério da Fazenda, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em março passado.

Segundo o comunicado, com a iniciativa, as instituições financeiras poderão adiar ou parcelar os débitos que irão vencer ainda em 2024, relativos a contratos de investimentos dos produtores de soja, de milho e da pecuária leiteira e de corte. Neste contexto, as operações contratadas devem estar em situação de adimplência até 30 de dezembro de 2023.

A renegociação autorizada abrange operações de investimento cujas parcelas com vencimento em 2024 podem alcançar o valor de R$ 20,8 bilhões em recursos equalizados, R$ 6,3 bilhões em recursos dos fundos constitucionais e R$ 1,1 bilhão em recursos obrigatórios.

Caso todas as parcelas das operações enquadradas nos critérios da resolução aprovada pelo CMN sejam prorrogadas, o custo será de R$ 3,2 bilhões, distribuído entre os anos de 2024 e 2030, sendo metade para a agricultura familiar e metade para a agricultura empresarial. O custo efetivo será descontado dos valores a serem destinados para equalização de taxas dos planos safra 2024/2025.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse na nota: "Problemas climáticos e preços achatado trouxeram incertezas para os produtores. Porém, pela primeira vez na história, um governo se adiantou e aplicou medidas de apoio antes mesmo do fim da safra".

Confira abaixo as atividades produtivas e os estados que serão impactados pela medida:

soja, milho e bovinocultura de carne: Goiás e Mato Grosso;

bovinocultura de carne e leite: Minas Gerais;

soja, milho e bovinocultura de leite: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;

bovinocultura de carne: Rondônia, Roraima, Pará, Acre, Amapá, Amazonas e Tocantins;

soja, milho e bovinocultura de leite e de carne: Mato Grosso do Sul;

bovinocultura de leite: Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Para enquadramento, os financiamentos deverão ter amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e dos demais programas de investimento rural do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bem como das linhas de investimento rural dos fundos constitucionais.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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