ADRIANA MOLINA
A revitalização do Mercado Municipal de Campo Grande, que começou em 2007, já apresenta resultados econômicos expressivos para os comerciantes que trabalham no local. O fluxo de consumidores, por exemplo, cresceu mais de 248%, saltando de 6,9 mil pessoas ao mês para cerca de 24 mil, o que fez com que o faturamento dos vendedores fosse ampliado em 40%, em média.
Os resultados são frutos principalmente de mudanças visuais, que tornaram o lugar mais agradável e atrativo para turistas e campo-grandenses nos últimos três anos. Uma delas foi a troca das bancas de produtos, antes de madeira, por de metal, que não se deterioram com facilidade e ainda dão aparência mais limpa ao local. “Foram contratados engenheiros e arquitetos que projetaram tanto a questão visual, quanto a de climatização, pois lá era um lugar muito quente”, conta o técnico do Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa de Mato Grosso do Sul (Sebrae-MS), Fernando Rodrigues.
A instituição é responsável pela implantação do Projeto Varejo em Ação − Desenvolvimento do Mercado Municipal de Campo Grande, implantado em 2007, com o objetivo de, por meio das melhorias no ambiente e no atendimento, ampliar em 30% o movimento de consumidores e 20% o faturamento. “Superamos todas as metas, inclusive a de adesão ao projeto, que era de 70% e hoje chega a 75% dos comerciantes”, diz Rodrigues.
Além de mudar as bancas e instalar um sistema de climatização, parte do piso foi trocado e os funcionários e proprietários receberam treinamentos de atendimento ao público, higiene e manipulação de alimentos e plantas. Os produtos, como ervas medicinais, farinhas e grãos, que antes ficavam em sacos abertos para venda a granel, hoje estão em embalagens individuais e lacradas para evitar qualquer tipo de contaminação. Nada é manipulado no local.
Os trabalhadores receberam inclusive curso de inglês para atender os turistas, pois o fluxo desse tipo de consumidor foi ampliado com a inserção do Mercadão no roteiro do City Tour da Capital − outra ação do projeto. Por dia chegam, em média, cerca de dois ônibus com visitantes para conhecer o local. “Só essa iniciativa fez muita diferença para nós. Tivemos a clientela ampliada em mais de 50% por conta do turismo”, conta o gerente da pastelaria do mercado, Jair Oshiro.
Segundo ele, o faturamento cresceu principalmente por conta das vendas de pastéis exóticos, com carne de avestruz e filé de pacu, que despertam a curiosidade dos que visitam pela primeira vez o ponto turístico. Já Maria Aparecida Nakazato, que trabalha com o marido em uma banca de doces, há 51 anos no Mercadão, diz que as vendas cresceram cerca de 30%, mas não só por conta do turismo. “Os clientes antigos comentam que o ambiente melhorou muito, ficou mais agradável e voltam com mais frequência”, afirma.
Fernando Gomes Filho é um deles. Frequenta o mercado há 40 anos e afirma que nunca o viu tão organizado e bonito. “Ele ficou mais moderno, mas manteve coisas tradicionais como, por exemplo, o fumo de corda feito à mão. Hoje não se encontra isso em nenhum outro lugar da cidade, tudo é industrializado e não tem a mesma qualidade do artesanal”, diz. O mesmo conta, Marco Aurélio Barboza, em relação à ervas medicinais. “Encontramos aqui uma grande variedade de plantas, raízes, que não temos em outro ponto de Campo Grande. Tudo embalado e bem manipulado agora”.