O PR oficializou ontem (3) o seu desligamento do bloco de apoio ao governo no Senado. O pedido foi lido no plenário da Casa e o partido passará, a partir de agora, a votar de forma independente, seguindo as orientações de seu líder, e não mais do líder do bloco governista, o senador Humberto Costa (PT-PE).
O desligamento do partido do bloco de apoio ao governo no Senado ocorre menos de um mês depois de o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) ter pedido exoneração do cargo de ministro dos Transportes. Nascimento saiu do governo em meio a uma série de denúncias de irregularidades na pasta e em um dos seus principais órgãos, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Segundo o líder do PR, Magno Malta (ES), a decisão representa um “apoio crítico” ao governo a partir de agora. “Resolvemos ser liderados por nós mesmos. Quando você é do bloco, vota tudo o que vem do governo, mesmo fazendo beicinho ou achando ruim. Agora não vai ser mais assim. O que acharmos bom, a gente apoia. O que acharmos ruim, votamos contra.”
De acordo com Magno, o partido continua fazendo parte da base e defendendo o governo da presidenta Dilma Rousseff. Os senadores do PR, assinalou, decidirão por si se quiserem assinar algum pedido para abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI), mas não devem fazê-lo. “Não vamos assinar CPI para apoiar quem passou oito anos no governo antes do presidente Lula e nada fez.”
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reforçou que a saída do partido do bloco não significa que o PR deixou de fazer parte da base aliada do governo Dilma. “Continuo contando com os votos do PR.”
Para ele, é compreensível que os senadores do PR estejam incomodados depois da série de demissões provocadas pelas denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e no Denit, órgãos que eram comandados por pessoas filiadas ao partido. “O PR está numa situação incômoda. Isso é natural. É natural também que os discursos recrudesçam. Temos que trabalhar para acalmar a situação.”
A saída do PR do bloco do qual o PT também faz parte é “simbólica” e não representará grandes mudanças no cenário da base aliada, acrescentou o líder petista no Senado, Humberto Costa (PE). “É claro que gostaríamos que o bloco permanecesse unido, mas entendemos a simbologia do gesto. Esperamos continuar contando com o PR, que já disse que continuará apoiando o governo.”
Por causa da formação do bloco no início da legislatura, o PT havia cedido um lugar na Mesa Diretora do Senado para o PR. No entanto, a vaga não será pedida pelos petistas porque a formação da Mesa Diretora da Casa passou por votação do plenário.
A composição dos blocos também influenciou as indicações de presidente e membros de comissões, mas elas também passaram por votação e o os senadores acordaram que o tamanho das bancadas é que definiria o espaço de cada partido. Com isso, a saída do PR do bloco também não significará mudanças na composição das comissões.