Em sua primeira reação pública após rebaixamento da nota de crédito da França pela agência Standard & Poor’s (S&P), o presidente Nicolas Sarkozy disse neste domingo (15) que a França poderia superar sua crise da dívida se estivesse preparada para se unir e adotar reformas econômicas.
Ele afirmou que fará um discurso à nação no final do mês e falará aos franceses sobre "as decisões importantes que devem ser feitas sem demora".
Sarkozy disse que iria anunciar reformas no final do mês e que pretende implantá-las rapidamente, depois de conversar com líderes sindicais e empregados na próxima semana.
"A crise pode ser superada desde que tenhamos a vontade coletiva e a coragem para reformar o nosso país", disse em um discurso para celebrar os 100 anos de nascimento de Michel Debré, pai da constituição da Quinta República francesa.
"Nós devemos resistir, devemos lutar, devemos mostrar coragem, devemos permanecer calmos", afirmou ele.
Sarkozy deve se reunir na quarta-feira (18) com sindicatos e empregadores para tentar tornar o mercado de trabalho da França mais flexível e combater o desemprego antes das eleições presidenciais neste ano.
Rebaixamento da nota de crédito
Na sexta-feira, a agência de classificação de risco S&P cortou o rating de crédito "AAA" que a França mantinha desde junho de 1975 em um degrau, para "AA+". O país detinha, até então, a nota mais alta na escala da agência, o que significa que sua dívida representava praticamente nenhum risco aos tomadores.
Durante o discurso, Sarkozy não comentou diretamente a decisão da agência, apesar de críticas no final de semana de políticos socialistas, da oposição, que disseram que foram suas políticas que tiveram a nota rebaixada, não a França.
Principal oponente de Sarkozy na disputa presidencial, o socialista François Hollande observou que o atual presidente tinha apostado a sua reputação em manter o rating de crédito do país valorizado. Mas agora, segundo Hollande, está claro que ele falhou.
A três meses da eleição presidencial, Sarkozy voltou sua atenção para o crescimento do país, prometendo rever o financiamento do sistema de bem-estar social, encargos trabalhistas de empresas e a flexibilidade no emprego, com planos para um chamado "TVA social" para financiar o sistema de bem-estar e um imposto sobre as transações financeiras.