Brasil perde para Holanda nas quartas de final da Copa 2010
Em 2010 o País parou mais uma vez diante de uma seleção verde e amarela que lutou bravamente nos campos de futebol da África, mas acabou nas quartas de final com a vitória da Holanda no dia 2 de julho com saldo de 2 a 1 em uma sexta-feira triste para todos os aficcionados brasileiros pelo esporte.
O Brasil falhou na defesa, seu setor mais elogiado, esteve acuado, quase não chegou ao ataque e demonstrou instabilidade emocional. E viu mais um jogador seu ser expulso na competição, depois que Felipe Melo deu um pisão em Robben.
A eliminação em Porto Elizabeth representou um duro golpe na era Dunga como técnico. Ele e toda sua comissão técnica foram demitidos tão logo pousaram em solo brasileiro pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Espanhóis sentem o sabor do 1º título de Copa
A Espanha consagrou-se campeã do mundo na Copa de 2010 no dia 11 de julho. O goleiro e capitão, Iker Casilla, salvou a seleção em uma vitória por 1 a 0 sobre a Holanda. Os brasileiros sentiram-se vingados.
Conca e Muricy levam Flu ao título e entram para história
Globo Esporte
Um é baixinho, habilidoso e tímido. O outro é carrancudo, trabalhador e competente. Juntos, os dois fizeram de 2010 um dos anos mais importantes da história do Fluminense. Tudo bem que nas Laranjeiras o lema que impera é o “isso aqui é trabalho”, que o futebol é coletivo e tal, mas inegavelmente a temporada tricolor teve dois protagonistas: Darío Conca e Muricy Ramalho. Em campo e fora dele, eles encerraram um jejum de 26 anos e fizeram do clube o campeão do Brasileirão.
Após campanhas frustradas no Carioca e na Copa do Brasil, o Tricolor demitiu Cuca e realizou seu sonho de consumo: trazer o treinador tricampeão brasileiro pelo São Paulo para as Laranjeiras. A tática deu certo. Discípulo de Telê, Muricy colocou ordem na casa e com a indispensável ajuda de seu camisa 11 colocou mais um troféu no currículo. De quebra, deixou orgulhoso o mestre, um dos principais jogadores da história do Flu.
Em 2011, a previsão é de mais trabalho e o desejo de novas conquistas. Afinal, o Tricolor está de volta à Libertadores, lacuna na carreira do treinador, que tentará também dar continuidade a sina de conquistar Brasileirões em sequência.
Números da temporada
O Fluminense fez 63 jogos em 2010, com 65% de aproveitamento. Foram 36 vitórias, 15 empates e 12 derrotas. O artilheiro da equipe na temporada foi Fred, com 18 gols, seguido por Conca, com 14. O argentino, por sinal, se destacou, participando de todos os 38 jogos da conquista do Brasileirão.
Embalado pela reação que evitou o rebaixamento no Brasileirão de 2009, o Fluminense iniciou o Carioca disposto a coroar a geração que entrou para a história do clube com um título. Este, inclusive, era o lema do técnico Cuca, que buscava o bi da competição. Em campo, porém, os planos se frustraram e a equipe sequer disputou uma final de turno.
Na Taça Guanabara, o Flu foi bem até se deparar com o rival Flamengo. No clássico, após um primeiro tempo impecável, abrindo 3 a 1, sofreu a virada nos 45 minutos finais e a derrota por 5 a 3 não foi bem digerida internamente. Ainda assim, a equipe se classificou para a semifinal, mas caiu diante do Vasco, nos pênaltis, após empate por 0 a 0.
Na Taça Rio, com a obrigação de vencer para chegar à final, o Tricolor oscilou bastante, sofreu com lesões de Fred e novamente foi eliminado na semi, dessa vez para o Botafogo. O 3 a 2 veio recheado de polêmicas com a arbitragem e foi determinante para a demissão de Cuca.
Copa do Brasil
Na Copa do Brasil, o Flu repetiu a história do Carioca e, apesar de ir bem contra os pequenos, caiu diante do primeiro adversário mais tradicional: o Grêmio, nas quartas de final.
Em 2010, o Fluminense disputou 63 jogos, com 36 vitórias, 15 empates e 12 derrotas. Fred foi o artilheiro com 18 gols
Na primeira fase, a equipe encarou o Confiança-SE, se classificando com vitórias por 1 a 0, fora de casa, e 2 a 0, no Maracanã. Em seguida, o rival foi o Uberaba-MG, eliminado já na partida de ida com um 2 a 0, gols de Alan. Nas oitavas de final, o Tricolor teve pela frente a Portuguesa. Nesta época, apesar do triunfo por 1 a 0 no Canindé, o técnico Cuca foi demitido e deixou o clube sob aplausos dos jogadores. No jogo de volta, o time foi comandado pelo interino Mário Marques e venceu por 3 a 2.
Mas nem Muricy Ramalho foi capaz de levar o Flu ao segundo título da competição, e logo em sua estreia perdeu por 3 a 2 para o Grêmio, no Maracanã. No jogo de volta, no Olímpico, mais uma derrota, 2 a 0, e a eliminação.
Brasileirão
Trabalho, trabalho, trabalho e...título. Para conquistar no dia 5 de dezembro, com a vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, no Engenhão, seu terceiro título brasileiro, o Fluminense teve que seguir à risca o lema de seu comandante: Muricy Ramalho. Problemas não faltaram ao Tricolor na caminhada de 38 rodadas, mas todos foram superados com o pulso firme do treinador e o talento do incansável Darío Conca.
Ao longo dos quase oito meses de competição, o Flu sofreu com inúmeras lesões, a maioria delas em seus principais jogadores, como Fred, Emerson e Deco. Ainda assim, sempre esteve na parte de cima da tabela e soube mostrar força em momentos decisivos.
fluminense campeão - chamada consagração tricolor
Na estreia, contra o Ceará, no Castelão, a equipe foi derrotada por 1 a 0. A primeira vitória, porém, veio em sequência, contra o Atlético-GO, no Rio, pelo mesmo placar. Outra derrota ainda aconteceu na terceira rodada, contra o Corinthians, por 1 a 0, no Pacaembu, antes de a equipe embalar quatro triunfos consecutivos e parar para a Copa do Mundo na terceira posição.
Já após o Mundial, ninguém conseguiu segurar o Tricolor, que assumiu a liderança após vencer o Cruzeiro, por 1 a 0, no Maracanã, na 10ª rodada, e por lá ficou em 22 das 28 rodadas seguintes.
O ícone maior da conquista foi o argentino Conca, presente em todos os 38 jogos. Com 18 assistências e nove gols, ele foi eleito o craque do campeonato.
Sem dúvida alguma, a frequência no departamento médico foi o principal problema do Fluminense em 2010. Ao longo do ano, as principais estrelas permaneceram lá por muito tempo tratando lesões, o que acabou gerando mal estar com jogadores e diretoria. O ápice desta crise aconteceu em setembro, quando Fred, ao se lesionar pela sexta vez na temporada e segunda consecutiva na panturrilha esquerda, acabou "demitindo" o chefe do setor, Michael Simoni.
O atacante, por sinal, foi quem mais frequentou o local. Ao todo, foram sete lesões no ano, que o deixaram de fora de momentos importantes e de 24 rodadas no Brasileirão. Ainda assim, ele foi o goleador máximo do time no ano, com 18 gols.
Outro problema que assolou o clube na temporada foi a perda de jogadores revelados na base: só em 2010 o Tricolor ficou sem Dalton, que conquistou na Justiça o direito de deixar as Laranjeiras, Maicon, negociado com o futebol russo, e Alan, hoje no RB Salzburgo, da Áustria. Isso sem contar Wellington Silva, negociado com o Arsenal nos últimos dias de 2009 e que pouco jogou em sua temporada de estreia e despedida.
Darío Conca começou o ano como xodó da torcida e terminou com um lugar cativo no hall dos ídolos tricolores. Incansável, o argentino foi o maior responsável pelo título do Brasileirão, com um show de assistências (18) e gols na reta decisiva (9 no total). Quer dizer, maior responsável em campo, porque num contexto geral dividiu a honra com Muricy Ramalho.
Os números por si só comprovam a importância do treinador, tetracampeão nos últimos cinco Brasileirões, para o título. Mas ao analisar a trajetória tricolor sua participação se torna ainda mais decisiva. Muricy encontrou soluções para manter a equipe em alto nível mesmo nas adversidades, como nas inúmeras lesões, e, como ele mesmo disse após o título, chamou para si a responsabilidade nos momentos mais críticos.
Não, Seleção. Sim, Fluminense
Outro fato marcante da temporada foi a recusa de Muricy Ramalho ao convite para assumir a Seleção Brasileira. Após se reunir com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e praticamente decretar sua ida para a equipe nacional, ele não foi liberado pela diretoria do Fluminense e teve que cumprir o contrato recém-renovado até o fim de 2012.
Após seis anos sob a gestão de Roberto Horcades, o Fluminense encerrou 2010 com um presidente novo. Fruto de um movimento pautado na adesão em massa de novos sócios, o candidato da oposição, Peter Siemsen, venceu as eleições em novembro e assumiu o clube no dia 20 de dezembro. Ele será o homem forte tricolor até o fim de 2013.
Mazembe não apaga ano vitorioso do Inter
Desde 2006 o Inter é o único clube brasileiro com pelo menos um título internacional por ano. Quatro anos depois de conquistar a América, o Inter repetiu a dose e chegou ao bicampeonato da maior competição continental. Na história, 2010 será marcado como o ano no qual o Inter levantou pela segunda vez o troféu da Taça Libertadores.
E esta vitória, consumada na decisão contra os mexicanos do Chivas Guadalajara, teve duas etapas. Antes da Copa do Mundo da África do Sul, com o uruguaio Jorge Fossati no comando; e, depois, com Celso Roth no banco de reservas.
Fossati chegou ao Estádio Beira-Rio amparado pelo retrospecto na LDU, do Equador, e na seleção do Uruguai. De imediato, mudou práticas, com seu folclórico preparador físico Alejandro Valenzuela. Treinos táticos aliados às atividades físicas, uso de elásticos em exercícios inusitados, muitos gritos, adoção de três zagueiros e formação de um time recheado de estrangeiros - Sorondo, Bruno Silva, Guiñazu, D'Alessandro, e depois Pato Abbondanzieri.
Focado na Libertadores, o Inter abriu mão do Gauchão, e com reservas no jogo decisivo perdeu o título para o Grêmio. No primeiro turno, também sem titulares, já havia sido eliminado pelo Novo Hamburgo no Beira-Rio. Derrotas que, apesar da prioridade ser a América, abalaram a confiança em Fossati.
- Queríamos ganhar o Gauchão, mas sempre deixamos claro que a competição que nós iríamos priorizar era a Libertadores - lembrou Fernando Carvalho, vice-presidente de futebol colorado.
Obcecado pela Libertadores, Carvalho percebeu que a estrutura construída por Fossati estava prestes a ruir. E aproveitou a pausa no calendário oficial, em razão da Copa do Mundo, para arriscar tudo. Logo após a dramática classificação às semifinais, contra o Estudiantes na Argentina, dispensou a comissão técnica uruguaia. E, ainda mais ousado, contratou Celso Roth, treinador que costuma dividir opiniões entre os torcedores:
- Infelizmente, pelos resultados, pela sequência de atuações, foi preciso mudar. Não tivemos sequência de boas partidas e as derrotas nos levaram a fazer uma intervenção e mexer na comissão técnica. Futebol é coletivo, sabemos disso, mas optamos por mudar.
Além de Roth, foram repatriados três ídolos: o goleiro Renan, o meia Tinga, e o atacante Rafael Sobis. O treinador mergulhou no trabalho, como de hábito, e modificou a estrutura tática. O Inter passou a jogar no 4-2-3-1, valorizando a posse de bola, com trocas de passes e ofensividade.
Em um 'tiqui-taca' semelhante ao aplicado pela Espanha no título da Copa da África do Sul, o Inter passou pelo São Paulo e pelo Chivas, conquistando o bicampeonato da América.Teria, em dezembro, a chance de repetir o sucesso obtido contra o Barcelona quatro anos antes. As passagens para os Emirados Árabes estavam garantidas.
Mas, até o Mundial de Clubes da Fifa em dezembro, o Inter precisaria enfrentar o Brasileirão. Com a motivação possível. A exemplo do primeiro semestre, quando alijou-se do Campeonato Gaúcho, o Inter colocou a competição nacional em segundo plano. Roth começou a preservar titulares, preparando o time com ênfase na iminente decisão contra o Inter de Milão, em Abu Dhabi.
Jogadores importantes, entretanto, caíram de produção. Aquele Inter à espanhola desapareceu, e ao invés da ofensividade massacrante, a equipe passou a burocratizar trocas de passes sem objetividade. Roth se preocupou, tentou correções, mas sem efetuar trocas na escalação.
Tenso, logo na estreia do Mundial o Inter causou perplexidade ao perder, sem remissão, por 2 a 0 para o Mazembe. No estádio, aproximadamente 10 mil colorados, estarrecidos, choraram. Com o resultado, o clube da República Democrática do Congo evitava, pela primeira vez na história, que o título fosse decidido entre um europeu e um sul-americano. Depois, goleou o coreano Seongnam e terminou como 3º melhor do mundo.
- Nós temos nossas avaliações internas, algumas análises dos acontecimentos. Foi uma derrota inesperada. É claro que cometemos erros. No jogo contra o Mazembe o Inter não foi o que costuma ser. Nesse tipo de jogo precisamos dar mais atenção aos detalhes. O time ficou desorganizado depois do lance em que o Sobis perdeu o gol, no início da partida. Os jogadores ficaram nervosos e isso foi preponderante para a nossa derrota - analisou Carvalho.
Mas o dirigente, talvez o maior dos 101 anos do Inter, não se abalou. Enquanto todo este processo técnico se desenrolava, apoiou o candidato Giovanni Luigi. E obteve, nas urnas abertas aos sócios colorados, massacrante vitória nas eleições presidenciais - não apenas elegendo Luigi, como também a maioria dos conselheiros.
- Já quando o Vitorio (Píffero) foi indicado pela nossa gestão, quando eu era presidente, o Giovanni se credenciou a ser um dos candidatos e, mesmo sendo preterido naquele momento, ficou do lado, ficou junto e agora fez por merecer sua indicação pelo Inter Grande. O Luigi trabalhou em todos os setores do clube desde a década de 80, início da década de 90, ou na administração, ou no marketing, ou na comunicação social e depois voltou na administração comigo em 2002. Ele sempre foi um companheiro atuante.
Ao final, Carvalho avisou que se desligaria do dia-a-dia do clube, mas foi dissuadido por um pedido dos jogadores. Foi nos Emirados Árabes. Liderados pelo capitão Bolívar, os atletas solicitaram, e Carvalho rendeu-se. Não mais como vice de futebol, mas como assessor do departamento, ele estará com os colorados na busca pelo tri da América em 2011:
- O Inter faz parte da minha vida - resumiu, emocionado.