O ídolo do futebol argentino Diego Armando Maradona morreu ontem em Buenos Aires. Aos 60 anos, completados no mês passado, ele trabalhava como técnico do Gimnasia Y Esgrima de La Plata e lutava contra uma série de problemas de saúde. Ele morreu ao sofrer parada cardiorrespiratória.
A genialidade do argentino pode ser observada de perto por alguns sul-mato-grossenses que jogaram na mesma época.
O ex-lateral direto Luís Edmundo Lucas Correia, conhecido como Cocada, lembra que na década de 1980 conheceu o argentino, que ainda jogava pelo Boca Juniors.
“Ele passou no Rio de Janeiro e o time pediu a Gávea para treinar, naquela época eu jogava no Flamengo e vi comportamento dele no treino. Era novinho ainda, mas já se precipitava como grande jogador, tinha uma habilidade fora do comum, era um jogador diferenciado”, lembra.
“Foi um dos maiores, do nível do Pelé e do Johan Cruijff. Ele deu à Argentina um status que ela tem até hoje pelo nível que apresentou, colocou a seleção em outro patamar”, completa Cocada, ao relembrar o título de 1986 da Copa do Mundo que a Argentina ganhou com Maradona.
Já o atacante Luís Antônio Corrêa da Costa, mais conhecido como Müller, jogou algumas vezes contra o argentino, tento pela Seleção Brasileira como pelo Torino, na época em que Maradona defendeu o Napoli, ambos da Itália.
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Ele relembra como era ingrata a função de entrar em campo contra o rival. “Jogar contra o Maradona sempre foi muito rim porque ele era um craque da bola, joguei algumas vezes".
"Ele era um camisa 10 completo, que hoje não existe mais, era um jogador perfeito, tudo que poderia fazer dentro de campo ele fazia, 99% era criação. A gente usa muito na gíria da bola, que ele parece que tinha três olhos, conseguia fazer coisas inimagináveis”, conta o ex-jogador.
Para Müller, o jogo mais marcante contra Maradona foi na Copa de 1990.
“Ele dribla três jogadores e dá passe de direita para fazer gol, mesmo mal fisicamente ele conseguiu em lampejo de gênio fazer uma jogada que deu vitória para a Argentina. O futebol é coletivo, mas a genialidade dele era tão grande que fazia jogadas individuais que levavam o time à vitória”.
“Toda perde assim é irreparável, ele sempre foi um herói e agora virou um mártir do futebol e vou continuar admirando ele por tudo que fez dentro de campo”, lamentou.
MORTE
Maradona tinha deixado o hospital havia duas semanas após ser internado para tratar de um hematoma no cérebro. Depois disso, o camisa 10 da Argentina foi levado para casa, na cidade de Tigre, região metropolitana de Buenos Aires, para terminar sua recuperação.
A recomendação médica era para que Maradona cuidasse principalmente da dependência química de remédios e de álcool. Seu médico chegou a dizer que ele precisava se cuidar. Maradona não queria fazer o tratamento e tentou deixar o hospital antes do tempo.
O ex-jogador estava em sua casa quando se sentiu mal. Familiares e funcionários chamaram uma ambulância para socorrê-lo, mas ele morreu antes mesmo da chegada do veículo da emergência. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou três dias de luto no país.
POLÊMICO E GÊNIO
Polêmico e gênio da bola, o argentino transcendeu o universo do futebol e entrou para a história como um dos maiores de todos os tempos e até mesmo pelas polêmicas com Pelé.
Maradona nasceu no dia 30 de outubro de 1960 e passou a infância em Villa Fiorito, na periferia de Buenos Aires. Ali, começou a se destacar por sua habilidade com a bola nos pés. Nesta época, o seu maior ídolo era o brasileiro Roberto Rivellino, canhoto como ele.
Na Argentina, Maradona despertou devoção e paixões a ponto de alguns fãs criarem a Igreja Maradoniana, cujos fiéis o consideram seu deus. Pela seleção argentina, além do título de 86, foi vice-campeão na Itália, em 1990. Jogou outros dois Mundiais: Espanha-1982 e Estados Unidos-1994.