O auditório do Interlegis abriu espaço na noite da última sexta-feira (30 de julho) a uma das vozes mais críticas do Parlamento na atualidade: o professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (US) Vladimir Safatle vê a atuação dos partidos como impedimento a uma participação dinâmica e genuína do povo na política, e é otimista quanto à emergência de mecanismos de democracia direta.
Oitavo conferencista do Fórum Senado Brasil 2012, o filósofo não apresentou fórmulas, mas acha que no mínimo os atuais partidos deveriam ser substituídos por “frentes”. As novas agremiações teriam de se apresentar como veículos legítimos e pulsantes de um amplo leque de anseios que não podem esperar por acordos entre estruturas partidárias já sem comunicação real e identidade com o eleitor.
Desse rol de organizações ultrapassadas, ele não exclui nem partidos de esquerda, que, a seu ver, de forma fatalista, têm colaborado em muitos países com programas de ajuste danosos à população e benéficos a financistas e governantes.
"A forma partido não tem mais função" sentenciou por duas vezes, valendo-se de um conceito da arquitetura, segundo o qual, num edifício ou equipamento, ao aspecto estrutural e estético deve sempre corresponder a utilidade.
Se os partidos, ou seus eventuais substitutos, precisam ser porosos aos interesses e demandas do povo, as possibilidades de participação política direta devem ser mais bem exploradas, sobretudo agora que a tecnologia da informação propicia conexões ágeis e seguras.