Em um movimento atípico no mercado brasileiro, pessoas que costumam comprar ações - que têm maiores riscos de perda, mas podem lucrar mais - estão colocando seu dinheiro em investimentos de renda fixa.
Com a Selic, taxa básica de juros da economia, a 14,25% ao ano, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, com uma queda de 10,26% acumulada nos últimos seis meses, a migração para esse tipo de investimento mais conservador é natural, segundo Paulo Figueiredo, diretor da assessoria de investimentos FN Capital.
“O motivo é simples. Desde junho de 2006 a renda fixa não era tão atrativa”, explica o especialista.
Em levantamento feito com o banco de dados de clientes da empresa, Figueiredo afirma que 62% dos que investiam exclusivamente em ações aderiram à renda fixa. “Esta migração vem ocorrendo desde maio. Até o final do ano, estimamos que esse número deva atingir de 70% a 75%”, acrescenta.
Entre os investimentos de renda fixa, as debêntures, com vencimento para 720 dias, lideram as aplicações, sendo escolhida por 41% do total de aplicadores. Outros 57% dos clientes colocaram seu dinheiros nas diversas modalidades do Tesouro Direto, sendo que apenas 2% se voltaram aos fundos de renda fixa.
Quem investe em ações normalmente possui mais capital para diversificar que o pequeno ou médio investidor, que muitas vezes não pode arcar com os riscos da Bolsa.
Por isso, quem tem pouco dinheiro para formar uma reserva também deve optar por fundos de renda fixa.
Enquadram-se nessa categoria o CDB (Certificado de Depósito Bancário), a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letra de Crédito Imobiliário), os títulos públicos do Tesouro Direto e a poupança – esta última menos rentável que os demais, mas sem carência de retirada, que em outras modalidades pode ser estipulada em meses ou anos.
O economista Pedro Afonso, diretor de investimentos da TOV Corretora, alerta que, na hora de optar por uma destas alernativas, quem não tem tanto dinheiro não deve apostar em títulos com ganhos pré-fixados.
Para essas pessoas, ele indica produtos com rendimento pós-fixados, que oscilam conforme a taxa de juros, porque a pessoa pode recorrer ao investimento antes do vencimento, por exemplo, para ajudar na compra de uma casa ou sanar uma dívida.
“Se ela faz pré-fixado, a taxa de juros pode estar mais alta na data da venda, então ela vai ganhar menos, já que seu título é menos atrativo que outros”, explica. “Por isso, para o pequeno investidor eu sempre recomendo os pós-fixados.”