A Câmara Municipal de Três Lagoas promoverá hoje, Dia Mundial da Água, uma sessão especial para tratar da questão no município. Além disso, serão votados projetos em defesa da água e lançada uma campanha inusitada para divulgar o uso racional deste bem. A ideia do presidente da Casa, vereador Nuna Viana (PMDB), e dos idealizadores do projeto é provocar uma reflexão sobre o assunto e envolver a população em práticas que signifiquem economia e uso consciente.
Justamente pensando nisso, a campanha “Pouca água & Muita limpeza”, trará a proposta de um desafio ousado e diferente: que, na semana de 22 a 29 de março, a população tome seu banho, pelo menos um dia, usando apenas um balde de água, ao invés de usar o chuveiro. A iniciativa tem inspiração em outras campanhas, como o Dia Mundial Sem Tabaco, o Dia Mundial Sem Carro e a Hora do Planeta (26 de março) , quando se apagam as luzes por uma hora.
Segundo cálculos, dez minutos sob o chuveiro são suficientes para gastar 96 litros, o equivalente a 35.040 litros, por ano, para cada pessoa que toma apenas um banho por dia. Com um balde de água, gastam-se cerca de 20 litros por banho.
“Vivemos numa zona de conforto, que é ligar o chuveiro e permanecer debaixo dele por minutos. Quando saírmos desta zona de conforto e fizermos o ritual de encher o balde, nos molharmos com uma caneca, nos ensaboarmos e depois nos enxaguarmos, vamos perceber que 20 litros dão o mesmo resultado que 90, 100 litros. A limpeza é igual e a sensação de descanso e frescor também. É uma atitude simbólica para que se perceba que pouca água promove muita limpeza. Talvez, dali para frente a gente pelo menos gaste menos tempo no chuveiro ou feche o registro na hora de se ensaboar”, explicou Nuna Viana, lembrando que hoje temos abundância e que, em situações de escassez, talvez até mesmo um banho de balde seja restrito à maioria da população.
Dicas de economia
A Câmara ainda vai distribuir folhetos nas escolas com 11 práticas nas quais pouca água produz muita limpeza. A visão dos idealizadores é dar dicas mostrando como o consumo diário pode ser reduzido com novos comportamentos, principalmente nos serviços domésticos e na higiene pessoal, atividades que consomem mais do que o uso para cozinhar e beber. No link http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2009/01/07/ult4476u36.jhtm é possível calcular quanto se gasta por banho, o que dá parâmetros sobre o quanto se economizaria com outros hábitos de se banhar.
No Dia Mundial da Água, a Câmara será visitada por estudantes, que participarão de palestra com o professor doutor José Luiz Lorenz Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), sobre a questão da água na cidade e de apresentações alusivas ao tema.
Projetos de lei em defesa da água
Os vereadores também apreciarão e votarão dois projetos de lei que delineiam o compromisso do Legislativo com a questão. Um deles, cria a Frente Parlamentar de Defesa da Água, que estabelecerá um grupo de vereadores que discutirá as políticas públicas para uso dos recursos hídricos no município, principalmente diante do processo de industrialização e crescimento da população, e o outro criará a Semana Municipal da Água.
Dia Mundial da Água
O Dia Mundial da Água foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 22 de março de 1992, destinando a data à discussão sobre os diversos temas relacionados ao bem natural.
Em 2011, o tema é “Água para as cidades: responder ao desafio urbano” e visa incentivar os governos, organizações, comunidades e indivíduos a participarem ativamente na resolução do desafio da gestão das águas urbanas com um manejo sustentável.
Com o tema, os organismos que discutem o assunto pretendem chamar a atenção do mundo para o impacto do rápido crescimento urbano, industrialização e as incertezas provocadas pelas mudanças climáticas, os conflitos e as catástrofes naturais em sistemas urbanos de água.
A preocupação é de que, pela primeira vez na história da humanidade, a maioria da população mundial vive em cidades: 3,3 bilhões de pessoas. Além disso, as cidades mantêm um ritmo de inchaço e, o mais preocupante, com 38% do crescimento representado pela expansão das favelas, locais onde os sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário são precários, assim como a preservação de nascentes, córregos e rios.
O ritmo de ocupação urbana, segundo os especialistas, só tende a crescer. A expectativa é de que, em duas décadas, 60% da população, o equivalente a 5 bilhões de pessoas, habitará as cidades. E este ritmo não será acompanhado pelo crescimento da infraestrutura urbana, o que poderá provocar um colapso na oferta de água para todos os países e complexos urbanos.