Apesar de as vendas de veículos continuarem crescendo, elas devem desacelerar nos próximos meses, pois os reflexos das contas de início de ano e das medidas macroprudenciais do Banco Central, iniciadas em dezembro, começam a aparecer agora.
De acordo com o economista da Agência de Varejo Automotivo MSantos, Ayrton Fontes, os estoques das montadoras e concessionárias estão se normalizando, mas a tendência é que comecem a subir novamente. “A tendência é que suba porque a pressão é muito forte. As montadoras não param de produzir”, considera.
Os últimos dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), divulgados na terça-feira (22), mostram alta de 9,33% nas vendas de automóveis e comerciais leves. Nos primeiros 15 dias de março, 142.369 unidades foram vendidas. O número também é 8,13% maior frente aos 131.667 autos e comerciais leves vendidos na primeira quinzena de março do ano passado.
Vendas
Para o economista, entre abril e maio as vendas devem desacelerar e podem chegar a cair. Tudo isso como efeito do aumento das taxas de juros dos financiamentos gerado pelas novas medidas do Banco Central e também com o início do aumento da inadimplência.
Segundo os dados da Peic Nacional (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o percentual de famílias endividadas recuou 0,5% em março, índice baixo perto das altas verificadas nos dois primeiros meses do ano. Apesar da leve queda, o número de famílias que se dizem muito endividadas passou de 13,7% para 15,3%.
A cotação do dólar, ainda desvalorizado frente ao real, também ajuda a compor esse cenário. “As montadoras estão com dificuldade de exportar”, diz Fontes. E isso só amplia as chances de os estoques aumentarem. “As concessionárias estão desesperadas, estão vendendo a preço de custo”, afirma.
Comprar ou não?
Com o cenário atual, é melhor comprar um carro agora ou deixar para depois? Para o economista, a vantagem de adquirir um veículo agora é só para quem tem dinheiro para dar de entrada. “Quem tem, consegue um financiamento melhor, a juros menores”, explica. De acordo com Fontes, nesses casos, é possível conseguir taxas a 1,6% ao mês.
“Para quem não tem dinheiro para a entrada, não aconselho comprar carro agora”, afirma. Com as altas das taxas de juros dos financiamentos de veículos, nessas situações, o consumidor pode chegar a pagar uma taxa de 2,5% ao mês, dependendo da instituição financeira e do prazo.