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Suplemento Cultural Lygia Fagundes Telles, Honra ao Mérito Lygia Fagundes Telles, Honra ao Mérito 6 FEV 2010 • POR • 04h04

receber o troféu Juca Pato, sem dúvida o mais ambicionado prêmio literário brasileiro. Tal conquista junta-se a tantas outras láureas que lhe coroaram o incontestável talento como romancista e mormente contista no difícil e fascinante gênero literário de Anton Tchekov e Machado de Assis. Com efeito; Lygia é detentora do Prêmio do Instituto Nacional do Livro; do Prêmio Candango; Jabuti e Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras; o Prêmio Pedro Nava; Prêmio do Pen Clube do Brasil, o Prêmio Arthur Azevedo, e Prêmio de Ficção, da Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2005, um famoso galardão literário consagrou-lhe a produção opulenta, no terreno das letras: o Prêmio CAMÕES, maior distinção pelo conjunto de obra. Com o conto “Antes do Baile Verde” (1970), recebeu o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Escritoras, na França, concorrendo com 360 escritores de 21 países. Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Paulista de Letras, suas obras já foram traduzidas em Portugal, Itália, França, Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Suécia e Espanha. Acredito que todos os leitores conhecem suas admiráveis obras de ficção, desde o primeiro livro, “Ciranda de Pedra”, romance publicado em 1954, destacando-se, ainda, entre suas primeiras publicações, os livros de contos “Praia Viva” e “O cactus vermelho”. Depois, surgiram notáveis produções, como “Verão no aquário”, “As Meninas” e outras. Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo (capital), formando-se em Direito na célebre Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), local histórico em que, para alegria e emoção da grande escritora, se realizou a solenidade de entrega do Troféu Juca Pato. Entre os presentes, o grande crítico literário brasileiro, Antônio Cândido, laureado com idêntico prêmio, em 2007, e professor de Lygia, naquela faculdade. Todos os que militam ou se dedicam ao estudo do conto sabem que o gênero literário que imortalizou Anton Tchekov, Katherine Mansfield, Edgard Allan Poe e Machado de Assis, entre outros de igual porte criador, é incontestavelmente uma produção maior, tanto que os grandes ficcionistas o exploraram, não permanecendo apenas no romance, como o extraordinário Dostoievski, além de Guy de Maupassant, Victor Hugo, O. Henry, Júlio Cortazar, Jorge Luis Borges, e outros. Em janeiro deste ano, a Companhia das Letras lançou a coletânea de contos de Lygia, intitulada “Antes do Baile Verde”, reunindo oito produções no gênero, o que constitui inegavelmente uma justa homenagem à notável contista brasileira. No final do volume acima citado, encontra-se um retrato da Lygia, feito a bico de pena pelo nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade, na década de 1970. Os contos de Lygia exibem o padrão dos grandes mestres do gênero: a concisão, a encarnadura psicológica no traçar o perfil dos personagens, fiel à recomendação de nosso talentoso ensaísta Valdemar Cavalcanti: “Se há gênero que exige o maior apuro de artesanato é mesmo o conto”. Na verdade, os contos de Lygia Fagundes Telles não se alimentam apenas de enredo, porque possuem, no dizer do mestre Otto Maria Carpeaux, “uma visão instantânea, por assim dizer atmosférica, que já é, em miniatura, uma visão completa da vida”. Sempre prestigiando os novos autores, lembro-me, com emoção, de que Lygia Fagundes Telles compareceu ao lançamento de meu primeiro livro, “Deste Lado do Horizonte”, contos, na tarde de autógrafos promovida pela Editora do Escritor, que o publicou, na década de 1970, realizada na Livraria Teixeira, na Rua Marconi, 40, centro de São Paulo, estando presentes, ainda, ao evento literário, figuras de destaque das letras, como os críticos literários Henrique L.Alves, Hermann José Reipert e Raimundo de Menezes, autor do “Dicionário Literário Brasileiro”; os ficcionistas Benedicto Luz e Silva, Mariazinha Congílio, Milena Vitri, Hermani Donato, Ricardo Ramos, Péricles Prade, Caio Porfírio Carneiro, Eico Suzuki, entre outros, além de jornalistas das revistas “Veja” e “Cruzeiro” e dos jornais “Diário de São Paulo” e “A Gazeta”. Presente, também, o escritor Mário Garcia Guilhém, espanhol, autor do famoso livro “Duas Horas para Fugir”. Ao receber o famoso Troféu Juca Pato – Prêmio Intelectual do ano 2008, evidentemente pelos seus méritos de grande escritora, Lygia Fagundes Telles sobe mais um degrau em sua festejada carreira literária, iniciada no dealbar de sua juventude e da qual muito ainda esperam as letras nacionais, com novas obras e criações, pelo seu talento criador, pela sua lucidez e maravilhosa prospecção nos recônditos da alma humana, em seu oficio de contista e romancista de alto mérito. Parabéns, Lygia Fagundes Telles!