O Brasil está entre os países que levantaram questionamentos sobre o pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) em levar os assassinatos que estão ocorrendo na Líbia para a Corte de Crimes Internacionais (ICC, da sigla em inglês) sob acusação de crimes contra a humanidade. Além do Brasil, China, Rússia, África do Sul, Índia e Portugal também mostraram-se preocupadas com o envolvimento da ICC.
Hoje, a ONU realizou uma reunião de urgência para definir como colocar sanções ao líder da Líbia, Muamar Kadafi, em virtude de sua ofensiva mortal aos opositores de seu regime. As potências ocidentais propuseram um embargo à entrada de armas no país, proibição de viagens e congelamento dos ativos de Kadafi, de sua família e de membros chave de seu governo.
Segundo um diplomata que falou em condição de anonimato, o principal ponto de conflito na reunião da ONU foi o envolvimento do ICC. O Conselho de Segurança (CS) da ONU foi pressionado pelo aviso do secretário geral da entidade, Ban Ki-Moon, de que um atraso para efetivar "ações concretas" iria custar vidas. Mesmo assim, diplomatas disseram que as discussões em torno do ICC deve se prolongar até o início da próxima semana.
O embaixador da Líbia na ONU, Abdurrahman Shalgam, o ex-ministro de relações exteriores do país e que se rebelou contra o regime, fez um pedido acalorado ao conselho para tomarem atitudes contra as atrocidades que estão sendo cometidas por Kadafi. Shalgam escreveu uma carta ao conselho hoje expressando forte apoio para que a resolução inclua os ataques aos civis e que ele seja levado à ICC.
O embaixador francês, Gerard Araud, cujo país tem um papel chave no rascunho da resolução, disse que não há problemas sobre a questão do embargo de armas, nas sanções e que a única questão que ainda está sobre a mesa é a forma que a crise será levada até a ICC. O embaixador britânico Mark Lyall Grant disse que a questão dos crimes contra humanidade levantou problemas. "Existem uma série de questões que os embaixadores terão que lidar e esclarecer", disse ele.