Economia

ANÁLISE

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Sem auxílio emergencial e ajuda federal, desafio do prefeito será gerar emprego e renda

Economistas apontam dificuldades para administrar a Capital nos próximos anos

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Após um ano atípico, marcado por desafios econômicos impostos pela pandemia da Covid-19, os prefeitos eleitos para os próximos quatro anos têm uma dificuldade a mais: equilibrar as finanças e, ao mesmo tempo, lidar com a incerteza dos efeitos da doença. 

Em Campo Grande, a queda da arrecadação foi menos impactante, mas em 2021 as prefeituras não contam com a ajuda do governo federal e estarão diante de uma população que não receberá o auxílio emergencial.

De acordo com economistas, além de continuar investindo em renegociação de débitos com o fisco, para ampliar receitas o prefeito reeleito na Capital, Marcos Trad (PSD), deve investir em atrair mais empresas. Além de ampliar a receita com impostos, a atração de empresas vai gerar emprego e renda para a população.  

Para o economista Marcio Coutinho, o maior desafio das prefeituras é manter o nível de arrecadação dos anos anteriores.

 “Em função de tudo o que aconteceu neste ano, o cenário para 2021 não é tão animador. Em função disso, o maior desafio é fazer a administração com os recursos escassos e priorizar onde aplicar esses recursos. Se a gente continuar num cenário recessivo, a ampliação de receitas vai ser mais difícil. Por mais que o cenário esteja complexo, a alternativa é buscar a atração de empresas para nosso município; empresas de grande porte que gerem emprego e, consequentemente, renda, o que faz a economia girar”, considera.

O doutor em Economia Mateus Abrita ainda ressalta que as consequências econômicas da pandemia continuam sendo o principal obstáculo para os gestores.

 “Caso a pandemia tenha controle, por meio de um tratamento ou vacina, as coisas podem ir gradualmente voltando ao normal e diminuindo as incertezas. Contudo, caso tenha outra onda de Covid-19 aqui, a exemplo do que está ocorrendo na Europa, inevitavelmente teremos impactos na economia. Esta dicotomia entre saúde e economia é totalmente equivocada, as duas coisas são duas faces de uma mesma moeda, ou seja, melhor condição de saúde ajuda a economia e uma melhor economia também ajuda a saúde”, destacou.

Mesmo com as previsões pessimistas, a arrecadação da Prefeitura de Campo Grande não caiu. O efeito foi justamente contrário: cresceu 13,36% em relação ao ano passado. 

Conforme último demonstrativo da Receita Corrente Líquida (RCL) divulgado, de janeiro a agosto de 2020 a arrecadação chegou a R$ 2,723 bilhões, contra R$ 2,402 bilhões no ano passado.  

Quando considerada a receita líquida, já com as deduções, o aumento é de 12,64%. A receita corrente líquida passou de R$ 2,218 bilhões no ano passado, para R$ 2,498 neste ano. 

As receitas com o Imposto Sobre Serviços (ISS) geraram R$ 226,017 milhões de janeiro a agosto de 2020, enquanto em 2019 foram R$ 219,301 milhões.

Menos recursos

Durante a crise econômica enfrentada neste ano, os estados e municípios receberam ajuda do governo federal. 

O socorro aos estados foi divido entre custeio da máquina pública e valores destinados ao combate à pandemia. Campo Grande recebeu R$ 148,5 milhões do rateio.  

Outro recurso importante de movimentação financeira na economia local foi o auxílio emergencial. A medida injetou R$ 877,5 milhões para 237,1 mil pessoas na Capital durante as cinco parcelas do benefício.

Segundo os economistas, os recursos farão falta para o próximo ano. 

“Certamente este é um dos maiores motivos de alerta. Temos que acompanhar de perto como a economia real [emprego, renda, produção] vai se comportar após o término desta injeção de recursos que o auxílio trouxe. Alguns estudos demonstram que o auxílio foi fundamental para evitar uma crise ainda mais grave e também ajudou sobremaneira na recuperação econômica, evitando uma situação ainda mais grave”, explicou Abrita.

Coutinho reforça que o reflexo na economia é esperado, porque menos dinheiro estará circulando nas cidades.

 “A partir do momento que reduz o volume de recursos disponíveis, as pessoas gastam menos, consomem menos, e consumindo menos as prefeituras arrecadam menos impostos. Uma alternativa que poderia ser interessante para as administrações municipais é tentar recuperar o que está atrasado. As inadimplências referentes aos impostos”, ponderou.  

Com o programa de renegociação de débitos (Refis) a prefeitura da Capital recuperou R$ 83 milhões em débitos tributários em 2020.

 Neste ano, segundo o economista Mateus Abrita, o Refis foi uma decisão acertada.

 “Talvez o mais importante ou tão importante quanto angariar mais recursos seja utilizar os recursos que possui com sabedoria e eficiência. Ou seja, alocar de maneira inteligente em setores e áreas que podem trazer efeitos multiplicadores positivos para toda a economia. Certamente adoção de planejamento estratégico que perpasse por programas inovadores e inventivos também será fundamentais para enfrentar este cenário complicado”.

Outras cidades

Conforme os economistas, os municípios de menor porte terão mais dificuldade para se recuperar economicamente. 

“As pequenas cidades devem sofrer mais porque geralmente as economias são bastante concentradas. Diferente de Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, que têm uma economia mais diversificada. A diversificação da base econômica favorece a passar pelas dificuldades”, considerou Marcio Coutinho.  

IMPOSTO-RENDA

Senado aprova isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.824

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos

17/04/2024 20h00

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo Marcos Oliveira / Agência Senado

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O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos, R$ 2.824 mensais. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida adotada pelo governo vem para evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela por causa do último reajuste do salário mínimo —que subiu para R$ 1.412 em 1º de janeiro.

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo. Salários, aposentadorias e pensões de dois salários mínimos ficarão isentos.

O reajuste é de R$ 6,97% na faixa inicial, subindo de R$ 2.112 para R$ 2.559,20. O governo concedeu um desconto extra de R$ 564,80 para chegar à isenção ao R$ 2.824.

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos pagarão menos IR por causa da progressividade da tabela.

O texto foi enviado ao Congresso em fevereiro como MP (medida provisória), mas acabou avançando via projeto de lei diante da resistência da Câmara com a tramitação de MPs, que exigem uma comissão formada por deputados e senadores.


O projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e relatado no Senado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

Durante a votação, senadores de oposição lembraram a promessa de Lula de isentar de IR quem ganha até R$ 5.000 por mês e tentaram ampliar a isenção de dois para três salários mínimos, o equivalente a R$ 4.236,00.

A proposta, no entanto, acabou derrotada durante a votação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que, antes de Lula, a tabela do Imposto de Renda não era corrigida desde 2015 —no governo Dilma Rousseff (PT).

"Não é não querer dar. É, infelizmente, tem que dar sem provocar um impacto negativo, que seria eventualmente o não controle das contas públicas. Nós já estamos com um problema que não é nosso, é das guerras lá fora. Sobe petróleo, sobe dólar. Daqui a pouco vão querer subir juros."

Em seu parecer, o líder do governo Lula no Congresso disse também que o debate sobre a isenção será "mais bem aprofundado" durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda —que o governo pretende enviar ao Congresso até o fim do ano.


Em janeiro, Lula reforçou o compromisso de campanha em entrevista a uma rádio na Bahia: "Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5.000. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda".

Segundo o governo federal, a redução de receitas prevista com a medida neste ano é de R$ 3,03 bilhões. O valor passa para R$ 3,53 bilhões no próximo ano e para R$ 3,77 bilhões em 2026.

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Economia

BC não intervém no câmbio quando mercado precifica risco de investir no Brasil, diz Campos Neto

Declaração foi dada após dólar ter tido cinco sessões consecutivas de fortes altas

17/04/2024 14h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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O Banco Central não faz intervenções no mercado de câmbio quando os agentes econômicos precificam o risco de investir no Brasil, afirmou Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, nesta quarta-feira (17).

A declaração foi dada em uma reunião com investidores, organizada pela XP, em Washington, nos Estados Unidos, um dia depois de o dólar ter encerrado a sessão de terça (16) cotado a R$ 5,268, operando em seu maior valor desde março de 2023.
Após cinco sessões consecutivas de fortes altas, a moeda americana operava em queda na manhã desta quarta, devolvendo parte dos ganhos.

Segundo Campos Neto, essa função é usada em casos de disfunção no mercado de câmbio, lacuna de liquidez ou episódios marcados por má interpretação dos investidores.
"Não reagimos ao fato de as pessoas estarem precificando nosso prêmio de risco. Reagir a isso é muito perigoso porque há muitas maneiras diferentes de fazer hedge [instrumento de proteção] do prêmio de risco no Brasil", disse.

O presidente do Banco Central atribuiu a maior parte do estresse do mercado financeiro à piora do cenário externo e outra parcela à questão fiscal doméstica.

No cenário global, o principal fator de atenção está relacionado à perspectiva de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduza os juros apenas no segundo semestre devido à resiliência da economia americana. Houve ainda o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel e um eventual impacto sobre o preço do petróleo.

Na política doméstica, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs uma revisão na trajetória das contas públicas, reduzindo a velocidade do ajuste fiscal. Para 2025, a meta fiscal passa a ser zero, não mais um superávit 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme o PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) do próximo ano.

"Há muito tempo dizemos que é muito importante perseverar com as metas. Novamente, não há relação mecânica [entre a questão fiscal e a política de juros]. [...] Mas a evidência que temos do que aconteceu nos últimos dias nos diz que o mercado ficou mais preocupado com a parte fiscal", disse.

"Isso pode mudar as expectativas sobre qual será o equilíbrio fiscal no futuro e isso terá um efeito no prêmio de risco. Isso também torna o trabalho [do BC], em termos de política monetária, mais difícil e mais custoso. A reação do mercado implica que parte da revisão recente vem da parte fiscal, mas uma parte muito maior vem do [ambiente] externo", complementou.

Campos Neto voltou a afirmar que as âncoras fiscal e monetária estão muito relacionadas e que, com a mudança em um dos lados, a autoridade monetária precisa entender agora como isso influenciará a sua função de reação.
"Sempre defendemos o fato de que eles deveriam se ater à meta e fazer o que fosse necessário para alcançá-la. Entendemos que houve a necessidade de mudança. A ideia não é comentar tanto sobre fiscal, mas tentar ver como isso vai influenciar nossas funções de reação através das várias medidas que são importantes para nós", disse.

"O importante para nós é como essas variáveis [decorrentes da questão fiscal e do cenário externo] influenciam nosso quadro e se achamos que isso é temporário ou se há uma mudança mais estrutural na qual precisamos prestar atenção", acrescentou.

Diante de uma nova turbulência no cenário econômico, Campos Neto relembrou uma conversa que teve com seu antecessor, Ilan Goldfajn, quando assumiu o comando da autarquia.

"Ele me disse que nunca há um momento calmo no Banco Central. Acho que estava certo. Quando olho para trás naqueles anos em que começamos, tivemos crise na Argentina, depois Brumadinho [rompimento da barragem]. Acho que não tivemos um período de três meses sem qualquer tipo de crise", afirmou.

O presidente do BC disse também que a autoridade monetária fará o que for necessário para levar as expectativas de inflação em direção às metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

A partir deste ano, o alvo é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

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