Em partida de um campeonato de futvôlei na cidade de Maracaju/MS, o atleta alagoano Jonathan David, foi vítima de racismo durante a sua apresentação em quadra neste domingo (14).
O ato racista foi registrado em live, mas o trecho da fala racista foi publicado em rede social nesta terça-feira (16).
Quando o Jonathan David, 26 anos, foi anunciado para entrar em campo, o narrador da partida soltou a seguinte frase: "Agora eu quero chamar o monstro. Saiu da senzala, é ele, Jonathan".
O autor deste insulto racista em Maracaju foi o narrador Vitor Matheus, conhecido como Baratinha, que trabalha no ramo de forma amadora apresentando eventos esportivo na cidade.
Em entrevista ao site GazetaWeb, o atleta se pronunciou sobre o caso. “No vídeo dá para ver que eu fiquei alguns segundos sentado, me senti bem humilhado. Mas sou atleta profissional e é dali que tiro meu sustento. Então levantei e fui jogar”, afirmou o atleta.
Mesmo depois de ouvir a fala racista, Jonathan seguiu no campeonato, que no fim, o atleta levou o título de campeão para casa. "Consegui vencer, na minha cabeça, eu não podia deixar isso me abalar". disse o atleta.
Pronunciamentos
Pelas redes sociais, o narrador Vitor Matheus se pronunciou sobre o caso, confessando que a frase proferida por ele foi de cunho racista, no texto publicado o narrador pede desculpas para o Jonathan e sua família.
"Antes de mais nada, quero admitir o meu erro. O que 'narrei' durante a apresentação do ATLETA JOHNATAN não condiz com o que penso e o que vou ensinar a meu filho. Todos sabem que eu NARRO os jogos de forma amadora e não profissionalmente. Infelizmente, agi ERRADO; cometi o grave erro de falar o que falei com a conotação racista. Gostaria de me desculpar com todos, principalmente com o ATLETA E SUA FAMILIA, sem exceção, mas sobretudo com a comunidade afrodescendente. De coração aberto, estou disposto a fazer desse erro um aprendizado honesto e integral. Também quero me desculpar com o CT P67 de Maracaju MS que é uma instituição que desde sempre prega e luta pela igualdade, com meus companheiros de equipe e minha família", publicou o Narrador.
Os organizadores da competição em Maracaju, que alugam as quadras de areia para eventos esportivos de futvôlei e beach tennis, também emitiram nota de repúdio sobre o assunto.
"É com imensa tristeza que nossa equipe se manifesta sobre o caso acontecido nesse final de semana. Partimos do principio em que cenas como essa nos atrasam, nos entristecem e torna tudo o que há de bom em ruim. Jamais saberemos a dor de quem sofre racismo, mas, cabe a nós amparar e lutar para que isso seja extinto do meio em que vivemos. A equipe do posto67 prega, além de tudo, por respeito, igualdade, inclusão. Seja por meio do esporte ou de qualquer outra atividade que esteja ao nosso alcance, e jamais nos renderemos a situações como essas. Jonathan, sentimos muito pelo ocorrido, esperamos que vc nem ninguém nunca mais presencie algo parecido, estamos a disposição para todo e qualquer tipo de amparo; judicial ou extrajudicial, oneroso ou isento, aqui ou em qualquer local", declararam.
Jonathan também repercutiu sobre o assunto em suas redes sociais, compartilhando diversas mensagens que recebeu de atletas da modalidade, apoiando o atleta após a exposição do ato racista.