Prestes a completar um ano, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida anima os representantes da cadeia da construção com a perspectiva de sua extensão, que deve ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã, juntamente com o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). A expectativa geral é de que a meta de 1 milhão de habitações contratadas no final de 2010 será atingida. Mas o setor pede ajustes e espera objetivos mais ambiciosos para os próximos anos, com a ampliação das vendas ao segmento de menor renda. A proposta em discussão no governo para sequência do Minha Casa, Minha Vida, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), prevê a construção de dois a três milhões de casas nos próximos quatro anos. E essa etapa deve ser mais audaciosa, com a incorporação de parcela maior de famílias com renda entre zero e três salários mínimos, segundo explica Paulo Safady Simão, presidente da ent idade que part ic ipa d as discussões sobre o tema com o governo. A expectativa é de q u e p e l o menos 50% do total de unidades será destinado a esta faixa de r e nd a. Na primeira fase do programa 40% do total previsto para ser contratado foi para esse grupo. Estimulada pelas boas perspectivas para o mercado imobiliário, a CBIC espera crescimento de 9% para a indústria da construção civil neste ano. Ajustes Para que o Minha Casa, Min ha Vida gan he mais agilidade, o setor pede a lguns ajustes. O presidente do Si nd ic a t o d a s Empresas de Compra, Locação e Administ ração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi- S P ) , J o ã o Crestana, por exemplo, defende que o programa se torne política de Estado e não do governo Lula. A desconcentração das aplicações dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – hoje centralizadas na Caixa – também é uma das mudanças pleiteadas. Na avaliação de Crestana, os bancos privados poderiam operar de forma mais simplificada os recursos do FGTS para compra de imóveis, trazendo maior agilidade ao processo. Para o presidente do SindusCon- SP, Sérgio Watanabe, isso provavelmente será revisto nesta segunda etapa e poderia incluir o Banco do Brasil. “Se falava sobre isso desde o ano passado, mas acredito que o BB já esteja se estruturando para atuar no segmento de baixa renda”, pondera. Na opinião de Watanabe, para se promover ataque definitivo ao déficit habitacional é preciso discutir questões operacionais. “Os entraves jurídicos para a aprovação dos projetos, seja em sua fase inicial ou final, e a disponibilidade de terrenos nos grandes centros urbanos, cada dia mais escassos e caros, são temas que merecem atenção especial neste momento”, diz.