Economia

ECONOMIA

A+ A-

Saiba avaliar os custos envolvidos na compra da casa própria

Escalada da Selic e da inflação ampliam a necessidade de planejamento financeiro

Continue lendo...

A escalada da Selic e da inflação ampliam a necessidade de planejamento financeiro por quem se prepara para comprar a casa própria.

Dados da CNC (confederação nacional do comércio) apontam que, em abril, o Brasil alcançou o maior percentual de famílias endividadas desde janeiro de 2010: 77,7%. 

E a principal dívida de 8,3% delas é o financiamento imobiliário com uso do FGTS (fundo de garantia). 

Para a maioria da população brasileira, o único recurso para o sonho de ter um imóvel.

Só nos primeiros quatro meses de 2022, foram financiados 45,3 mil imóveis, totalizando um valor de R$ 52,62 bilhões, segundo a Abecip (associação das instituições que oferecem essa modalidade de crédito). 

Já nos 12 meses encerrados em abril, a soma atingiu R$ 198,12 bilhões.

Pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação), o comprador consegue crédito de até 80% do valor total do imóvel para pagar em até 35 anos em parcelas que não podem passar de 30% da renda dele.

Embora os juros do financiamento imobiliário não variem na mesma proporção da Selic, eles devem subir no próximo semestre, afastando milhares da casa própria. 

De acordo com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), um ponto percentual a mais nos juros do crédito imobiliário deixa cerca de 1 milhão de famílias sem acesso ao crédito.

A Selic interfere ainda na renda média para obter o financiamento. Se a taxa básica de juros sobe, o financiamento fica mais caro, aumentando as chances de o consumidor não conseguir pagar as parcelas. 

Para evitar o risco de inadimplência, os bancos aumentam a renda exigida a para contratação do financiamento.

Apesar do aumento do custo, Roberto Nascimento, CEO da Kzas Krédito, afirma que, se a renda não for um problema, pode valer a pena entrar em um financiamento ainda neste semestre. 

Principalmente, se o consumidor puder dar mais do que 20% do valor do imóvel como entrada.

"Se encontrar um negócio bom, vale aproveitar. Amanhã a taxa volta a cair, e o comprador pode fazer portabilidade ou negociar o saldo restante", afirma o empresário.

"As pessoas tendem a pensar que comprar um imóvel à vista é o melhor dos mundos, mas, na verdade, os juros do financiamento seguem baixos, mesmo com as subidas da Selic. Faz mais sentido aplicar em títulos de investimento e pagar o financiamento com seu rendimento, do que pagar um imóvel à vista", diz Nascimento.

Outro cuidado para evitar a inadimplência está na escolha pelo tipo de amortização do financiamento. Pela tabela Price, as prestações serão sempre iguais, mas serão compostas por mais juros.

Pelo SAC (Sistema de Amortização Constante) as parcelas são mais caras no início e mais baratas no final, por causa da diminuição progressiva dos juros.

Segundo os especialistas, para quem não pode dispor de valores mensais mais altos no começo, a Price é mais indicada, mas é preciso ficar atento para não usar todo o limite do orçamento.

Já para quem quer pagar menos juros e pode arcar com um valor de parcela mais alto no início do financiamento, seria melhor financiar pelo SAC.

Os gastos com a casa própria vão além do financiamento e precisam constar do planejamento. 

Além dos gastos fixos mensais com água, luz, gás e internet, os primeiros anos de adaptação ao novo lar oneram o orçamento com impostos do imóvel, taxas para a transferência da propriedade e possíveis reformas.

"De cara, ele precisa guardar 20% do valor do imóvel que pretende comprar. Quando for efetivamente se mudar, terá despesas que devem chegar a mais 10% do imóvel", afirma Eliane Habib, da Planejar.

A educadora financeira recomenda sempre manter um fundo de reserva para cobrir, pelo menos, seis meses de despesas da casa. 

"É preciso ter um planejamento de médio e longo prazo para esse imóvel. Quando o imóvel já está pronto, o condomínio já está constituído. Nos novos, essa despesa irá aumentar mês a mês até que tudo fique pronto", diz Habib.

Se comprar um imóvel na planta, por exemplo, até receber as chaves, o consumidor irá pagar até 35% do valor do imóvel. 

O restante será pago ao longo dos anos, junto aos custos para instalar pisos, mobiliar e administrar a casa.

"A armadilha do imóvel é se apaixonar por ele, porque daí o comprador não enxerga mais nada. Por isso se planejar, simular gastos, analisar qual o perfil ideal do imóvel -se usado ou novo- cabe com folga no orçamento deve ser o início de todo um plano financeiro para a família", afirma a educadora.

CUSTOS DA CASA PRÓPRIA

Até a entrega das chaves

  • Entre 30% e 35% do valor do imóvel, em parcelas pagas à incorporadora

Após a entrega das chaves

  • Financiamento bancário
  • Taxa de vistoria
  • Certidões negativas - pode chegar a R$ 200
  • Escritura - varia de acordo com o estado - para um imóvel de R$ 500 mil na capital, por exemplo, o preço cobrado pelo cartório é de R$ 3.630
  • Registro do imóvel - aproximadamente 1% do valor venal do imóvel
  • ITBI (Imposto Sobre Transmissão de Bens) - varia entre 2% e 4% do valor venal do imóvel
  • Seguro residencial
  • Condomínio - reajustado mensalmente
  • IPTU
  • Mobília e decoração do imóvel
  • Consumo de água, luz, gás e supermercado
  • Mensalidade do serviço de internet
  • Transporte público ou combustível

PARA NÃO SE ENDIVIDAR

- Considere que irá pagar parcelas 1/3 maiores do que o valor informado na análise de crédito

- Não compre no limite do orçamento

- Deixe sempre reservado para emergências o valor correspondente a seis meses das despesas mensais da casa

- Utilize o FGTS no financiamento do imóvel

- Analise investimentos que possa resgatar o rendimento para quitar parcelas do financiamento do imóvel

- Para reformas, mesmo que pequenas, faça mais de um orçamento

ECONOMIZE PARA A CASA PRÓPRIA

- Reduza gastos com cartões de crédito e priorize os que não têm cobrança de anuidade

- Opte por pacotes mais simples de TV a cabo e reveja os planos de internet e celular

​- Faça as refeições em casa e evite o delivery

- Vá ao supermercado com uma lista de compras e não fuja dela

- Utilize um gerenciador financeiro no celular para controlar os gastos

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

Continue Lendo...

O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

ASSINE O CORREIO DO ESTADO

Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

Continue Lendo...

A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).