Um grupo de políticos e ativistas sociais brasileiros embarca neste domingo (14) rumo à Líbia, atendendo a convite do ditador Muammar Gaddafi, que tenta aliviar o isolamento imposto pelo Ocidente por causa da guerra.
O convite faz parte de esforços de Gaddafi para tentar envolver o Brasil, membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU, na pressão pelo fim dos ataques da Otan (aliança militar ocidental) em favor dos rebeldes.
Entre os convidados estão os deputados Brizola Neto (PDT-RJ), cujo avô, Leonel Brizola, conheceu Gaddafi, e Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), membro da Comissão de Constituição e Justiça.
Também integram a comitiva o escritor esquerdista Mario Augusto Jakobskind, o advogado Felipe Boni de Castro e a militante feminista Alzimara Bacellar, entre outros.
As despesas da viagem serão custeadas pela Líbia. Segundo a Folha apurou, a ideia inicial dos líbios era receber uma comitiva oficial, mas o Itamaraty não respondeu ao convite. A embaixada optou então por montar a atual lista de convidados.
"Queremos que a delegação brasileira veja com os próprios olhos as atrocidades cometidas pela Otan", disse à Folha o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Zubeidi.
A programação, que deve durar uma semana, inclui visitas aos hospitais de Trípoli onde são tratados os sobreviventes dos ataques da Otan e encontros com autoridades.
Por razões de segurança, Gaddafi vive em abrigos secretos e há poucas chances de que receba os brasileiros. Protógenes Queiroz disse à Folha ter pedido para encontrar representantes da oposição, mas não está claro se será atendido. Após a volta ao Brasil, os integrantes da comitiva pretendem redigir um relatório que será enviado à ONU, a exemplo de delegações de outros países que visitaram a Líbia recentemente.
"Inocentes estão morrendo e boa parte da imprensa mundial distorce os fatos. Meu papel será relatar a verdade e buscar uma solução de paz", disse Brizola Neto.