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CPI reduzirá ritmo de trabalhos CPI reduzirá ritmo de trabalhos 6 AGO 2012 • POR band • 13h00

Sem força para atrair mais a atenção do que o julgamento do mensalão ou as campanhas eleitorais, a CPI do Cachoeira volta a se reunir a partir de amanhã sem nenhum esforço para afastar o papel de coadjuvante da política. Em vez de intensificar as investigações nos últimos três meses antes da apresentação do relatório final, os trabalhos - que foram insuficientes para apresentar algum resultado no primeiro semestre - serão ainda mais reduzidos.

A CPI passará a se reunir somente duas vezes por semana, às terças-feiras à tarde e às quartas-feiras pela manhã. O cronograma foi fechado apenas para este mês. A proximidade das eleições municipais pode esfriar de vez a predisposição dos parlamentares de investigar o esquema de jogos ilegais do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Por enquanto, a comissão conseguiu apenas acumular toneladas de papéis na chamada sala-cofre, que, apesar de ter ficado aberta durante o recesso parlamentar para consultas, só recebeu uma visita, segundo o registro feito pela Polícia Legislativa do Senado: a do deputado Anthony Garotinho (PRRJ), que foi entregar 68 kg de documentos que seriam provas de que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, favoreceu a empreiteira Delta. A papelada tem grandes chances de apenas ficar guardada.

Se quiser avançar na investigação, a CPI tem um estoque de mais de 300 requerimentos que ainda não foram analisados. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), colocaram técnicos para organizar a papelada.

O risco é que o relatório final pouco avance além das operações Vegas e Monte Carlos. As investigações ficariam então para o Ministério Público.  

Depoentes manterão a lei do silêncio

Na retomada dos depoimentos, a CPI verá se repetir a estratégia de defesa usada até agora por 13 testemunhas: o direito de permanecer em silêncio. Convocadas para depor amanhã e na quarta-feira, respectivamente, a noiva de Cachoeira, Andressa Mendonça, e a ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, entraram com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal).

Andressa Mendonça mudou de status na investigação depois que foi detida pela Polícia Federal acusada de chantagear o juiz federal Alderico Rocha, que comanda o processo da Operação Monte Carlo.

O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) espera apresentar um empresário goiano que admitiu ter sido alvo de chantagens. “Fica claro que Andressa usava os encontros com Cachoeira na cadeia para receber orientação sobre como manter o esquema de corrupção funcionando”, acusa o senador.

A busca de fatos novos é concentrada em dois depoimentos: do presidente afastado da Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antônio Pagot. Cavendish foi convocado para falar sobre a atuação da empresa no esquema de Cachoeira. Pagot pediu para falar sobre o suposto uso de recursos públicos para caixa dois de campanhas do PT e do PSDB. Os depoimentos ainda não têm datas marcadas.