O governo federal tem acumulado em caixa R$ 59 bilhões para investimentos públicos, que não conseguiu gastar. O valor é referente a obras previstas nos orçamentos anuais da União que não saíram do papel. Chamados no jargão técnico de restos a pagar, os recursos foram empenhados, mas não liquidados e pagos.
Desde que foi lançado o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), em 2007, o montante triplicou. Esses valores são só restos a pagar comprometidos com investimentos, e não incluem os de custeio das despesas do Estado. Boa parte desse dinheiro fica no caixa do governo por vários anos seguidos.
As principais razões da incapacidade de realizar obras são a falta de eficiência da máquina pública e a complexidade do processo. Segundo Francisco Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, um relatório do Banco Mundial mostra que, entre o governo brasileiro tomar a decisão de realizar um grande investimento e a obra efetivamente começar, demora, em média, três anos e dois meses.
Agora, mesmo que conseguisse, o governo não poderia gastar os R$ 59 bilhões acumulados ao longo dos anos ao mesmo tempo, porque comprometeria a meta de superávit primário. Poderia, sim, elevar os investimentos em R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões no ano, mas não consegue por esbarrar na falta de capacidade gerencial.