Economia

LOGÍSTICA

A+ A-

Seca leva Bolívia a perder saída comercial pelo Rio Paraguai

Canal Tamengo e Laguna Cáceres enfrentam redução drástica de nível, inviabilizando a navegação

Continue lendo...

Problema ambiental grave na região de fronteira gera ameaça econômica para o comércio internacional entre Brasil e Bolívia. 

Uma importante conexão entre os dois países para a utilização da hidrovia Paraguai-Paraná envolve o Canal Tamengo, que fica entre as duas nações, que se liga à Laguna Cáceres, localizada em Puerto Suárez e ainda em Puerto Quijarro. 

Essas áreas estão sob risco de sedimentação e com baixo volume não só pelo período de seca, mas por conta da necessidade de manutenção tanto na Bolívia como no Brasil.

O Canal Tamengo, em especial, é a ligação entre os países e é um afluente da Laguna Cáceres, que abriga o mais importante porto da Bolívia. Nessa região, há números comerciais importantes. 

Dados do Observatório Nacional de Transporte e Logística da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) mostram que entre janeiro e outubro de 2021 foram transportados 1,889 milhão de toneladas de produtos, um volume de US$ 117,493 milhões (ou R$ 647 milhões). 

Esse comércio já foi mais forte, sem o período de pandemia e com nível de rio e seus acessos, em 2018 o transporte já chegou a 3,602 milhões de toneladas, e US$ 282,105 milhões em valor – R$ 1,554 bilhão.  

Há cerca de um ano, a Laguna Cáceres está sendo impactada diretamente pelo período de seca, que também reduziu o nível do Rio Paraguai. 

As condições climáticas agravaram-se porque ainda existe a necessidade de um trabalho de dragagem em várias partes do Canal Tamengo para permitir que a água abasteça a lagoa, que nos períodos mais cheios chega a ter 200 km² de área, mas atualmente apresenta várias partes cobertas praticamente só com vegetação. A área da baía é de 26,5 km².

Em Puerto Suárez, onde a lagoa é um atrativo turístico e fator econômico para movimentar a economia local, não existe sinal de água. 

O píer montado para convidar turistas a observar o que antes já foi um “mar” de água, hoje só tem vegetação, capivaras e jacarés. Essa condição começou a se consolidar por volta de setembro de 2021 e atingiu níveis críticos em novembro do ano passado. 

Foi nesse período que as embarcações bolivianas também pararam com a navegação porque não havia mais altura na lagoa e no canal.

OPERAÇÃO

O Porto Jennefer depende da lagoa para poder operar e tem classe de operação internacional, ficando a 6 km da fronteira da Bolívia com o Brasil. Ele é responsável por captar até 70% do comércio boliviano e despachar não só para o território brasileiro como encaminhar cargas para o Oceano Atlântico por meio da Hidrovia Paraguai-Paraná.

Representando a Câmara de Deputados da Bolívia, em uma comissão de assuntos internacionais, a deputada Luisa Nayar esteve na Laguna Cáceres em outubro de 2021.

 Conforme ela, houve a identificação que o problema no local foi agravado por uma sedimentação que existe no Canal Tamengo e também na Baía do Tuiuiú, que fazem ligação com a lagoa.

“Há cerca de 30 anos, houve a explosão de uma grande pedra na região, porém esses sedimentos nunca foram retirados, e agora eles estão dificultando a situação. É uma questão que envolve a participação do governo brasileiro também”.

Ela visitou a baía em um trabalho conjunto que envolveu outras autoridades federais, empresários, representantes das prefeituras de Puerto Quijarro e Puerto Suárez. 

O grupo fez a inspeção para dimensionar o tamanho do problema e deliberar sobre medidas urgentes a serem implementadas. Logo depois da inspeção realizada ano passado, um documento foi elaborado e enviado ao governo federal boliviano para solicitar apoio brasileiro na questão.

A deputada disse que houve encaminhamento para o Brasil sobre a realização de limpeza de sedimentos em áreas do Canal Tamengo, bem como na Baía do Tuiuiú. Apesar do pedido, ainda não existe uma resposta certa de quando essa obra deverá ocorrer.

“Temos de agir também no Canal Tamengo, porque ali há risco de também haver situação semelhante [à Laguna Cáceres] e secar. O problema é muito sério, porém vai exigir uma atuação conjunta de governos da Bolívia e do Brasil 

OBRAS

A empresa responsável pelo Porto Jennefer confirmou ao Correio do Estado que passou a desenvolver várias obras de dragagem no Canal Tamengo, com repercussão na Laguna Cáceres. 

Essas intervenções estão sendo feitas pela iniciativa privada, sem recursos públicos bolivianos nem brasileiros.

As obras concentraram-se nas proximidades do Parque Marina Gatass, que fica em Corumbá e é o canal de entrada para o território boliviano via meio fluvial. 

“Está melhorando. A empresa está fazendo manutenção em um ponto crítico. Temos previsão para que daqui a 15 dias, mais ou menos, já poderemos navegar”, explicou Bismark Rosales, gerente do Porto Jennefer.

Essas manutenções que estão em andamento ainda têm previsão de aumentar o refluxo da água e elevar o nível da Laguna Cáceres. O porto está localizado na baía, porém entre a área que ocupa parte da cidade de Puerto Suárez e o acesso ao Canal Tamengo. “Hoje, o canal está entupido com sedimentos, e esperamos melhorar essa situação”, reconheceu Rosales.

A avaliação do nível da lagoa e do canal está ocorrendo diariamente, e a empresa portuária já projeta que na primeira semana de fevereiro deve começar a carregar embarcações para serem despachadas, bem como começar a receber combustível vindo de Paranaguá (PR).

Pelo lado brasileiro, o Dnit divulgou que realiza o serviço de dragagem no Rio Paraguai para melhorar as condições de navegabilidade. O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes vai desenvolver esse trabalho no trecho entre Cáceres (MT) e Corumbá. Esse serviço começou em julho de 2021 e vai ser concluído somente em dezembro deste ano.

O órgão informou, ainda no ano passado, que conseguiu completar a dragagem de 557.500 m³ da hidrovia. A execução, porém, vai respeitar a janela hidrológica do rio (maio-outubro) e seu período de defeso, que ocorre agora e se encerra em fevereiro. 

No total, o empreendimento conta com investimento de R$ 16,1 milhões para os dois anos de duração, contemplando contratos de execução, supervisão e gestão ambiental.

ENERGIA LIMPA

Governo quer encomenda tecnológica ainda neste ano para transição energética

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas

16/04/2024 14h00

Continue Lendo...

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação quer ter até o final deste ano um plano com prioridades e diretrizes do uso do poder de compra do Estado como incentivo à criação de tecnologias ligadas à transição ecológica, diz o secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes. 

A ferramenta utilizada para esse fim serão as encomendas tecnológicas, em que o governo contrata empresas para desenvolver produtos inexistentes no mercado.

Em entrevista à Folha de S.Paulo no início do mês, o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Ricardo Dubeux, disse que o poder de compra do governo será usado para superar gargalos tecnológicos em áreas escolhidas como prioritárias, como energias solar e eólica, além da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis. Dubeux lidera o Plano de Transição Ecológica do governo.

A encomenda tecnológica surge a partir de uma demanda de inovação advinda de algum ministério, órgão público ou empresa estatal. O MCTI é responsável por estruturar o desenvolvimento da tecnologia junto à empresa ou instituto contratado e, ao fim, o demandante se compromete a comprar o novo produto em escala.

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018, excluiu a necessidade de licitações em caso de compra de produtos inovadores, como é a intenção do uso dessas encomendas no contexto da transição ecológica.

Esse mecanismo chegou a ser questionado pelos europeus na discussão sobre um acordo entre Mercosul e União Europeia –posição que Fernandes avalia como hipócrita.

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas, ainda que o valor não tenha sido divulgado.

"[Para estabelecer esse valor, precisamos saber] quais são as demandas que irão, digamos assim, fechar o ciclo da inovação daqueles desafios da transição energética e da transição ecológica", diz Fernandes. Segundo ele, o MCTI espera receber as demandas de outras pastas e de órgãos públicos até o final do ano. O instrumento também será usado em outras áreas, como saúde.

Essas demandas precisarão seguir diretrizes estabelecidas ao longo do ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que reúne vários ministérios e representantes da indústria. Além das encomendas, essas demandas podem ser supridas por meio de editais ou carta-convite a empresas.

Questionado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse que as encomendas tecnológicas estão previstas no NIB entre os instrumentos de contratações governamentais, mas ainda não há definição sobre valores e setores em que o instrumento poderá ser utilizado.

O FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que Fernandes dirige, entrará como um dos mecanismos financeiros para essas compras. O fundo, contingenciado pela gestão Bolsonaro, voltou a ter destaque no governo Lula. O orçamento de 2024 reservou R$ 12,8 bilhões ao fundo; no ano passado foram R$ 10 bilhões.

"[A encomenda] é um instrumento novo que tem potencial gigantesco para promover o desenvolvimento do país. Toda inovação envolve risco, e o compartilhamento dele tem um lado via investimento, seja subvenção econômica ou crédito em condições mais favoráveis. Mas tem um outro lado de enfrentamento da incerteza associada à inovação que é o acesso ao mercado, que, nesse caso, é dado pelo poder público", diz Fernandes.

O instrumento é tido pela área econômica do governo como importante catalisador da inovação para a transição ecológica. Permite, por exemplo, auxiliar municípios no desenvolvimento de alternativas de mobilidade em energias renováveis.

Para ele, o instrumento também pode ser usado pela Petrobras, considerada por muitos como essencial no plano de transição energética do país. "Na medida em que ela assume mais a feição de uma empresa de energia, e não de petróleo e gás, acho que faz todo sentido."

A importância dada pelo governo brasileiro a essa ferramenta foi um dos pontos a travar as discussões do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo Lula quis alterar pontos do acordo inicial firmado na gestão Bolsonaro, mas enfrentou resistência dos europeus.

"A posição deles (europeus) é hipócrita, porque eles adotam isso amplamente, sobretudo na área de defesa. A área de defesa toda é operada através de demandas tecnológicas e isso depois é transplantado para aplicações civis. Eu entendo que eles queriam preservar uma posição que, no momento, é de assimetria; eles têm vantagem tecnológica, e queriam usá-la para disputar o mercado de compras públicas no Brasil e queriam limitar, portanto, a possibilidade de encomendas tecnológicas como indutora de capacidade tecnológica de inovação nacional", diz Fernandes.

Apenas empresas instaladas no Brasil, nacionais ou não, podem receber encomendas do Estado brasileiro, segundo Fernandes. Já nas licitações as empresas brasileiras podem ter margem de preferência de até 25% se forem cumpridos alguns requisitos, como inovação.

Esse ponto também foi questionado pela União Europeia durante as discussões –as negociações foram interrompidas devido à resistência de alguns países europeus, como a França.

ECONOMIA

Lucro ao fim da Expogrande é cinco vezes maior que no ano passado

Entre 4 e 14 de abril a Exposição faturou R$ 576 milhões, frente aos 110 milhões de reais arrecadados em 2023

16/04/2024 11h05

Balanço da Acrissul aponta que aproximadamente 114 mil pessoas visitaram a Exposição entre 04 e 14 de abril Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Continue Lendo...

Entre os dias 04 e 14 de abril, a tradicional Exposição Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande) faturou em sua 84ª edição cerca de cinco vezes mais do que o lucro registrado em 2023, com os valores mais recentes passando da casa de R$ 576 milhões. 

Conforme balanço da entidade que promove o evento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a soma do faturamento interno bateu R$ 576.801.968,00. 

Enquanto isso, o fechamento após exposição de 2023 atingiu R$ 110 milhões, representando um crescimento anual de mais de cinco vezes no faturamento Expogrande, sendo que a previsão era que 2024 atingisse cerca de R$ 150 milhões. 

Diante do balanço final, contabilizando aproximadamente a visita de 114 mil pessoas, o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destacou a "captação de recursos para investimentos com taxas especiais e exclusivas para a Exposição", como um dos grandes atrativos. 

Ao todo, foram 16 leilões realizados durante a Expogrande, gerando faturamento de R$ 22 milhões, segundo a Acrissul, com a venda de mais de cinco mil animais. 

Esses números também representam avanços, já que no último ano foram 12 leilões; quatro mil animais vendidos e R$ 18 milhões de faturamento. 

2024 de mudanças

Diversas ações aconteceram no Parque de Exposições Laucídio Coelho para que o espaço sedia-se a 84ª edição da Expogrande, como a área de julgamentos que voltou a receber os animais para avaliação, já que no ano passado havia sido transformada em arena de shows. 

Também, a Acrissul detalha que a realocação do estacionamento de associados deu espaço para a arena de shows, que dentre as oito atrações recebidas neste 2024 cabe destacar os nomes de: Simone Mendes, Ana Castela, Launa Prado, e as duplas Henrique & Juliano e Victor & Leo.

Além disso, onde ano passado era a pista de julgamentos, neste 2024 recebeu o "Projeto Fazendinha Acrissul", onde as crianças tiveram contato com os mais diversos animais do campo. 

Em nota divulgada pela Acrissul, Bumlai complementa que, ainda que os preços da pecuária "andem de lado, principalmente com o valor da arroba estagnado", nota-se um esforço do produtor sul-mato-grossense em melhorar o rebanho; diminuir o tempo de abate pela tecnologia e capacitação da mão-de-obra, visando sempre uma melhor lucratividade.
**(Com assessoria)

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).