Logo Correio do Estado

Cidades Avestruz e boi orgânico são reprovados Avestruz e boi orgânico são reprovados 14 FEV 2010 • POR • 04h53

A pretensão do vice-prefeito de Campo Grande, Edil Albuquerque, de incrementar a merenda escolar dos alunos da rede municipal de ensino com carne bovina orgânica e de avestruz, foi reprovada por campo-grandenses ouvidos ontem pelo Correio do Estado. Muitos consideraram a iniciativa, que exigirá desembolso de R$ 780 mil, um desperdício de verba pública. “Por que não utilizam esse dinheiro para realizar outras melhorias na cidade. Lamentavelmente, é um desperdício o que o prefeito quer fazer”, disse a comerciante Cristina Faria, 41 anos. O prefeito Nelsinho Trad (PMDB), por sua vez, não quis falar sobre o assunto. Segundo ele, a iniciativa é de total responsabilidade do viceprefeito Edil Albuquerque, que é também secretário de Desenvolvimento Econômico, de Ciência e Tecnologia do Agronegócio. “A pasta – secretaria – responsável por isso é de responsabilidade do Edil. Portanto, ele é quem fala sobre isso”. O gerente de fazenda, Renato Ribeiro da Silva, 33 anos, reprovou a ideia dizendo que vai contra o incentivo da carne do boi comum, criado no pasto. “Ao invés de incentivar, eles querem barrar o consumo de nossa carne e favorecer somente alguns produtores que produzem a carne orgânica. Isso não é certo”. Já a auxiliar de serviços gerais, Izabel Cunha, 40 anos, que tem quatro filhos na escola municipal, acredita que a merenda deve ser melhorada, mas não desta forma. “Muitas crianças só têm a merenda da escola como refeição e por isso ela deve ser rica em proteínas. Mas existem outras formas de melhorar, e comprando carnes caras não é a melhor delas”, disse. Para Edivania Bernardes, 44 anos, a prefeitura deveria investir mais no material escolar. “Com a prefeitura comprando essas carnes caras, as crianças perdem a oportunidade de ganhar mais material escolar”, salientou Edivania. A dona de casa, Jandira Valdez, 26 anos, disse que o prefeito Nelsinho Trad deveria investir o dinheiro em outras coisas. “É gastar à toa, sendo que a gente tem aí outras formas de incrementar a merenda, como por exemplo com peixe, frango e verduras. O peixe é daqui e é bem mais barato”. O estudante Bruno Mascarenhas, 8 anos, disse que não pretende provar a merenda se houver mudanças. “Nem sei que carne é essa e por isso será estranho comer o que a gente não conhece. Não quero provar, não”, garantiu. O comercia nte Ca rlos Eleutério, 48 anos, considerou absurdo o gasto de R$ 780 mil com o incremento na merenda. “Existem outras alternativas que são bem mais baratas. É um absurdo e um gasto inviável”.