Tradicional produtor de carne e soja, Mato Grosso do Sul tem consolidado sua posição no cenário florestal brasileiro. Com aproximadamente 400 mil hectares de florestas plantadas, o Estado lidera o processo de expansão no setor. O número é expressivo. Em 2010 o Estado aumentou em 30% sua área plantada em relação ao ano anterior.
Em segundo lugar, Maranhão cresceu 10,2% seguido pelo promissor Tocantins, com 7,2%. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) divulgados no recém lançado anuário estatístico que toma como base o ano de 2010.
No levantamento, Mato Grosso do Sul aparece com 378.195 hectares de eucalipto e 13.857 hectares de pinus, totalizando 392.052 hectares de florestas plantadas. Desde 2006, quando o anuário começou a ser elaborado, o crescimento da área plantada no Estado foi de 300%.
História
A concretização do Projeto Horizonte, que contemplou a instalação da fábrica de celulose VCP, hoje Fibria, e da fábrica de papel International Paper em Três Lagoas, abriu o caminho para novos investimentos. Hoje, Mato Grosso do Sul espera a inauguração da segunda fábrica de celulose, também em Três Lagoas, prevista para setembro de 2012. A Eldorado Brasil impulsiona um projeto de 210 mil hectares conduzido por sua coirmã Florestal Brasil.
Outros dois projetos de celulose, na mesma região, aguardam a solução do imbróglio causado pelo parecer da Advocacia Geral da União (AGU) que proíbe a aquisição de terras por investidores estrangeiros. Mesmo assim, ao menos um deles está plantando florestas de eucalipto.
A secretária de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo do Estado (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, vem acompanhando de perto a implantação dos empreendimentos ligados à produção de celulose, a consolidação e expansão das siderúrgicas e as negociações com novos empreendedores deste segmento, que avaliam os incentivos concedidos pelo governo do Estado para concretização de seus investimentos. Nestas ocasiões a secretária tem destacado os incentivos fiscais e os financiamentos por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), instrumentos julgados estratégicos para atração de novos investimentos e consequente expansão florestal do Estado.
Com legislação moderna e eficiente, Mato Grosso do Sul se tornou modelo para outros Estados. "Não temos apenas topografia, solo e clima favoráveis, temos também um cenário sociopolítico excelente", ressalta o presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore/MS), Luiz Calvo Ramires Jr.
O empresário fala com conhecimento de causa. Fundada pelo seu pai, a Ramires Reflorestamentos está há 40 anos em Mato Grosso do Sul e já foi considerada a maior reflorestadora independente do País. A importância do Estado reflete-se na participação conquistada pela entidade. Ramires Júnior ocupa a coordenação da Câmara Setorial de Florestas vinculada à Seprotur e, recentemente, assumiu a vice-presidência das Associadas Coletivas na Abraf.
Arranjos produtivos
Consequência da expansão florestal, pouco a pouco estão sendo definidos arranjos produtivos baseados na madeira. A celulose se tornou o principal produto de exportação de Mato Grosso do Sul e comanda uma nova "revolução industrial" na região de Três Lagoas.
Na região de Ribas do Rio Pardo, maior município em extensão territorial do Estado, a perspectiva é que o carvão vegetal e a madeira serrada impulsionem a economia local. Em outro eixo de desenvolvimento, o município de Nova Andradina foi escolhido para um projeto otimista que está conduzindo suas florestas de eucalipto para movelaria.
Há ainda, em menor escala, mas não menos importante, investimentos em seringueira. A espécie, plantada em ritmo acelerado na região dos municípios de Cassilândia, Aparecida do Taboado e Paranaíba, também deve consolidar um novo arranjo produtivo.