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Um carrão que é "fora do sério" Um carrão que é "fora do sério" 12 FEV 2010 • POR • 07h54

D e f i n it iva me nte, u m “muscle car” não faz sentido se avaliado sob os parâmetros estritamente racionais de condução. Até porque, se fosse dessa forma, a questão seria pensar qual a real utilidade de um veículo com mais de 5 metros de comprimento, quase 2 metros de largura e praticamente 3 metros de entre-eixos em uma configuração três volumes e apenas duas portas. No caso do Challenger, a resposta para a questão é a paixão. Com tais dimensões generosas e formas retilíneas da carroceria, propositalmente evocativas do modelo original, o atual SRT8 é capaz de combinar um ar retrô com uma aparência moderna e atual. Duas faixas pretas o percorrem do capô à tampa da mala e reforçam o peso da sigla SRT Street & Racing Technology. Com uma traseira elevada e rodas aro 20, o Challenger faz jus à denominação de “muscle car”, e exibe com orgulho a sua origem, com um logo SRT 6.1 Hemi presentes em locais como a grade dianteira, o capô ou a tampa da mala. Ao entrar no Dodge, a primeira constatação é a de que a posição de condução é elevada, como se o motorista tivesse domínio sobre a estrada. Com apelo esportivo pedais de alumínio, volante de couro de quatro raios, quadro de instrumentos legível, alavanca do comando da marcha bem ao alcance da mão e bancos dotados de um apreciável apoio lateral, o habitáculo conta ainda com uma qualidade de construção e materiais razoáveis. Destacam- se também o ar-condicionado, o volante grande, além de certos elementos de origem da Mercedes – como o comando do limpador do parabrisa e do pisca-alerta. A visibilidade traseira, no entanto, é praticamente nula, enquanto os bancos atrás deixam a desejar em termos de largura e espaço para as pernas. O acesso, ao mesmo tempo, também é difícil. Para “acordar” o motor V8 basta pressionar o botão Start/Stop no painel. A unidade de força com nada menos do que 6.1 litros e 425 cv responde com um ronco que soa como música. Em uma primeira impressão, a alavanca de comando da caixa manual de seis velocidades, inclinada para a esquerda, não prejudica o manuseio. Já a suspensão, por triângulos sobrepostos na frente e braços múltiplos atrás, evidencia sua firmeza, algo até “seco” e incomum para um automóvel norte-americano. Graças à presença de um diferencial traseiro autoblocante de série, é fácil praticar um modo de condução mais acrobática e bem mais emocionante, já que todo o potencial do motor nas rodas traseiras. Para frear tanta potência do Challenger SRT8, a Dodge recorreu a um sistema de freios de origem Brembo, que cumpre com excelência sua função. Nas acelerações, o modelo consegue cumprir o zero a 100 km/h em cerca de cinco segundos. Em termos de consumo, os 7,6 km/l são aceitáveis quando se pretende tirar partido do poder do V8. Ao fim de uma semana de testes, o difícil é a separação. Até porque o Challenger nem sequer tem homologação para rodar nas estradas europeias.