Logo Correio do Estado

Capital Velocidade é o principal motivo de mortes no trânsito, aponta relatório Velocidade é o principal motivo de mortes no trânsito, aponta relatório 1 MAR 2011 • POR Evelyn Souza • 07h00

A velocidade é o principal motivo de mortes causadas por acidentes de trânsito na Capital. O levantamento é da Agência Nacional de Transporte e Trânsito (Agetran), realizado no primeiro trimestre de 2010, que revela ainda que 156 pessoas foram vítimas fatais de acidente de trânsito ocorridos neste período. Desses, 55 morreram na hora e 101 chegaram a ser hospitalizados mas faleceram até 30 dias após a internação.

De acordo com os dados , 26% dos óbitos registrados foram motivados pela alta velocidade. Em segundo lugar aparece a infraestrutura com 20%, seguida de motociclista (16%), jovem condutor (11%) e álcool (4%).

Para realizar o levantamento foram avaliados duzentos e cinquenta casos entre acidentes graves e fatais. De acordo com a Chefe da Divisão de Educação da Agetran, Ivanise Rotta, o segundo fator levou em consideração o risco dos motoqueiros. “Se os mesmos estivessem em um veículo de quatro rodas, muitos do que morreram poderiam ter saído ilesos”, diz.

O fator de risco que aparece em terceiro lugar no levantamento, se refere a problemas relacionados a infraestrutura da cidade. “ Uma árvore que atrapalhe a sinalização, um buraco na pista, furar o sinal vermelho, entre outros”, acrescenta a chefe da divisão.

Ainda de acordo com Ivanise, o fator de risco relacionado ao jovem condutor não abrange apenas condutores jovens, mas sim os que tenham menos experiência no trânsito. “ O jovem as vezes é imprudente pela falta de responsabilidade que o mesmo têm perante a família, porém adultos e idosos que tenham tirado a Carteira Nacional de Habilitação também se encaixam nesse quesito, pela falta de experiência na direção”.

Em relação a baixa porcentagem de acidentes causados pelo alcoolismo a chefe da divisão explica, “ Muitas vezes não é possível diagnosticar o excesso de álcool no momento do acidente. Levando em consideração que o motorista pode se negar a fazer o teste do bafômetro”, alerta.

Sentindo na Pele

Isabel Cristina Mendes, 37 anos sofre com a dor de ter perdido o irmão caçula em um acidente de trânsito ocorrido na madrugada do dia 30 de Outubro de 2008. Sebastião Miranda Mendes faleceu quando tinha apenas 22 anos. Ele pilotava uma moto Honda CG Titan azul, pela Avenida Bandeirantes, no bairro Jockey Club, quando chocou a roda dianteira da moto com a calçada e em seguida colidiu com um banco de concreto de um ponto de ônibus. O jovem chegou a ser socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros mas não resistiu aos ferimentos e morreu com traumatismo craniano por volta das 4h do mesmo dia na Santa Casa.

De acordo com Isabel, Sebastião foi visto horas antes do acidente em um antigo bar, localizado na Avenida Ernesto Geisel, na Capital. Ainda de acordo com ela, o irmão teria sido visto consumindo bebida alcoólica.

“Foi uma perda inestimável. Um jovem que tinha a vida toda pela frente perdeu a vida por um minuto de bobeira”

Para a irmã, é triste superar a dor. “ Foi uma perda inesperada. Um jovem que tinha a vida toda pela frente perdeu a vida por um minuto de bobeira”. Para os jovens que costumam conciliar bebida alcoólica com direção, ela faz o alerta. “ Querem beber tudo bem, mas vão para balada de táxi. Se não estiverem em condições de dirigir, liguem para o pai ou para um irmão mais velho e peçam para buscá-los. Não sejam orgulhosos. Se meu irmão tivesse feito isso, ele estaria aqui comigo agora”.

Um dos casos de maior repercusão foi o da acadêmica de Direito, Mayana de Almeida Duarte, de 23 anos que perdeu a vida em um acidente de trânsito quando dois jovens praticavam racha pela Avenida Afonso Pena.

Anderson de Souza Moreno, 19 anos, conduzia um Vectra quando atingiu o veículo Celta que Mayana dirigia pela Rua José Antônio. Anderson disputava corrida de carro com um outro amigo no momento do acidente, que ocorreu no dia 14 de junho de 2010. Mayana chegou a ficar internada na Santa Casa da Capital mais morreu 11 dias depois.