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Fusão BNDES diz que apoio depende de acordo BNDES diz que apoio depende de acordo 3 JUL 2011 • POR Uol • 10h24

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou nesta sexta-feira que o apoio à fusão entre os varejistas Pão de Açúcar e Carrefour depende de acordo entre todas as partes. O tom é um pouco diferente do adotado ontem, quando o banco afirmou que "confiava" em um entendimento.

"O apoio ao projeto de associação entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour se baseia na premissa do entendimento amigável entre todos os atores privados", afirmou hoje.

Como o Casino, maior acionista do Pão de Açúcar, é um dos atores - e o mais insatisfeito-, a negociação ganha mais um capítulo de incerteza, já que os franceses demonstram a cada dia sua posição contrária à fusão.

Outro episódio se deu em São Paulo, onde, segundo apurou o Valor, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, se encontrou com o empresário Abílio Diniz nesta sexta-feira.

Coutinho também deve se encontrar com o CEO do Casino na segunda. O grupo francês ainda quer uma reunião com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O BNDES estuda a liberação de até 2 bilhões de euros para a operação. Ontem o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) ressaltou que o recurso, se liberado, sairá da BNDESPar, subsidiária do banco, e que não com opera com dinheiro público.

Pimentel chegou a minimizar os ataques e dizer que era mais um negócio e que as relações de Diniz com o governo não tinham qualquer influência sobre o banco.

O bombardeio, no entanto, só aumenta. Começou com o Casino, afirmando que Diniz ignora a ética e age de forma ilegal, e prosseguiu no campo político, com críticas da oposição ao governo.

Na próxima terça-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado vai votar requerimento convidando o presidente do BNDES para explicar a participação do banco no processo de fusão. O pedido foi apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES).

O PPS chegou a pedir investigação sobre os aportes do banco. Após tanto movimento, o governo pediu cautela e sinalizou um recuo no apoio ao negócio.
Ontem, Diniz se manifestou pelo Twitter e, com algum mistério, disse que "em breve contarei toda a história". Hoje, recorreu a anúncios em jornais e afirmou que o grupo francês está agindo de forma "precipitada e emocional" em relação à proposta de fusão.