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LÍBIA Avião com brasileiros parte rumo ao Brasil Avião com brasileiros parte rumo ao Brasil 28 FEV 2011 • POR FOLHA ONLINE • 09h15

Um grupo de 148 brasileiros, funcionários da empresa Queiroz Galvão e familiares, que estavam na Líbia partiu de avião na manhã desta segunda-feira de Atenas (Grécia) rumo ao Brasil. O avião fará uma breve escala em Lisboa (Portugal), antes de seguir para Recife, onde deve chegar no fim da tarde.

O grupo chegou à Grécia neste domingo em navio vindo de Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia e controlada há uma semana por rebeldes de oposição ao ditador Muammar Gaddafi. Segundo a Embaixada Brasileira em Atenas, nenhum deles foi envolvido nos confrontos e chegaram inclusive a receber ajuda e comida dos líbios, que os consideravam "irmãos".

Na Grécia, os brasileiros receberam novos documentos da embaixada para regularizar a viagem --já que seus passaportes foram retidos na Líbia. Eles permaneceram apenas um dia em Atenas. Aproximadamente às 10h desta segunda-feira (5h em Brasília), o grupo embarcou rumo ao aeroporto de Lisboa.
Segundo a embaixada, eles devem ficar por cerca de duas horas em Lisboa e não devem nem sair do avião --que partirá então rumo ao Recife. De lá, os brasileiros devem partir para suas cidades de origem, que incluem Brasília, Rio de Janeiro e São Luis do Maranhão.

A embaixada afirmou ter feito apenas a negociação com as operadoras de navio na Líbia e que todos os custos --incluindo a passagem de avião e o hotel em Atenas-- foram pagos pela Queiroz Galvão.

A embaixada brasileira diz que mais um brasileiro chegou a Atenas neste fim de semana, vindo da Líbia em um avião militar da União Europeia. Ele deve seguir viagem para o Brasil, após receber documentos.

O enviado especial da Folha a Atenas, Vaguinaldo Marinheiro, conversou com os brasileiros no desembarque em Atenas e ouviu relatos de terror, desespero, medo de não conseguir fugir e morrer.

"A gente só começou a ficar tranquilo quando entrou no navio. Foram dias de horror. Havia tiro e bombas para todo lado. No caminho para o porto, tivemos de passar por barreiras. Quando você vê meninos de 14 anos com facas na cintura e AK-47 nas mãos, não dá para se sentir seguro", afirma Roberto Roche, gerente de segurança da empreiteira Queiroz Galvão.

Ele estava no país havia três anos, com a mulher e dois filhos --uma adolescente de 16 e um menino de 5.

"Depois do que a gente passou, ficar dois dias no navio não foi nada", afirmou Jaqueline Siqueira, que está grávida de quatro meses.

A maioria deixou muita coisa para trás. "Pegamos o que dava. A gente não sabia o que era possível trazer. Mas viríamos embora com uma mochila, se fosse preciso. O que ficou, ficou. Está perdido", afirma Erika Canuto, que estava no país havia um ano e meio com o marido e a filha, de 11 anos.