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MATO GROSSO DO SUL Governo diz que vendas on-line retiram até 25% do comércio físico Governo diz que vendas on-line retiram até 25% do comércio físico 18 ABR 2011 • POR DA REDAÇÃO • 17h25

Em Mato Grosso do Sul o comércio virtual tem feito muitos lojistas amargarem prejuízos reais. Os setores de refrigeração e informática calculam que tenham perdido 25% das vendas para as compras on-line e os produtos adquiridos no Paraguai. A informação é do Governo do Estado e publicada em seu site nesta tarde. A partir do próximo dia 1º de maio, todas as compras on-line, passarão a pagar 10% de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na entrada da mercadoria no Estado.

Segundo a matéria, o segmento de ar condicionado é hoje uma das maiores vítimas da concorrência das vendas pela internet, diz a matéria. “Não temos como concorrer. Um aparelho de 7 mil BTU que na loja sai por R$ 1.050, adquirido pela internet, sai por R$ 799,00, em 10 parcelas de R$ 79,90”, revela um dos empresários do ramo, Hidelbrando Leite.

Ele reclama também da concorrência dos produtos adquiridos do Paraguai, onde a diferença de preços chega a 50%. “Posso oferecer em no máximo quatro vezes no crediário próprio. Não tenho capital de giro para agüentar um parcelamento maior”, explica. O setor é enquadrado no regime de substituição tributária, com pagamento do ICMS na hora da compra junto ao fornecedor.

Outra empresa do setor, também perde mercado com a internet. “Hoje mesmo recolhi R$ 12 mil referentes a venda que realizamos para a empresa”, afirma Cristina Barros, uma das proprietárias. Ela acredita que a tributação interna das vendas on-line acabará com a discrepância existente hoje. “Nós geramos empregos, pagamos impostos aqui, apostamos no desenvolvimento do estado e acabamos penalizados”, avalia.

Cássia Regina Seidenfuss, gerente de uma livraria em Campo Grande, sabe bem o que é isso. Há 20 anos trabalha no mercado de livros e publicações. Nos últimos anos contabilizou queda de 20% nas vendas. “Hoje não dá pra concorrer com a internet, os preços são competitivos e em compras acima de determinado valor o site ainda paga o frete”, comenta.

Para manter as portas da livraria abertas, Cássia revela que teve que mudar as estratégias. “As lojas ainda oferecem uma vantagem: ter o produto a pronta-entrega. Se o cliente precisar do livro na hora, ele ainda recorre às livrarias. Cabe a nós sempre mantermos um bom estoque com os títulos mais vendidos. Se o cliente não achar aqui o que ele quer, ele vai buscar na internet”.

Na comparação entre produtos pesquisados no comércio de Campo Grande e os mesmos vendidos em lojas virtuais, os resultados são surpreendentes. Produtos não tão comuns que são comercializados pela internet, como é o caso de refrigeradores, apresentam diferenças muito grandes.

Na comparação de um refrigerador cervejeira, 433 litros, a diferença chegou a R$ 1.040,00. Em Campo Grande é vendido por R$ 4.250,00. O cliente pode parcelar em no máximo cinco vezes pela loja, se quiser aumentar o número de parcelas terá que procurar a intermediação de financeiras. Porém na loja virtual a mesma cervejeira é vendida a R$ 3.210,00 com o frete incluso.

Até as bicicletas apresentam grandes diferenças de preços. Numa das lojas, uma bicicleta com 21 marchas e amortecedores traseiro e dianteiro é vendida a R$ 770,00. No site  o mesmo produto pode ser comprada por R$ 579,00, parcelada em dez pagamentos, sem juros e com frete grátis. A diferença é de R$ 191.

No topo

Na listagem divulgada pelo e-commerce, livros, CD´s e DVD´s ainda são os campeões de vendas - representam 39% de tudo o que é vendido pela internet.  Esta diferença de preço se explica pela carga tributária menor.

As empresas on-line além de não pagarem a alíquota interna do ICMS, estão livres de encargos trabalhistas no Estado, já que não têm funcionários aqui, despesas com aluguel, custos de manutenção (gastos com as tarifas de água, energia), IPTU, sem contar que nas vendas via web é possível negociar preços menores dos fornecedores diante da escala maior de venda, afinal, o mercado consumidor é o País inteiro ou até fora das fronteiras.

 No ano passado, o comércio eletrônico apresentou crescimento recorde, batendo todas as expectativas previstas desde o início de 2010. E novamente, traçam-se novas perspectivas para as negociações virtuais. A Camara-e.net estima para 2011 o crescimento de 35% em relação ao ano anterior.

É certo que além do crescimento estimado, o e-commerce pode alcançar maiores índices de faturamento caso fatores externos como o aumento do acesso à banda larga e a oferta de crédito entrem em cena. Outro fator que pode ampliar as vendas on-line é a chegada não só da classe C ao e-commerce, mas também das classes D e E.

O faturamento anual no comércio eletrônico tem obtido aumentos memoráveis. Passou de R$ 540 milhões em 2001, para R$ 15 bilhões em 2010,  podendo ultrapassar os R$ 20 bilhões, agora, em 2011. Na América Latina, o Brasil continua dominando e crescendo com as negociações on-line. O ano está apenas começando para o e-commerce brasileiro.

Em Mato Grosso do Sul, onde só cinco cidades têm mais de 50 mil habitantes – Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Porã – as redes nacionais (sejam de departamento, eletroeletrônicos) - preferem montar lojas virtuais, pequenos pontos comerciais que precisam de no máximo dois funcionários. Com isso, fazem economia com salários, encargos trabalhistas, custo de manutenção, aluguel. As cidades ganham muito pouco com este tipo de empreendimento.