Como já mostravam os dados do último relatório da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), as vendas de carros no País voltaram a se aquecer e devem fazer de fevereiro um mês atípico para o setor.
“Esperava-se um mês fraco, mas deve ser bom”, avalia o economista da agência de varejo automotivo MSantos, Ayrton Fontes. De maneira geral, fevereiro é um mês fraco em vendas de veículos, tanto devido ao fato de os consumidores já terem aproveitado as promoções de fim de ano, como pelo fato de eles estarem mais atentos às contas e aos impostos que costumam chegar nesse período.
Contudo, a forte atuação das concessionárias para atrair os consumidores de volta às lojas está fazendo efeito. Segundo Fontes, com base nos dados do Renavam, entre carros, comerciais leves, ônibus e caminhões, devem ser comercializadas mais de 274 mil unidades. Na comparação com o mesmo mês de 2010, quando 220.951 carros foram vendidos, o aumento é de cerca de 24% - um crescimento recorde para o mês.
Na comparação com janeiro, quando foram comercializadas 244.585 unidades de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o aumento deve ficar em torno de 12%. Até a primeira quinzena do mês, a elevação frente a janeiro já era de mais de 15%. Ao todo, foram vendidas 138.741 unidades no período.
“A baixa renda não parou de comprar”
O aumento das vendas, depois de certo desaquecimento do setor, principalmente dos carros 1.0, deve-se, na avaliação de Fontes, à forte atuação das concessionárias para atrair os consumidores. “Elas querem vender a qualquer custo, porque estão com os estoques altos”, diz o economista.
Dessa forma, as marcas estão lançando mão de feirões, promoções e benefícios para aquecer as vendas e atualizar os estoques, que estão acima do normal. Para tanto, as grandes redes estão mirando nos consumidores de baixa renda.
Em fevereiro, foram eles que mantiveram o setor aquecido. “As concessionárias da periferia foram as que mais venderam neste mês”, avalia. E mesmo com as medidas de contenção de crédito do Banco Central, os bancos ainda flexibilizam o acesso ao financiamento para os consumidores comprarem o primeiro zero quilômetro. “Os bancos não querem perder participação nesse mercado”, afirma Fontes.
“A baixa renda não parou de comprar. Se você olha para os consumidores que ascenderam nesses últimos anos, nem 20% deles conseguiram comprar um carro. O potencial ainda é grande”, conclui o economista.