O projeto é maior do que a conta bancária. Na manhã desta quinta-feira, um dia depois de uma reunião decisiva no Conselho Deliberativo, o presidente do Inter, Giovanni Luigi, concedeu entrevista coletiva e deixou claro que o clube não tem dinheiro para tocar as obras do Beira-Rio com recursos próprios, como prega o atual modelo. Com isso, é claro o risco de o estádio colorado não receber a Copa do Mundo de 2014. A diretoria, porém, confia que conseguirá driblar a incerteza. E vê a parceria com uma empreiteira como solução.
Os problemas vêm sufocando o Beira-Rio com força cada vez maior desde o ano passado, quando o Comitê Organizador Local da Fifa avisou ao clube que não confiava no projeto de reformas com recursos próprios. A mudança na diretoria fez Luigi dar ao executivo-chefe do clube, Aod Cunha, a função de vasculhar o modelo propostao. A conclusão foi assustadora. Na visão da diretoria, seguir com o modelo inicial pode detonar com as finanças do clube.
O que a cúpula do clube quer é a aprovação, no Conselho Deliberativo, da proposta de parceria com a empreiteira Andrade Gutierrez. O valor inicial, de R$ 130 milhões, já pulou para R$ 200 milhões.
- O melhor de tudo seria se o clube tivesse o dinheiro. Não é o caso. Já que o clube, há dois anos, se propôs a se candidatar a ser sede da Copa, e vendemos isso como clube, agora temos que encontrar o melhor modelo – disse Luigi.
A mudança na diretoria representou uma mudança de projeto. E o Inter perdeu tempo. Agora, se vê mergulhado na areia movediça de seu próprio estádio.
- Essa discussão do estádio, a decisão do clube de sediar a Copa de 2014, foi tomada há muito tempo. A decisão sobre o modelo do autofinanciamento começou há muito tempo. Onze instituições financeiras foram buscadas. Isso não foi possível. O primeiro fato é que se esse modelo tivesse funcionado, não estaríamos tendo essa discussão aqui. Em janeiro, quando tomei conhecimento disso, o presidente do clube me pediu que tecnicamente e de maneira descolada das circunstâncias políticas do clube, fizesse uma avaliação de como resolver, ao mesmo tempo, três desafios em um período muito curto: ter um estádio novo, fazer isso sem comprometer as finanças do clube e sediar a Copa do Mundo de 2014. Essa complexidade nos levou à conclusão de que a única opção é essa parceria – afirmou Aod Cunha.
A tendência é de que o Conselho, onde a atual diretoria tem maioria, aprove a parceria com a empreiteira. Caso não aprove, o clube promete fazer o possível para respeitar a decisão dos conselheiros.
- Hoje, entendemos que esse modelo não é viável. Se o Conselho definir dessa forma, temos que encontrar um denominador. Não vemos essa possibilidade, mas temos que trabalhar – comentou Luigi.