Relatório final da Polícia Federal sobre o escândalo do mensalão confirma que existiu o esquema de desvio de dinheiro público e uso para a compra de apoio político no Congresso.
Com 332 páginas, o documento foi produzido por ordem de Joaquim Barbosa, o ministro que relata o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
A PF entregou o relatório a Barbosa no final de fevereiro.
O ministro já repassou o documento à Procuradoria Geral da República.
O documento da PF é a mais importante peça produzida pelo governo federal sobre o mensalão. Mais rumoroso escândalo dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi revelado pela Folha em 2005.
O relatório é um balde de água fria nos políticos e partidos que se esforçam para esvaziar a denúncia feita pela PGR em 2006 e acolhida pelo STF.
O próprio ex-presidente Lula havia dito, ao deixar o Planalto, que iria provar que o mensalão "foi uma farsa".
O julgamento no STF deve ocorrer no ano que vem. São 38 réus, entre eles o ex-ministro José Dirceu.
O relatório da PF confirma que houve o esquema de corrupção.
Diz que agências e outros negócios do publicitário Marcos Valério desviavam verba pública por meio de contratos superfaturados ou fictícios. O dinheiro ia parar na conta de políticos de cinco partidos, num reparte que era organizado pela cúpula do PT.
O dinheiro, segundo confirma a PF, era destinado ao financiamento de campanhas eleitorais ou ao uso pessoal desses políticos.
A Folha procurou neste sábado a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República, o ministro Joaquim Barbosa e o Ministério da Justiça. Eles não quiseram fazer comentários sobre o conteúdo do relatório da PF.