O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pediu, no começo do mês, o desarquivamento de um projeto que destina metade das 513 vagas da Câmara para negros e pardos. Nesta semana, ele fez declarações classificadas como racistas na TV.
O texto do projeto é claramente uma ironia e marca a posição do deputado contra o sistema de cotas nas universidades. "Se o sistema de cotas é justo para o ensino, deve também ser a representação federal. Mesmo sendo autor da proposição, por coerência, votarei contra essa matéria", disse o parlamentar no projeto.
Bolsonaro virou alvo de polêmica na última segunda-feira, quando Preta Gil perguntou no programa 'CQC', da TV Band, como ele reagiria se seu filho se apaixonasse por uma negra. 'Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu', respondeu o deputado.
O deputado já é alvo de sete representações por quebra de decoro parlamentar na Câmara. Cinco já estão na corregedoria.
POLÊMICA
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou nesta quinta-feira que o colega Bolsonaro tem se caracterizado como um deputado estúpido. Vaccarezza propôs que o caso do congressista, que fez declarações classificadas como racistas na TV, seja analisado também pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), não só pela corregedoria e Conselho de Ética da Casa.
Na opinião do líder, a CCJ tem que se debruçar sobre os limites da imunidade parlamentar. "Qualquer deputado tem seu direito de palavra garantido, mas será que a Constituição garante alguém que defenda o holocausto, por exemplo? Acho que essa é uma discussão mais profunda, que não cabe só ao Conselho, mas também à Comissão de Justiça", disse Vaccarezza.