Considerada uma das nações que mais produzem petróleo no mundo, a Rússia descobriu um verdadeiro tesouro em meados de 2024. Localizada na Antártida, a enorme reserva do combustível fóssil não renovável tem concentração estimada em 500 bilhões de barris. Apesar da comemoração por parte do governo russo, a extração não será realizada devido à área ser protegida pelo Tratado da Antártida de 1959.
A descoberta de petróleo na Antártida movimentou o cenário geopolítico internacional, uma vez que as projeções do combustível superam em muitos volumes as reservas conhecidas de países como a Arábia Saudita. Sobretudo, o reservatório foi encontrado por navios de pesquisa russos no Mar de Weddell, que está sob a reivindicação do território ultramarino britânico.

Segundo informações do Comitê de Auditoria Ambiental da Câmara dos Comuns (EAC) do Reino Unido, toda e qualquer movimentação realizada por parte de representantes da Rússia está suspensa e proibida. Isso porque o Tratado da Antártida de 1959, reafirmado pela Convenção para a Proteção do Ambiente da Antártida em 1991, impede a exploração de recursos naturais, posicionando a região como um santuário científico e pacífico.
“Esse documento indica que a Antártida é um continente dedicado à ciência e à paz e não reconhece nenhuma soberania em nenhum território, mas, ao mesmo tempo, os países que têm reivindicações territoriais não deixaram de fazê-las, ou seja, congelou a situação que estava na década de 50”, explica Jefferson Simões, vice-presidente do Comitê Científico de Investigação Antártida (SCAR).
Em contrapartida, a presença dessas reservas de petróleo na Antártida deve intensificar o interesse de outras nações em revisar ou até questionar os termos estabelecidos no Tratado da Antártida. Se tratando de um dos produtos mais importantes para a indústria, é esperado que a descoberta reacenda antigas disputas territoriais.
Problemas de uma possível exploração de petróleo
Abrangendo uma área de 14 milhões de quilômetros quadrados, a Antártida é considerada uma das regiões mais importantes do mundo, mesmo que o clima inóspito se faça presente. Curiosamente, cerca de 90% do volume de gelo do mundo encontra-se lá, representando cerca de 80% da sua água doce. Assim, a exploração em função do petróleo tende a impactar a vida de inúmeras espécies adaptadas.
Por sua vez, além dos riscos ecológicos, como vazamentos de óleo que seriam desastrosos em suas águas geladas, a exploração infringe diretamente os acordos que designam a Antártida um local dedicado exclusivamente à pesquisa científica e à paz. Devido ao clima proeminente frio, demandaria mais tempo para que os processos químicos de degradação de dejetos fossem removidos.




