As próximas semanas serão decisivas para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) da Petrobras, empreendimento bilionário cuja a construção em Três Lagoas - a 326 quilômetros de Campo Grande - foi interrompida em dezembro de 2014, por ilegalidades apontadas pela Operação Lava Jato.
Representantes da estatal brasileira e da empresa russa estarão juntos com integrantes do governo do Estado, para definir os critérios de prorrogação dos incentivos fiscais concedidos à obra. O encontro deve ocorrer até o próximo dia 18, informou ontem o secretário de Meio Ambiente, DesenvolvimentoEconômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.
“Eles tinham marcado (a reunião) e depois cancelaram por causa da decisão do Supremo (decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu por 1 ano a venda dos ativos da Petrobras, como a UFN3), explicou Verruck. O secretário afirmou que agora que a venda de ativos das estatais foram novamente liberados peloSTF, as partes interessadas pediram um novo encontro. “Eles virão exatamente para confirmar a prorrogação dos incentivos, e o govenador Reinaldo Azambuja já sinalizou que não tem nenhuma restrição ao pedido deles. Nosso interesse é que a atividade seja retomada”.
PRORROGAÇÃO
Os incentivos fiscais devem ser prorrogados por mais dois anos, tempo suficiente para a Acron, maior produtora de feritilizantes do mundo, concluir a obra. Conforme Verruck, o que interessa agora é que o cronograma de conclusão da negociação entre as duas empresas, e a retomada das obras, avancem rapidamente.
A estimativa é que a Acron compre UFN3, em Três Lagoas, e a Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), na grande Curitiba (PR), ambas adquiridas em um negócio de R$ 8,2 bilhões, que será concluído até setembro deste ano.
O canteiro de obras, em Três Lagoas, deve levar pelo menos seis meses para ser refeito, e a previsão é de que a UFN3 comece a produzir a partir de 2020.
GÁS NATURAL
Também estão previstas reuniões entre representantes da Acron e do governo Boliviano. O gás natural, na fábrica de fertilizantes, não será um mero combustível, mas a matéria-prima dos produtos dela.
A compra da matéria-prima para a produção dos nitrogenados em Três Lagoas é dada como certa dos lados boliviano e russo. O que falta, segundo Verruck, é concluírem o preço e as condições da compra da commodity.
A retomada da UFN3 integra o plano do governo boliviano de aumentar a venda de gás natural para o Brasil, reduzida a partir de 2016, quando a Petrobras passou a dar preferência ao abastecimento para o centro-sul do Brasil para o produto retirado de suas jazidas no Pré-Sal, no Oceano Atlântico.
Quando estiver em operação, a unidade de fertilizantes de Três Lagoas consumirá aproximadamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por mês.
A título de comparação, atualmente, em 2019, o volume médio mensal de importação de gás boliviano para o Brasil é de 13 milhões de metros cúbicos por mês.
O contrato da década de 1990 entre Bolívia e Petrobras estabelecia cota mínima de 30 milhões de metros cúbicos mensais, mas, no auge das importações, o volume que passou pelo gasoduto foi o dobro disso.