O presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto, Leonardo Barbosa, o Léo da Feijoada (PSDB), estendeu panos pretos nas sacadas do prédio do órgão municipal, em plena praça Tiradentes, para protestar contra a ausência do público na cerimônia do 21 de abril.
Ocorre que o protesto do tucano, correligionário do governador Antonio Anastasia (PSDB), o anfitrião, durou pouco. Os seis panos pretos foram retirados pelos organizadores da festa oficial e substituídos por bandeiras de Minas.
Inconformado, o vereador mandou retirar as bandeiras de Minas, mas não pode voltar com os panos porque eles desapareceram. "Sumiram até com nossos panos, assim como fizeram com o corpo de Tiradentes'', protestou.
O capitão André Domiciano de Oliveira, diretor de Inteligência do governo mineiro, ainda tentou argumentar com o vereador, uma hora antes do início do evento, mas não o convenceu a mudar de ideia. Léo da Feijoada disse depois que só mudaria com um pedido do governador ou uma ordem da Justiça.
"Alferes foi morto, e vem esses políticos que não têm nada a ver com a realidade da nossa população de Ouro Preto querer mandar e impor regras aqui em nossa praça Tiradentes, que é o centro da liberdade'', acrescentou.
Cerimônia
A tradicional cerimônia do 21 de abril celebra a Inconfidência Mineira e os ideais de liberdade do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Historicamente, sempre foi também palco de reivindicações de servidores públicos, sindicalistas e estudantes.
Com o PSDB no comando do Estado, a partir de 2003, contudo, o acesso à praça foi se restringindo cada vez mais. Atualmente, apenas convidados conseguem acessar a praça. O vereador reclama que até as pessoas que trabalham no comércio têm dificuldades para acessar o local.
Neste ano, cerca de 50 manifestantes do Sindfisco, os auditores fiscais do Estado, foram à cidade protestar contra a política tributária e fiscal do governo. Não puderam chegar à praça. Foram cercados pela polícia e ficaram a um quarteirão da praça.
O orador oficial da festa neste ano é o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa.
O presidente da Câmara disse que o fato de ser do PSDB não o obriga a "concordar com coisas impopulares''.
"Podem até tirar o meu mandato, mas eu preciso é do céu, e o céu eles não vão me tirar'', afirmou.