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RECURSOS NATURAIS Pegada ecológica sugere mudança de hábitos na Capital Pegada ecológica sugere mudança de hábitos na Capital 7 ABR 2011 • POR da redação • 15h18

O relatório da Pegada Ecológica realizado em Campo Grande apontou que os setores com mais consumo pela população campo-grandense são a energia elétrica, carne e transporte coletivo público. Os dados foram divulgados na abertura do workshop realizado pela organização não governamental WWF-Brasil em parceria com a Prefeitura de Campo Grande, nesta quinta-feira (7), no Museu das Culturas Dom Bosco, do qual participaram 90 participantes.

O estudo mostrou que a metodologia da Pegada é baseada no estudo de vários recursos ecológicos como energia e absorção de CO2, área construída, pesca, florestas, pastagens e agricultura. Aliada a estes dados, foi utilizada a Pesquisa de Orçamento Familiar produzida pela Universidade Anhanguera-Uniderp para determinar o Índice de Preços ao Consumidor.

A coordenação da WWF-Brasil mostrou dados preocupantes, já que a Pegada Ecológica da cidade é 8% maior que a brasileira, contabilizando 3,14 hectares globais por pessoa. Isso significa que se todas as pessoas do planeta consumissem da mesma maneira que os campo-grandenses, seriam necessários quase dois planetas para sustentar esse estilo de vida.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), Marcos Antonio Cristaldo, os itens em que foi verificado maior consumo foram: a energia elétrica, o transporte coletivo público e a carne. “A partir de agora, temos informações suficientes para realizar um planejamento a médio e longo prazo sobre consumo consciente e criação de políticas ambientais que contribuam para diminuição deste cálculo e preservem a qualidade de vida da população”, declarou.

Cristaldo comentou que cada item destacado na pesquisa será trabalhado por meio de oficinas, discussões em vários setores da sociedade, como universidades, categorias profissionais, formadores de opinião a fim de que se conscientize toda população sobre as alternativas que podem ser utilizadas na mitigação dos recursos naturais. “Campo Grande foi escolhida para participar do estudo por ser uma cidade de médio porte, no entorno do Pantanal e com opção de direcionamento do planejamento urbano. Então, é importante iniciarmos o quanto antes um planejamento de médio e longo prazo, que já tem sido feito pela administração pública, por meio da Semadur e da Sedesc”, explicou.

Iniciativa municipal

A equipe da Superintendência de Agronegócios, Indústria, Comércio e Serviços da Sedesc participou do evento apresentando projetos de sucesso e que irão contribuir bastante na redução de consumo dos recursos naturais não renováveis. O secretário-adjunto, Natal Baglioni Meira Barros detalhou o trabalho realizado na agricultura familiar que produz frutas, legumes e verduras orgânicos e na produção de carne orgânica que é direcionada para a merenda escolar da Rede Municipal de Ensino. “A Sedesc está trabalhando para ampliar ainda mais a produção de orgânicos que tem um ciclo de produção mais curto e, portanto, interfere bem menos no meio ambiente e na redução dos recursos de nossa cidade”, ressaltou.

O coordenador do programa Pantanal da WWF, Michael Becker comentou a importância do apoio recebido da Prefeitura e pelas instituições superiores de ensino, mas conclamou a participação da iniciativa privada em repensar o consumo na cidade. “Nós costumamos chamar a Pegada de marcador de combustível de uma cidade, já que o cálculo aponta quais são os recursos naturais, quantos e como estão sendo utilizados. Faz-se necessário que todos os setores empresariais colaborem para a diminuição dos dados obtidos nesta pesquisa, desde o setor da construção civil até as grandes redes de supermercado”, detalhou.

Becker comentou, ainda, que o resultado obtido em Campo Grande não deve ser visto como negativo e sim como positivo, já que muito pode ser feito em termos de planejamento e criação de políticas públicas que reduzam o desgaste dos recursos naturais da região. “Temos que encarar positivamente o que já temos de ações e projetos em andamento na cidade e, daqui para frente, educar o consumo da população, para não perdermos um dos maiores adjetivos de Campo Grande, ser uma cidade com qualidade de vida em franca expansão”, opinou o coordenador da WWF.