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Turismo Misture história com praia em Belém Misture história com praia em Belém 18 FEV 2010 • POR • 06h36

Quem desembarca em Belém pela primeira vez sente o mesmo impacto que sentiram os primeiros navegantes europeus. Apesar das fotos e dos incontáveis clichês que difundem as grandezas da Amazônia para turistas do mundo inteiro, a experiência de conhecer a profusão de águas e a densa floresta continua a ser única. Belém foi fundada em 1616, como um marco para a consolidação do poderio português sobre a maior floresta tropical do planeta. Nasceu em torno do Forte do Presépio, edificado para espantar ingleses, holandeses e franceses, que cobiçavam a região. Seu primeiro nome, Feliz Lusitânia, indica um pouco do clima aprazível do lugar, muito embora também tenha sido palco de sangrentos conflitos entre nativos e colonizadores. A localização estratégica de Belém fez dela o portal da Amazônia, de onde partiram todas as expedições portuguesas para a colonização da floresta e por onde passavam todas as especiarias extraídas rumo à Europa. Esses 390 anos de história conferem à cidade a posição de capital cultural da Amazônia, uma espécie de síntese da cultura cabocla do norte do Brasil. Um destino indicado para quem curte natureza, mas não abre mão de cultura, história e tradições. O mercado, o rio, as ruas arborizadas, a floresta próxima e a chuva sempre presente fazem de Belém uma cidade cheirosa. “Nortista gostosa”, “cidade pomar”, como bem definiu Manuel Bandeira, em 1928. Mas a forma mais gostosa de sentir as tradições locais é com o paladar. A culinária local é, literalmente, um prato cheio, com ingredientes excitantes. Dentre os peixes, destaque para o filhote, que tem carne suculenta com sabor marcante. O caranguejo toc-toc também é muito gostoso e a graça está no baita trabalho que dá ficar usando um martelinho para abrir a carcaça do bicho. O tucupi já entrou para o folclore nacional. É um caldo feito com o suco da mandioca-brava, também conhecida como maniva, que precisa ser fervido por quatro dias para perder todas as substâncias tóxicas. A esse suco, que tem gosto azedo, é adicionado o jambu, uma erva que tem a extasiante propriedade de deixar a boca dormente. O paraense gosta de misturar tucupi com qualquer tipo de carne, mas o pato no tucupi é um dos pratos locais mais famosos. No tacacá, também vai o tucupi, só que adicionado de camarão seco e goma de tapioca. Tudo isso é servido junto, fervendo em uma cuia. As folhas da maniva são o ingrediente que dá o toque especial a outro prato exótico: a maniçoba, uma espécie de feijoada sem feijão, já que também leva os “miúdos” de porco.